quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

a impessoalidade já existia quando deixámos de embrulhar os presentes em casa, com papel bonito e especialmente arranjado para o efeito, e passámos a fazê-lo em filas intermináveis nas próprias lojas onde compramos o presente.
mas agora ela tocou no fundo: não só nos deixamos quedar, atordoados, nessas mesmas filas, como também nos convidam a preencher, ali mesmo, com uma caneta gentilmente cedida pela funcionária, o de e o para constantes da etiquetazinha que, qual atestado de afectuosidade natalícia, colamos no papel de embrulho.
saímos e já nada mais há a fazer com aquele presente, o processo está concluído. agora é só entregá-lo - já que não o damos nem oferecemos -, como se entrega uma pizza ou uma carta de correio.

3 comentários:

  1. de facto a linha de produção que as lojas montam por esta altura é avassaladora. as meninas das lojas impingem-nos, nós para não nos massacrarmos muito, aceitamos, fila para pagar, fila para embrulhar, no dia x, depositar no pinheiro. parece um imposto que temos de pagar com grande cerimónia. e "entregamos": é difícil escolher termo melhor.

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  2. impingem a quem quer ser impingido, se é que me faço entender.
    eu embrulhei os meus presentes todos com papel madeira, não sei se conhecem. a minha mãe arranjou-me um montão dele, restos que não iam servir para nada.

    um embrulho especial para quem é especial. tudo depende do significado que damos às coisas.

    tenho um amigo que embrulha tudo com restos de revistas e fica bem giro! além de que está a reciclar. é obscena a quantidade de papel que se gasta nesta altura.

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  3. Nunca tinha pensado nisso... Eu pedi emprestada uma caneta na loja para poder distinguir os presentes das pessoas e agora sinto-me mal... Mas ainda faço o esforço de ir acompanhar o meu pai para distribuir os presentes pelos futuros donos. Nada mal :p

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