quarta-feira, 1 de julho de 2015

mala noche



Foi uma noite curiosa.
 
Empaturrado de tapas na Plaza María Pita ("Pita" é mesmo apelido e não tem nada que ver com "piedade", mas, pelo que vem a seguir, gosto de pensar que sim), vi, pela segunda vez em Espanha, sozinho numa esplanada, Portugal perder uma final do campeonato da Europa (a outra foi em 2004, numa altura em que a Grécia, muito resolutamente, sem tempo para "negociações", olhava de cima para alemães, franceses e afins). Vi os penaltys na mais absoluta solidão, batendo palmas e berrando de cada vez que a sorte falhava à Suécia e sorria a Portugal. Quando o William Carvalho fez um passe para o guarda-redes sueco, quase fiquei, por momentos, de joelhos. Nesse preciso instante, no escuro anónimo da noite, umas misteriosas palmas ecoaram cheias de fúria, fazendo-me lembrar que, apesar de tudo, estava, ainda, em Espanha. No regresso ao hotel, numa rua completamente deserta, um senhor muito velhinho tocava lindamente, num órgão tão desgastado quanto ele, a "As Times Goes By", o que, além de me trazer, tão descontextualizada como justificadamente, a Ingrid Bergman desconsolada a olhar o vazio (o vazio?, mas como, se o seu passado é tão "cheio"?), fez uma súmula feliz de muitas coisas na minha vida (não só as futebolísticas). It's still the same old storyA fight for love and gloryA case of do or die.

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