domingo, 29 de junho de 2014

viciada(o)



"Viciada", The Big Banger Theory - Full Mixtape (2014). Profjam.

A música mais sexy e charrada da mixtape, ou, bem vistas as coisas, talvez mesmo a melhor música. Esqueçam lá os "grandes produtores da electrónica mundial"; este é dos melhores beats que ouvi nos últimos tempos e é produto caseiro.


Adenda: afinal não, não se trata de produto caseiro; voltemos, que remédio, para "os grandes produtores da electrónica mundial".

sábado, 28 de junho de 2014

to whom it may concern (2)

A minha Dissertação de Mestrado, apresentada e defendida, em Janeiro deste ano, na Faculdade de Direito da Universidade do Porto, foi publicada há dias, com o título O Ordenamento do  Espaço Marítimo - Para um corte com uma visão terrestrialmente centrada do ordenamento do território. O antedito corte já começou, felizmente, a ser feito, com a Lei n.º 17/2014, de 10 de Abril. A quem interessar, deixo aqui o link (clicar).

quinta-feira, 26 de junho de 2014

deixa eu dizer o que penso dessa vida, preciso demais desabafar

Bom: como diz o outro, foi um dia cheio de emoções fortes. 

domingo, 22 de junho de 2014

to whom it may concern


"To Whom It May Concern", álbum Horace Silver And The Jazz Messangers (1956).

No próximo dia 26 de Junho, quinta-feira, serei orador no Seminário "A nova Lei de Bases da Política de Ordenamento e de Gestão do Espaço Marítimo Nacional", que terá lugar em Lisboa - todas as informações e mais algumas ali ao lado (clicar). O ordenamento do espaço marítimo tem sido um dos temas em que tenho centrado a minha investigação (até há registo disso neste espaço) e que está, finalmente, a ser tomado a sério pelos agentes políticos.

Isto dito, consegui juntar, num só post, um título útil (o convite para o Seminário estende-se, de facto, to whom it may concern), uma música fabulosa e uma homenagem ao grande Horace Silver, recentemente falecido. My concern.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

preto e branco



"1930", álbum CLUB 120º (2014), Alcool Club.

Embora não consiga reconhecer, ao certo, de onde a capa (que se vê acima) de CLUB 120º (2014), o novo álbum dos Alcool Club, é "samplada" (para usar um termo caro ao hip-hop), vi nela, desde o primeiro momento, uma homenagem ao cinema noir dos anos 30 e 40. E é para isso que, nem de propósito, a primeira faixa do álbum, intitulada de "1930", aponta: Eram os tempos da tela branca e preta / extorsão, corrupção, jogo ilegal / lei seca / ruas vestidas de preto e branco / onde a confiança era o mais importante.

Canção-retrato (imaginado/sonhado/mitificado, como estas coisas se querem), portanto, das relações de força, do submundo, da sedução entre homens e mulheres: Cagney, Bogart, Mitchum, Lupino, Jane Greer, Wayworth. É neste mundo que, por coincidência, os meus olhos têm viajado nos últimos tempos; um mundo plasticamente, mas não só, a preto e branco, ou não fossem valores como a lealdade, a honra, o respeito, enfim, o street cred, tudo coisas que não admitiam cinzentos. Ou se tinha ou não se tinha.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

visões de Atlantis



"Atlantis", álbum CLUB 120º (2014). Alcool Club.


"Deslizo nas minhas ideias
como sobreviventes de tsunamis
agarrado a corações
e a fragrâncias de anis

Eu tenho visões de Atlantis
que eu tanto quis...
mas tenho uma raíz que me prende
a este país

(...)

Problemas são muitos
e aparecem todos juntos
és puxado pelo sol
ao mesmo tempo pelo mundo

Amor...
é um perfume que eu já não uso
é um cheiro passageiro
que te deixa confuso"

Walsh #12 - Crítica "Un condamné à mort s’est échappé" (Noutras Salas)



Há tempos, anunciei o início do Ciclo de Cinema Liberdade, programado pelo Cineclube de Guimarães. O ciclo fecha amanhã, com Un condamné à mort s’est échappé (1956), de Robert Bresson. O meu texto no À Pala de Walsh é uma versão ligeiramente mais extensa daquele que, a convite da Direcção do Cineclube de Guimarães, escrevi para o ciclo, e que, por isso, mais do que uma crítica convencional - que não é -, procura interrogar-perscrutar o cruzamento da(s) ideia(s) de Liberdade neste filme de Bresson. Teria dado para mais (muito mais), mas o tempo, esse, por estes dias só está "para menos". Para ler n' A Pala (clicar).

Deste modo, pergunta-se, será que a filosofia que insufla Un condamné casa bem com a ideia de Liberdade (de auto-determinação e auto-responsabilidade), ou, pelo menos, com uma certa ideia moderna (existencialista, em grande parte) de Liberdade? Quando ao homem não chega a sua auto-determinação, antes carecendo do tal plus transcendental, de que Liberdade falamos ao certo? E a que Liberdade podem (se é que podem) aspirar aqueles a quem a Graça não é concedida, isto é, os “pecadores”?

(Excerto)

domingo, 15 de junho de 2014

"Keep him spinning!"



Na senda daquilo que noticiei aqui há tempos, deixo agora link para esse enciclopédico trabalho organizado pelo À Pala de Walsh: a tradução, para 9 (!) línguas, da crítica do filme predilecto de João Bénard da Costa pelo próprio, Johny Guitar (1954), do grande Nicholas Ray. Para ler e divulgar - ali.


sábado, 14 de junho de 2014

motion



High Sierra (1941), Raoul Walsh.

You know, sometimes, when you're out at night, you look up at the stars and you can almost feel the motion of the earth... Bogart refere-se às estrelas, mas nós sabemos que é do amor, do movimento ("motion") que o amor imprime em nós, que fala.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

João Bénard da Costa

O À Pala de Walsh iniciou esta semana um importantíssimo dossier sobre a vida e obra de João Bénard da Costa, homem do e de cinema em cujas críticas aprendi muito a ver cinema (porque se aprende, de facto, a ver cinema; na verdade, o olhar é uma função vital cujo desenvolvimento exige treino como qualquer outra, com a agravante de, qual pecado original, estar poluído e maculado pela avalanche, por um lado, de imagens que, paradoxalmente, ninguém sabe ler no mundo actual, e, por outro, pela velocidade dos tempos, cujo reflexo mais pernicioso é o da intolerância das pessoas à reflexão e à contemplação: é um triunfante e perigoso tempo anti-intelectual o que vivemos, em que o gosto está mais padronizado do que nunca e todos os que nele não se enquadram ou que, enquadrando, vão mais além, são "pseudo-intelectuais"; é o que acontece no cinema, mas não só).

O primeiro texto é do Carlos Natálio e o mais recente é do Manuel S. Fonseca, cronista e crítico com quem JBC comandou, durante muitos anos, os destinos da Cinemateca. Não deixem de acompanhar este dossier in-progress.


"Belo é o paradoxo pelo qual o maior crítico português de todos os tempos precisa das aspas para entrar nessa função. Bénard considerava-se “crítico”. A explicação dá-a ele melhor do que ninguém. O trecho é grande mas mais esclarecedor não podia ser: Nunca serei eu a rejeitar a famosa definição baudelairiana de crítica, quando lhe exigia parcialidade e paixão. Nunca serei eu a anateminar terrorismos por estas bandas. Nunca serei eu a defender os jogos perigosos da transparência. Mas precisamente porque sei donde se fala – quando se fala com paixão crítica (dois termos que só não são antagónicos quando são um pelo outros envolvidos) – sempre me afastarei de um texto crítico quando esse secundarizar a elucidação do que critica (a sua plena iluminação) ou a formação do gosto de quem eu quero que goste tanto como eu gosto e que, se possível, goste como eu gosto. Talvez por isso aplique sempre “aspas” ao crítico que outros vêem em mim. Certamente por isso, não desculpo aos críticos o abastardamento do gosto, de que começaram por ser vítimas e acabaram por se fautores. E sobretudo por isso não perdoo que se seja crítico sem gosto, a contragosto ou com desgosto. Com nenhum desgosto aprendi nada. E a aprender a gostar é tudo quanto pedi e peço aos críticos de quem gosto.
(...)
No meio de tudo isto perdia-se o essencial da crítica para Bénard, a formação do gosto que no seu caso começou com a revista Vértice, a Telé-Ciné, mais tarde dos Cahiers claro está. Essa formação ganha requintes platónicos: Aprender para gostar. E até lhes devo [aos críticos] – já noutro nível – que me tenha confirmado o que pressentia, muito antes, noutras dimensões: que é preciso que exista o gosto para haver conhecimento e que se começa sempre por gostar do que não se percebe até se perceber que se gostava porque já se percebia".