terça-feira, 27 de setembro de 2022

Clair



(LP Back To Front, Gilbert O'Sullivan, 1972)



The moment I met you, I swear
I felt as if something, somewhere
Had happened to me
Which I couldn't see
And then, the moment I met you, again
I knew in my heart
That we were friends
It had to be so
It couldn't be no
But try as hard as I might do
I don't know why
You get to me in a way
I can't describe
Words mean so little
When you look up and smile
I don't care what people say
To me you're more than a child
Oh, Clair
Clair


(LP Close Enough, Sara Dash, 1981)



(Os Vivos Também Choram, Basil da Cunha, 2012)


(Nuvem, Basil da Cunha, 2011)

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

sexta-feira, 23 de setembro de 2022


(LP Whitney Houston, 1985)


while in Greece... in honour of Goddess Nike

ευχαριστώ!

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

recevoir



Anos mais tarde após ter visto Persona pela primeira vez, um outro círculo, não tanto afectivo mas “gramatical”, fechar-se-ia também para mim: foi quando vi Scénario du film ‘Passion’ (1982), no qual Godard, de alguma forma, ligou os pontos na minha cabeça entre a memória do sábado no Nun’Álvares, o impacto do plano de Persona e… tudo o resto. Perante a famosa página em branco de Mallarmé [e como não ver em Godard o miúdo de Persona, ambos de costas, ambos figuras na (da) sombra usando das mãos perante o mistério da luz], perante a “praia incandescente” (o telão branco que tem diante de si), Godard começa por dizer que fazer o filme é um trabalho de escritor: escrever, com as mãos. Acabará por refutar a sua própria ideia inicial (e, por outras vias, a de Bresson): não, o cineasta não escreve, não se trata de escrever, mas de recevoir. “Rece-ver” (voir, de “ver”, e recevoir, de “receber”, no francês). Ao enunciá-lo, desenha uma importante nuance com as mãos: “Mais tu ne veux pas écrire“, diz enquanto replica o gesto de escrever com a mão direita; “Tu veux voir, tu veux recevoir“, esticando agora as mãos e virando-as de ambos o lados. Recevoir – com os olhos, sim, mas também com as mãos. É com elas que, nesta praia sem mar, criamos as ondas. Movimento.

Sempre tendemos a ver no cinema o reflexo da vida, ou o contrário: em nós, o reflexo das imagens e das histórias que elas contam. O movimento vaivém de recevoir: ver e receber; projectamos o nosso olhar sobre e, simultaneamente, somos o objecto, o receptáculo da luz projectada. Estamos sempre sobre e sob (como o gesto de Godard alternando as costas e palmas das mãos) a luz, as imagens.

Mimetizamos gestos e atitudes que vemos nos filmes, mas talvez eles estejam nos filmes porque alguém os viu primeiro nos homens. Será assim? Não creio. É bem possível que o cinema tenha uma natureza verdadeiramente demiúrgica: cria dramaturgias que, uma vez exercido o respectivo efeito magnético no espectador, se infiltram e diluem nos comportamentos do quotidiano. Ele é o grande e universal metteur en scène, aquele que mete-a-vida-em-cena – antes de a vida ser… vida. Fazendo-o, porém, ele, cinema, não é a vida, sequer o seu reflexo; é já outra coisa, uma realidade distinta, autónoma, não necessariamente (ou de todo) paralela.

terça-feira, 20 de setembro de 2022


Exibição hoje, às 15h, no Imagens no Tejo - Mostra de Cinema Português


IMDB: Não Consegues Criar O Mundo Duas Vezes (2017) - IMDb

FILMIN: Não Consegues Criar O Mundo Duas Vezes - Filmin

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

RECONSTRUÇÃO no Imagens no Tejo - Mostra de Cinema Português



RECONSTRUÇÃO é exibido amanhã no Imagens no Tejo - Mostra de Cinema Português, inserido na secção "Questionar o Cinema".

Num filme em que trabalho, entre outras, com imagens do neo-realismo italiano, fico particularmente contente pelo facto de o filme passar no Auditório do Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira.

Até já


cartaz
Ana Schefer e Teo Furtado

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

For Ever JLG





Le cinéma substitue à notre regard un monde qui s’accorde à nos désirs"...

em vários dias das últimas semanas me acorreu ao pensamento. pela Odisseia, claro, pelo Desprezo… terá Ulisses afinal abandonado ou não Ítaca por saber que a mulher não mais o amava? que lhe havia sido infiel? toda uma outra leitura possível de Homero… aqui e ali fui vendo pedaços do filme... uma jeune fille deitada no porto de Milos como bardot, bardot no terraço de capri como a Vénus de… Milos; o senhor que, frustado como eu com a espera pelo barco que não chega, vejo a aproximar-se da água, por largos momentos contemplando, impassível, o azul diante de si: ilhas prometidas, ilhas sonhadas…? ou será antes o regresso a casa que vê em diante, como o primeiro olhar de Ulisses ao avistar novamente Ítaca que lang diz querer filmar para depois captar o personagem de… costas?

no dia do meu regresso a casa, com o mar todo como horizonte, recebo a notícia. quando piccoli e lang se despedem e o primeiro lhe pergunta o que irá fazer a seguir, ele retorque: “Vou terminar o filme. Devemos sempre terminar o que começamos”.

somos todos seus filhos. obrigado, obrigado, obrigado.


*

Jean-Luc Godard (1930)