quarta-feira, 25 de março de 2009

A morte

de um homem começa com a morte de seu pai.

A frase é do Orhan Pamuk no livro Outras Cores. Penso tantas vezes nisto... demasiadas, talvez.

2 comentários:

  1. O José Luís Peixoto tem um livro daqueles que nos dá murros no estômago sobre a morte do pai: "morreste-me" (síntese em http://www.joseluispeixoto.net/data/m.pdf)

    Mas tem um outro texto, chamado "Palavras para a Minha Mãe" (in "A Casa, a Escuridão")de que gosto mais e que é um espanto de simplicidade, ternura, verdade e comoção contida:

    "mãe, tenho pena.
    esperei sempre que entendesses as palavras que nunca disse e os gestos que nunca fiz.
    sei hoje que apenas esperei, mãe, e esperar não é suficiente.

    pelas palavras que nunca disse, pelos gestos que me pediste
    tanto e eu nunca fui capaz de fazer, quero pedir-te
    desculpa, mãe, e sei que pedir desculpa não é suficiente.

    às vezes, quero dizer-te tantas coisas que não consigo,
    a fotografia em que estou ao teu colo é a fotografia
    mais bonita que tenho, gosto de quando estás feliz.

    lê isto: mãe, amo-te. eu sei e tu sabes que poderei sempre fingir que não
    escrevi estas palavras, sim, mãe, hei-de fingir que
    não escrevi estas palavras, e tu hás-de fingir que não
    as leste, somos assim, mãe, mas eu sei e tu sabes."


    (ln)

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  2. Para não pensares que só sei citar a Dalila Carmo:

    'É uma coisa terrível a morte de um pai. Nem que seja de um ponto de vista extremamente egoísta: um pai é o que está entre nós e a morte.'
    (Lobo Antunes)

    Eu tento não pensar muito nisso, seja de uma ou de outra perspectiva. Acho que já chega o dia em que vou ter mesmo que pensar. Mas percebo.

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