Da minha janela vejo o Bósforo todos os dias: divisões e correntes, agitações e marés. Tal como no homem, tal como no mundo.
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
O Peixinho
Hoje fui com um amigo buscar um peixinho para oferecer como prenda a uma amiga minha. É uma oferenda simbólica mas que acho muito bonita. Tão bonita que hoje perguntei ao meu irmão se não gostava de ter um.
Creio que O Peixinho figurará em muitos imaginários, porventura nostálgicos, da nossa infância. Fosse a nossa casa ou a de um amigo que costumavamos frequentar, havia quase sempre O Peixinho. E o espaço do aquário do peixinho. Entretanto, o tempo passou, e hoje os cientistas da Verdade descem as encostas da Serra do Dogma e juntam-se a nós no Vale da Plebe Ignorante. Anunciam-nos então, de megafone em punho, que os aquários redondos fazem mal à cabeça dos peixinhos. Bem, seja. Ninguém queria fazer mal ao Peixinho!
E as estórias à volta do Peixinho? A alimentação, a mudança de água... não terá sido O Peixinho para muitas crianças o primeiro encarar com a responsabilidade? Mas mais épico do que isso, para muitos terá sido também o Peixinho que pela primeira vez pôs meninos em contacto com a dimensão real da morte. Digo isto sem qualquer pretenso humor. Penso ser uma primeira experiência importante, enriquecedora. Lembro-me que quando o meu Peixinho morreu, fiquei por uns dias a pensar na coisa. Sem grandes dramatismos, evidente. Todavia, evidente é também que a perda de algo ou alguém que nos é querido é sempre uma perda.
Nunca achei que iria escrever um texto tão extenso sobre isto. Mas bem, vou é tratar de tratar de trazer um peixinho para casa.
não tendo nada contra os peixinhos, a verdade é que os meus nunca duraram mais de uma semana porque eu deitava comida às escondidas dos meus pais e eles ao terceiro ou quarto desistiram. portanto, sou mais dada aos cães. não há sensação mais cruel para uma criança de dez ou onze anos, como ver a cadela que esteve com ela desde que nasceu, a morrer com olhos ausentes. é estranho como por vezes os animais conseguem comunicar quase de forma humana. fiquei com saudades agora da minha primeira cadela... :)
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