sábado, 31 de dezembro de 2022



Subtle mistakes felt like life or death
I wanna see the family stronger
I wanna see the money longer 

notes to self



Como as imagens nos podem extasiar; e a descoberta de como elas podem também magoar... (o comboio, o camping movie de família...)
Ou como, por razões muito distintas - num caso, a verdade, noutro, a mentira (?) -, aqueles que se vêem na imagem se sentem traídos pelo modo como são representados (o bully loser; o bully desportista filmado como um herói eisensteiniano...).

Thank you, Mr. Spielberg.

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all the beauty and the bloodshed ***
johnny coração vidro **
diário romance passageiro **
uma bela manhã ***
ossos e tudo **
crimes do futuro ***
um pedaço de céu **
os irmãos de leila ****
Avatar 2 ***
ruído branco **
The Fabelmans *****
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design for living ****
uma canta a outra nao (varda) ***
les yeux sans visage ****
jane b para agnes v **
hellraiser *
nanook ****
eastern promisses **
vertigo *****
born in flames (l. borden) **
brazil **
micki & maud (b. edwards) ***
a mulher do lado (truffaut) ***
aos nossos amores ****
xx/xy (a. chick) ***
andré valente (c. ruivo) ***
uma pedra no bolso (j. pinto) ***
gazon maudit (j. balasko) ***
the day the earth stood still **

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022


CASTING para o meu novo projecto. Muito agradeço a partilha.

Casting de mulheres e homens para curta-metragem a ser produzida no contexto de Mestrado em Cinema da Universidade Católica do Porto. Trabalho remunerado. Aceitam-se candidaturas de actores e não-actores. No caso de actrizes, valoriza-se interesse ou experiência de surf, ou outros desportos semelhantes (embora não seja critério de escolha). Enviar fotografias de rosto e corpo inteiro, CV breve (cinema e/ou teatro), showreel de cinema, vídeo e/ou teatro (se possuir) e indicação de dia para casting para o seguinte contacto: assombrasdoparque@gmail.com
Datas: 13 e 14 de Janeiro de 2023
Horários: 10h-13h, 14h-18h
Local: Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa, Porto

terça-feira, 27 de dezembro de 2022



(LP 808's & Heartbreak, 2008)

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

taboo



LP Angels & Queens Part I, dos Gabriels; grande peça soul deste ano que me tinha passado ao lado (talvez o único disco de soul, de resto, juntamente com o Watch The Sun do PJ Morton, digno desse nome em 2022).

2022 - LULLABIES



(não é um "top" de nada; apenas os discos do meu ano)



Mais do que Kendrick Lamar, era de Stromae o regresso pelo qual a expectativa era maior. Multitude é, a grande distância, o disco de 2022, um trabalho sumptuoso, delicado mas exuberante, onde canções menos boas são algo que simplesmente não existe. Para quem tiver dúvidas, nada como ouvir o a capella de “Mon Amour” que o belga fez para o Tiny Disc Concert da NPR. Quem um dia apadrinhou Stromae na sua estreia em palcos americanos foi Kanye West, para quem 2022 foi, decididamente, o ano do colapso. À luz das inenarráveis manifestações racistas e anti-semitas que assumiu nos últimos meses (inclusivamente enaltecendo Hitler), o seu apoio a Trump nas eleições de 2016 parece agora uma brincadeira inofensiva. É isso que explica, como parcialmente já acontecera em 2021 com Donda, a completa ausência de Donda 2 das listas de discos de numerosas publicações. O que, não sendo uma surpresa, denota o oportunismo de tutti quanti que, durante anos a fio, idolatraram à boca cheia o americano enquanto este exibia o seu boçal temperamento. Trocando por miúdos: West sempre foi um grande imbecil que sempre fez grande música; Donda 2 não é excepção.

Ainda no hip-hop americano, mas a anos-luz do estardalhaço do músico de Chicago, Roc Marciano (The Elephant Man's Bones e a sua estupenda capa), Ka (Woeful Studies e Languish Arts) e a dupla Elzhi e Georgia Anne Muldrow (Zhigeist) voltaram a mostrar por que razão o underground é o mais vibrante dos lugares. No seguimento do trajecto descendente dos últimos anos, o hip-hop português, esse, foi, com excepção de Regula e pouco mais (Rei do Rap, de Pibx, e Causa Torpe, de AZIA, em mais uma demonstração de como a cidade do Porto permanece território fértil para as experiências mais desalinhadas e inventivas), um cenário de desolação.

Não se pode qualificar exactamente de surpresa (Cult Survivor, em 2020, já tinha deixado boas pistas), mas foi a partir da suspeita Viena, Áustria, não propriamente conhecida como um viveiro da música popular mundial, que Harlequin confirmou Sofie Royer (filha de mãe austríaca e pai iraniano), uma violinista de formação clássica e cinefilia apurada, como uma singular cantora e compositora que gosta de alternar a palavra entre o inglês e o alemão. Harlequin, trabalho evocador da alguma da melhor synth-rock-pop dos anos 70/80, é um deleite de inocência e melancolia, de joie de vivre e doomness. É sensivelmente da mesma carne que se faz PAINLESS, do qual a inglesa Nilüfer Yanya (mãe inglesa e pai… turco) sacou “Shameless”, uma das mais belas canções dos últimos trezentos e sessenta e cinco dias.

Como belas, algumas mesmo inesquecíveis, são as canções que pontuam outros discos igualmente merecedores de destaque: “Hentai” (Motomami, o tema em que Rosalía e Mac Miller se deveriam ter encontrado), “New Mode” (Entergalactic, Kid Cudi), “Static” (Gemini Rights, Steve Lacy) e “Do Better” (Herbert, regresso de Ab-Soul depois de ter estado com um pé do outro lado). Mas também “90 Proof” (Luv 4 Rent, Smino), “2012” (Few Good Things, Saba), “Frequency” (Fear of Time, o aguardado reencontro de Talib Kweli e Mos Def), “Quiet Culture” (Capacity To Love, tour de force de versatilidade do trompetista franco-libanês Ibrahim Maalouf) ou “Forever” (do disco homónimo póstumo de Phife Dawg).

2022 - FLICKS



Os melhores filmes de 2022 | À pala de Walsh (apaladewalsh.com)


Os anos passam, o critério não: relembro que, aqui, só são elegíveis filmes estreados em sala. “Um mau filme em sala é sempre melhor do que um bom filme no portátil”? Se os Cahiers ainda não o escreveram, é porque os Cahiers já não são os mesmos. PUM! PIM!

Recordo 2016 como um annus horribilis para a música (Bowie, Phife Dawg, Prince, Cohen, Sharon Jones, George Michael, Pierre Boulez…). 2022 foi, embora numa menor escala, a vez do cinema. Morreram os donos disto tudo: Jean-Luc Godard, Monica Vitti. E logo a seguir Peter Bogdanovich, Sidney Pottier. Foi o last picture show para muitos de nós. E não apenas os velhos, também uma actriz que muito prometia: Charlbi Dean, deslumbrante no primeiro acto (o único que se aproveita) dessa oportunista feira de horrores chamada “Triângulo da Tristeza”. Deste prisma, 2022 é um ano irremediavelmente triste. Deste e de outros; o da Ucrânia, por exemplo, barbaramente atacada por um regime de gangsters. Estreado em 2018, Donbass só me chegou este ano por via da sua reposição momentânea em sala. Realizado por Loznitsa três anos antes da invasão, possui esse estranho efeito temporal de antecipar algo que, em rigor, já parcialmente existia (a ocupação da Crimeia acontecera em 2014) mas que só se concretizaria totalmente num momento posterior, isto é, no momento (2022) em que tive a oportunidade de o ver. Eis-nos, em Donbass, num limbo confuso, entre um ainda-passado e um já-futuro que nunca é resolvido, tal como a própria soberania do território filmado (ucraniano, russo, “república autónoma”). E talvez que a melhor cena do ano venha mesmo do cineasta ucraniano, provavelmente imperceptível para muitos espectadores (até pela sua curtíssima duração): no momento em que a turba humana rodeia um ucraniano na rua, humilhando-o e agredindo-o, Loznitsa, explorando a profundidade de campo, capta um homem, sozinho e silencioso, a vir, de longe, no sentido oposto ao da multidão. Até que com ela se cruza, furando-a compenetradamente; passando-se para “o outro lado”. É a única pessoa que o faz em toda essa cena. Como a personagem que caminha no sentido contrário ao do exército n’ O Império dos Sentidos de Oshima, eis o rebelde desconhecido que se recusa a compactuar com a bestialidade, que rema contra a maré, fazendo o seu próprio (e arriscado) caminho de dissidência. Para ver e rever.
Sobre O Bom Patrão: Ah, a Comédia…! Uma lição de fazer muito com pouco, de como o slapstick e o cartoon podem ser mais inteligentes do que todas as piadas inteligentes juntas. Como me dizia uma pessoa querida por ocasião da estreia do filme, “É isto que faz falta, aquela coisa do Bucha e Estica, pontapés no rabo e portas a bater na cara das personagens!”.
Já fora do ecrã, dois grandes acontecimentos: a primeiríssima edição de Introdução a Uma Verdadeira História do Cinema (Sr. Teste), de Godard, e o aparecimento no underground virtual de um dos dois filmes realizados por Monica Vitti, Scandalo Segreto (1990) - legendas, quem dá? É o meu segundo desejo cinéfilo para 2023… O primeiro, o de que todos os cineastas e actores iranianos voltem a poder fazer o que amam. Jin, jiyan, azadi!
“(...) o plano [para o curso de cinema a leccionar] era fazer uma espécie de pesquisa; da minha parte, considerava alguns temas, como o que houve de principal no cinema, que se chama (...) montagem. Esse aspecto precisa de ficar oculto, pois é algo muito importante: consiste em relacionar as coisas entre si e fazer com que as pessoas as vejam… uma situação evidente… quero dizer… um homem adulterado, enquanto não tiver visto a sua mulher com outro homem, isto é, enquanto não tiver duas fotos, a do outro e a da sua mulher, nada viu. É sempre preciso ver duas vezes…”.
Jean-Luc Godard (1930-∞), Introdução a uma Verdadeira História do Cinema


aniki bebé
aniki bobó
passarinho, totó berimbau, cavaquinho
salomão, sacristão
tu és polícia tu és ladrão



("À Nous Amours", M. Pialat, 1983)



("Nanook of the North", R. Flaherty, 1922)









(Coimbra, Novembro 2022; fotogs.: Sofia Martins)

mac miller


(LP Herbert, Ab-Soul, 2022)

"Faces" playin' and it's fuckin' with me
“Doin' drugs was just a war with boredom, but it's sure to get me”
Lord forgive me



("L'une chante, l'autre pas", A. Varda, 1977)

homerton


(LP "hugo", 2022)


I start to think about the legacy you left
The young man who hasn't had his first breath
For a mother who can handle my stress
Even more, nothing less, put your hands on my chest
And feel the beating of my heart, as the dark settles
Pirouette through the past to the last petals
The world loves me and loves me not
Your heart the only other thing I got
I start to think about the legacy I leave
To the mother and the seed, to the people who believe
Late at night, as I let the pen bleed
To be the father with the magic up his sleeve
From the roots, to the apple, to the tree
Just another me, tryna fall further out of reach
Another man bringing sand to the beach
But take the lessons 'cause the sands she can teach
Nights like this, nights like this
I know that they will treat you well
Hide your smile but I can always tell
In pain, there'll be glory





("Design for Living", E. Lubitsch, 1933)



(LP "Stay Close To Music", Mykki Blanco, 2022)


("Barry Lyndon", S. Kubrick, 1975)


("Gentlemen Prefer Blondes", H. Hawks, 1953)


("Some Like It Hot", B. Wilder, 1959)

 



("Romance", Catherine Breillat, 1999)


("Une vraie jeune fille", Catherine Breillat, 1976)


Público, edição impressa, 14-09-2022


("JLG/JLG - autoportrait de décembre", 1994)


(at Tainiothiki/Greek Film Archive with Katerina Georgiu, July 2022)

Woods


(LP "Circles", 2020)


Yeah, things like this ain't built to last
I might just fade like those before me
When will you forget my past?
Got questions, ask, you know the stories
And you need to let me know
When you're leaving, where you go
Can I come?
Do you believe me, are you close?
Yeah, even if you don't
That'll get you sprung
Do I, do I, do I love?
Can I, can I, can I get enough?
Yeah, don't run away, love
Hate love, heartbreak will have you bankrupt
Too many days in a daze, better wake up
I put your face in a place where the space was
Nobody makes you feel like you but (Do I?)
And you don't know what you should do
You just lookin' for someone to make you move, oh, tell me (Do I?)
I make this planet feel like home
It's us versus time, the door is closing
So far beyond all our control
You saved a soul so close to broken
It's so much better when you wait
Forever and a day, that's all I got
Put it together then it break
All the energy it take, it never stop
Do I, do I, do I love?
Can I, can I, can I get enough?
Yeah, I never slip, I never fall
I tried to tell you 'bout a better life
And get involved big or small
It's been my fault, I keep it safe, it's in the vault
Blindfolded, keep it going 'til we hit a wall, yeah
I'm never going through the motions
I'm just tryna lay your body down slowly
We can only go up
We can only go up

(LP hugo, 2022)


I'm black like the key on the piano
White like the keys on the piano, low ammo
Black like the key on the piano
White like the key on the piano
Small man cast a big shadow
Ready and raggo, heart stay dodging from the arrow
Skin of my teeth, late nights I was paro
Sweet to the bone, to the marrow, the marshmallow
Wonder why the waters so shallow
The sun was my ally, thе night was my gallows
Cooking up the chips in the tallow
Invisibility cloak like thе hallows
Black like tobacco, black like the lungs that my dad
Smoked away in the days that the hate stayed narrow


("The Girl on a Motorcycle", 1968, J. Cardiff)



("Carnal Knowledge", M. Nichols, 1971)