uma vez mais, pensei eu enquanto davas novamente à costa.
Onde estiveste? Naufragaste? Antes tivesses naufragado e voltasses agora para empreender uma nova navegação. O mal é esse. É não saber em que águas andaste, que sal engoliste, que sustos te fizeram pensar. É não saber se houve tempestade e depois bonança ou apenas meia dúzia de ondas indiferentemente turbulentas que não viraram a navegação mas tão-só a balancearam.
Que naufragaste; que regelaste de tão fria era a água que te martirizava a carne; que morrias com o oceano nas goelas. Era isso que queria ouvir: a bonança depois da tempestade. O novo dia depois da tormenta. As ondas vagarosas e douradas pelo sol e o barco partido, desfeito. Abandonado, de vez.
Em terra, de vez. Ó tu!
Da minha janela vejo o Bósforo todos os dias: divisões e correntes, agitações e marés. Tal como no homem, tal como no mundo.
sexta-feira, 27 de março de 2009
quarta-feira, 25 de março de 2009
A morte
de um homem começa com a morte de seu pai.
A frase é do Orhan Pamuk no livro Outras Cores. Penso tantas vezes nisto... demasiadas, talvez.
A frase é do Orhan Pamuk no livro Outras Cores. Penso tantas vezes nisto... demasiadas, talvez.
Nesta noite a 1ª Linha terá o prazer de apresentar um concerto das 1as bandas de reggae do norte do país “SATIVA” (roots reggae, Dub, Ska, ragga) onde serão transmitidas boas vibrações, harmonia, paz e amor universal.
Porra... e eu que pensava que transmitir apenas uma destas coisas já era difícil por si só!
Porra... e eu que pensava que transmitir apenas uma destas coisas já era difícil por si só!
segunda-feira, 23 de março de 2009
Ontem, no P2
Por que será que, quando falamos com Deus, dizem que estamos a rezar e, quando Deus fala connosco, dizem que somos esquizofrénicos?
Eu não diria esquizofrénicos. Antes loucos.
aditamento: Não quero com isto dizer que quando alguém diz que Deus fala consigo, é porque é louco. Não é nada disso. Apenas substitui adjectivos, pois assim me parece mais de acordo com aquilo que as pessoas pensam e dizem. O interessante da questão não é a qualificação do indivíduo como esquizofrénico (ou louco) por dizer que Deus fala consigo, mas sim a dualidade de critério.
Eu não diria esquizofrénicos. Antes loucos.
aditamento: Não quero com isto dizer que quando alguém diz que Deus fala consigo, é porque é louco. Não é nada disso. Apenas substitui adjectivos, pois assim me parece mais de acordo com aquilo que as pessoas pensam e dizem. O interessante da questão não é a qualificação do indivíduo como esquizofrénico (ou louco) por dizer que Deus fala consigo, mas sim a dualidade de critério.
Popper diz que para uma sociedade democrática em constante e incessante aperfeiçoamento é fundamental uma "discussão critíca e racional" (são palavras dele) permanente. Pois é desta discussão, do debate, do conflito de ideias que se aprofunda a democracia e suas instituições. Aqui até é engraçada a visível reminiscência da dialéctica hegeliana como motor filosófico do desenvolvimento (latíssimo sensu).
Mas voltemos a Popper. Acrescenta ele então que, tendo nós em conta a importância desta discussão como caminho para uma "sociedade mais sensata" (novamente palavras do próprio), percebemos então como a Utopia (como fim, suponho eu), enquanto estádio alcançado e, a partir daí, estático, não promove esta discussão, este conflito de ideias. Não avança, não desenvolve. Não se supera.
Eu concordo com isto.
Mas se não alumiarmos o caminho com Utopias, não caíremos também em situacionismos estáticos onde a discussão - sempre ela - fica também amorfa, desprezada, esquecida?Não são afinal as Utopias grandes fomentadoras da discussão e do confronto (que se querem racionais e críticos)?
A esta questão acho que se responde com o argumento utilizado por um meu amigo com quem partilhei estas dúvidas: utopia (qualquer que ela seja no sentido do progresso do Homem) sim, sempre. Mas como caminho e isntrumentos de discussão e nunca como fim. Porque enquanto fim é estática e eliminadora da supracitada discussão. E, por isso, do progresso do Homem.
Eu também concordo com isto.
Mas voltemos a Popper. Acrescenta ele então que, tendo nós em conta a importância desta discussão como caminho para uma "sociedade mais sensata" (novamente palavras do próprio), percebemos então como a Utopia (como fim, suponho eu), enquanto estádio alcançado e, a partir daí, estático, não promove esta discussão, este conflito de ideias. Não avança, não desenvolve. Não se supera.
Eu concordo com isto.
Mas se não alumiarmos o caminho com Utopias, não caíremos também em situacionismos estáticos onde a discussão - sempre ela - fica também amorfa, desprezada, esquecida?Não são afinal as Utopias grandes fomentadoras da discussão e do confronto (que se querem racionais e críticos)?
A esta questão acho que se responde com o argumento utilizado por um meu amigo com quem partilhei estas dúvidas: utopia (qualquer que ela seja no sentido do progresso do Homem) sim, sempre. Mas como caminho e isntrumentos de discussão e nunca como fim. Porque enquanto fim é estática e eliminadora da supracitada discussão. E, por isso, do progresso do Homem.
Eu também concordo com isto.
sábado, 21 de março de 2009
sexta-feira, 20 de março de 2009
Há uma escola básica dos 2.º e 3.º ciclos na freguesia de Aldoar que é comummente conhecida como "a escola de Aldoar". Poucos saberão que o seu verdadeiro nome é "Escola Manoel de Oliveira". Em homenagem ao cineasta, pois.
Constatava este pormaior com minha mãe quando me apercebi do grandioso, senão insuperável, tributo que é dar o nome de alguém a uma escola. É que a escola, quando livre e aberta, é um dos locais mais belos e fraternos no crescimento de qualquer homem ou mulher.
Que valor tem dar o nome de uma personalidade pública a uma rua? Ao contrário da escola, esta até vai ser sempre conhecida pelo nome. Mas não será mais do que esse mero conhecimento: afinal de contas, a rua será tão-só uma calçada ladeada por prédios, pisada e repisada, umas vezes mais limpa, outras vezes mais suja.
Agora uma Escola? Que edíficio tão belo e inspirador poderá haver como este? Talvez o Hospital. Será o único, creio, porque também aqui encontramos o humanismo, a ciência e o progresso de mãos dadas como leitmotiv para a sua edificação.
Se um dia algum tolo se lembrasse de me prestar uma homenagem póstuma, eu comover-me-ia se soubesse da existência de uma Escola com o meu nome. Um local onde homens e mulheres se formariam para construir coisas boas no futuro. Como melhores escolas, por exemplo.
Constatava este pormaior com minha mãe quando me apercebi do grandioso, senão insuperável, tributo que é dar o nome de alguém a uma escola. É que a escola, quando livre e aberta, é um dos locais mais belos e fraternos no crescimento de qualquer homem ou mulher.
Que valor tem dar o nome de uma personalidade pública a uma rua? Ao contrário da escola, esta até vai ser sempre conhecida pelo nome. Mas não será mais do que esse mero conhecimento: afinal de contas, a rua será tão-só uma calçada ladeada por prédios, pisada e repisada, umas vezes mais limpa, outras vezes mais suja.
Agora uma Escola? Que edíficio tão belo e inspirador poderá haver como este? Talvez o Hospital. Será o único, creio, porque também aqui encontramos o humanismo, a ciência e o progresso de mãos dadas como leitmotiv para a sua edificação.
Se um dia algum tolo se lembrasse de me prestar uma homenagem póstuma, eu comover-me-ia se soubesse da existência de uma Escola com o meu nome. Um local onde homens e mulheres se formariam para construir coisas boas no futuro. Como melhores escolas, por exemplo.
quarta-feira, 18 de março de 2009
um dia de calor
Te querer
Viver mais pra ser exacto
Te seguir
E poder chegar
Onde tudo é só meu
Te encontrar
Dar a cara pro teu beijo
Correr atrás de ti
Feito cigano, cigano, cigano
Me jogar sem medir
Viajar
Entre pernas e delícias
Conhecer pra notícias dar
Devassar sua vida
Resistir
Ao que pode o pensamento
Saber chegar no seu melhor
Momento, momento, momento
Pra ficar e ficar
Juntos, dentro, horas
Tudo ali às claras
Deixar crescer
Até romper
A manhã
Como o mar está sereno
Olha lá
As gaivotas já
Vão deixar suas ilhas
Veja o sol
É demais essa cidade!
A gente vai ter
Um dia de calor...
Cigano, Djavan
terça-feira, 17 de março de 2009
Estou numa conversa a três. Na verdade, a conversa é a dois, porque eu calo-me e escuto.
Falam dois entendidos na matéria. A pressão para se mostrar que se é entendido é grande. Atropelam as palavras num discurso surdo em que quem compete pelo primeiro lugar é a altivez. Naturalmente não se ouvem. Um fala, o outro olha para o lado. Ou então para mim. Corta-lhe o discurso, e fala por cima do outro. O outro, por sua vez, olha para o lado. Ou então para mim. Confundido em saber quem é o outro? É propositado. Nem os intervenientes sabem já quem é o outro. Só existe o seu ego e pouco mais (eu, porventura). Sinto-me tentado, num desespero interior imenso, a interrompê-los e perguntar: ainda estão a falar? Ou, para tentar ser mais claro: sabem que isto se iniciou numa conversa mas que entretanto nenhum de vocês conversou? Provavelmente olhar-me-iam como um tolo. Permaneço calado, pois.
É assustador. É uma incomunicação aterradora. Perto do autismo. Sinto-me constrangido e sem saber o que fazer. Involuntariamente, o meu olhar torna-se no centro das atenções. É agora o verdadeiro ponto de interesse para aquele que não quer ouvir o outro que fala. Como que uma legítima distracção para não ter que escutar o outro até ao momento em que possa novamente interrompê-lo sem pedir licença. Chega a parecer um jogo a ver quem interrompe e fala mais e quem escuta e apreende menos.
Naturalmente não dou qualquer opinião. Embora tenha a presunção, confesso, de que, no caso, seria ouvido.
Pensei em gravar o momento para que alguém pudesse ter alguma noção do sucedido. E dizer-me que também já presenciou momentos como este, caso contrário receio ser uma paranóia assustadora da minha cabeça.
Sinto-me incomodado e saio. Considero-os tolos. Peço para não voltar a estar numa situação destas muitas mais vezes nos próximos tempos. Perturba-me tanto...
Falam dois entendidos na matéria. A pressão para se mostrar que se é entendido é grande. Atropelam as palavras num discurso surdo em que quem compete pelo primeiro lugar é a altivez. Naturalmente não se ouvem. Um fala, o outro olha para o lado. Ou então para mim. Corta-lhe o discurso, e fala por cima do outro. O outro, por sua vez, olha para o lado. Ou então para mim. Confundido em saber quem é o outro? É propositado. Nem os intervenientes sabem já quem é o outro. Só existe o seu ego e pouco mais (eu, porventura). Sinto-me tentado, num desespero interior imenso, a interrompê-los e perguntar: ainda estão a falar? Ou, para tentar ser mais claro: sabem que isto se iniciou numa conversa mas que entretanto nenhum de vocês conversou? Provavelmente olhar-me-iam como um tolo. Permaneço calado, pois.
É assustador. É uma incomunicação aterradora. Perto do autismo. Sinto-me constrangido e sem saber o que fazer. Involuntariamente, o meu olhar torna-se no centro das atenções. É agora o verdadeiro ponto de interesse para aquele que não quer ouvir o outro que fala. Como que uma legítima distracção para não ter que escutar o outro até ao momento em que possa novamente interrompê-lo sem pedir licença. Chega a parecer um jogo a ver quem interrompe e fala mais e quem escuta e apreende menos.
Naturalmente não dou qualquer opinião. Embora tenha a presunção, confesso, de que, no caso, seria ouvido.
Pensei em gravar o momento para que alguém pudesse ter alguma noção do sucedido. E dizer-me que também já presenciou momentos como este, caso contrário receio ser uma paranóia assustadora da minha cabeça.
Sinto-me incomodado e saio. Considero-os tolos. Peço para não voltar a estar numa situação destas muitas mais vezes nos próximos tempos. Perturba-me tanto...
que raio de amor é esse.
Contido, calculista. Atento e matemático nos minutos.
Estupidamente recíproco na suposta indiferença, nos carinhos devidos, nos estados de graça e noutros não tão bons.
então e a liberdade?
Que se lixe o equilíbrio e a reciprocidade. Isso não faz bem a ninguém.
E já estou chateado comigo mesmo por ter demorado tanto tempo a escrever e reescrever este textinho de merda. Tudo por causa do equilíbrio.
A verdade é que também não gosto da vaga loucura. Parece-me infantil.
então e a liberdade?
Contido, calculista. Atento e matemático nos minutos.
Estupidamente recíproco na suposta indiferença, nos carinhos devidos, nos estados de graça e noutros não tão bons.
então e a liberdade?
Que se lixe o equilíbrio e a reciprocidade. Isso não faz bem a ninguém.
E já estou chateado comigo mesmo por ter demorado tanto tempo a escrever e reescrever este textinho de merda. Tudo por causa do equilíbrio.
A verdade é que também não gosto da vaga loucura. Parece-me infantil.
então e a liberdade?
segunda-feira, 16 de março de 2009
domingo, 15 de março de 2009
domingo, 8 de março de 2009
aditamento
O meu pai está na cozinha a fazer o almoço e a minha mãe no escritório a estudar.
Viva! :)
Viva! :)
Vasculhei a minha memória em busca de um livro, de uma música ou de um poema para celebrar o dia internacional da Mulher. Como não encontrei nenhum que me satisfizesse plenamente, resta-me dizer que este dia é, para mim, mais do que o Dia da Mulher, um dia da Humanidade.
Talvez porque fui criado e educado por uma mulher guerreira e inteligente, a Luta da Mulher me desperte particular sensibilidade.
Que todos os dias do ano sejam dias da mulher e, portanto, dias da Humanidade. Este é o meu desejo.
E que belo dia de sol está... Viva!
Talvez porque fui criado e educado por uma mulher guerreira e inteligente, a Luta da Mulher me desperte particular sensibilidade.
Que todos os dias do ano sejam dias da mulher e, portanto, dias da Humanidade. Este é o meu desejo.
E que belo dia de sol está... Viva!
sábado, 7 de março de 2009
falta a letra
... que, não sei porquê, não consigo encontrar. A música é linda.
The first time, the last time
The first rhyme, the last rhyme
The first love...
First Love - Stereo MCs
The first time, the last time
The first rhyme, the last rhyme
The first love...
First Love - Stereo MCs
sexta-feira, 6 de março de 2009
comunicações via Noruega
O meu amigo Nuno, arquitecto paisagista (e ele faz questão de sublinhar o paisagista, pois a maioria das pessoas pensará, como eu pensava, que a paisagista era o patinho feio da Arquitectura), foi já há uns tempos para a Noruega trabalhar. E agora partilha um pouco do seu trabalho connosco no numunicações. As fotografias são belíssimas. E já aprendi algumas lições de democracia participada... Vale a pena dar lá um salto!
O Nuno, que provavelmente nem vai sequer saber destes elogios que lhe faço, é um gajo super dinâmico, inteligente e disponível. Do que guardo das minhas passagens por terras nórdicas, resta-me pois dizer que na Noruega, o Nuno está como um peixe na água.
O Nuno, que provavelmente nem vai sequer saber destes elogios que lhe faço, é um gajo super dinâmico, inteligente e disponível. Do que guardo das minhas passagens por terras nórdicas, resta-me pois dizer que na Noruega, o Nuno está como um peixe na água.