Depois de ver um filme iraniano, de seu nome
Close Up (1990), do Kiarostami, o Godard disse uma parvoíce que entretanto ganhou honras de parangona cinéfila: "O cinema morreu".
Pois bem: resta-lhe ver, passados 11 anos, um outro filme iraniano,
Uma Separação, de Ashgar Farhadi, para corrigir o dislate (ainda vai a tempo do perdão, nós desculpamo-lo pelos grandes filmes que já nos deu).
Noronha, tudo bem ?
ResponderEliminarEpa, o Godard tem um bocado de razão. Aliás, quase tudo o que ele diz é pertinente não porque seja verdade (mesmo nos filmes) mas porque contém um bocado de verdade - e porque normalmente é engraçado, naquele seu jeito para o diktat, para a frase de efeito, feroz, definidora, marcante.
O que ele disse foi: O cinema começou com Griffth e acaba com Kiarostami.
Isto é, acho eu, para ser interpretado assim: o cinema, que começou pelo documentário (irmãos Lumière), teve o seu verdadeiro início com Griffith - o cinema enquanto artifício, enquanto pura ficção, começa com Griffth. Ora, depois de um século de cinema, há um cineasta, o Kiarostami, que consegue manter a ficção, e portanto manter-se no verdadeiro cinema, aparentemente sem artifício: parece um documentário, mas é ficção, é cinema. O cinema enquanto artifício, começa com Griffth e acaba com Kiarostami. O cinema acaba porque os seus limites foram encontrados.
Neste sentido, Godard tem uma certa razão. Quer dizer, mesmo que não tenha, é pertinente e inteligente dizer isto. Acho que é isto.
pmramires, abraço
(se este comentário não entrar, faço um post n'o grande salto)
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ResponderEliminar(só para dizer que não me esqueci de responder:))