Um Verão Violento (1959), Valerio Zurlini.
Parece-me que ninguém viu no Carlo (Jean-Louis Trintignant) de Um Verão Violento um aspecto (uma associação, mais precisamente) muito interessante. Como o próprio expressamente afirma, ele prefere seguir a manada, abstém-se de se rebelar, chegando mesmo a dizer do seu Pai (um fascista encartado), aquando da ocupação das propriedades dos homens do regime pela população, que ele "é que tinha razão" (Carlo escapa-se à guerra não por uma posição política específica, mas simplesmente pelos contactos do Pai). Carlo é, por tudo e em tudo isto, o proto-conformista do filme que Bertolucci viria a realizar onze anos depois, protagonizado, justamente, pelo mesmo Trintignant (O Conformista). Mais velho e devidamente inserido no "aparelho", mas igualmente triste, soturno. Um autêntico tecnocrata avant la lettre. É como se fosse um raccord entre os dois filmes e, simultaneamente, uma espécie de suspensão no tempo, bastando, para o efeito, imaginar que o regime do Duce não cai no filme de Zurlini e se prolonga pelos anos que dura a vida adulta de Carlo (ou... Marcello).
( A primeira coisa que me veio à memória foi um outro italiano, Pasolini, e a sua peça Affabulazione (1977).)
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