terça-feira, 7 de julho de 2009

relendo

Há tempos, o Tiago deixava aqui um testamento de Miguel Torga sobre a complicada e não raras vezes desesperada relação entre o homem que escreve e as palavras que escreve.
Estendendo o ponto de vista:

"Jamais homem algum escreve o que desejaria escrever: a criação primitiva, que está sempre a acontecer quer se escreva, quer não, pertence ao fluxo primordial: não tem dimensões, nem forma, nem qualquer elemento de tempo.
(...)
Num mundo inteligentemente organizado não haveria necessidade de fazer a tentativa insensata de exprimir por palavras escritas acontecimentos tão miraculosos. Na verdade não faria sentido nenhum, porque, se os homens se detivessem a meditar no assunto, compreenderiam que ninguém se contentaria com a imitação, com o falso, se o real, o genuíno, estivesse ao seu alcance".

Henry Miller, Sexus

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