quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Ontem fui ao dentista por causa de um dente que aqui tenho (só tenho um). Diz-me o senhor doutor que tenho uma cárie.
Quando era criança, imaginava uma cárie como um dente podre, entre o preto e o roxo e martirizado por guloseimas e afins. Imaginava como um mal irremediável para o qual a única solução era o arrancar. Não havia sequer o espírito do "tratar"; era antes quebrar do que torcer. "Vai ser para arrancar", avisava-se. Quase tão carnal como o "vai ter que ir à faca". Havia também uma certa dose de consciência culposa na criança dona de uma senhora cárie... Mas bem, em criança nunca tive cáries.
Hoje não. Hoje uma cárie é um empecilho como outro qualquer que se cura no momento. Assim, nuns estranhos 10 minutos, o meu dente passou a estar saudável. Em dúvida, ainda abri a boca em frente ao espelho. Ele estava lá, hirto e alvo.

3 comentários:

  1. Enquanto lia o texto acerca de um dente perfeitamente normal reparei no crescendo de admiração que tens por ele. É verdade, um sobrevivente. Um herói dentro de ti :)

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  2. sempre me pareceu que os teus dentes eram placa. só não percebi ao certo qual deles é o verdadeiro :)

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