segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Valls está rodeado de seguranças e polícias, um círculo de segurança que o acompanha enquanto se acerca do local dos acontecimentos. Um homem desgraçado, aos gritos, anda em parafuso nas suas imediações, tentando dizer algo não se percebe a quem, tentando dirigir-se não se sabe aonde. Consegue chegar mais perto. É a Valls que se dirige. Está a coisa de um metro do círculo de segurança. Ouve-se uma palavra. "Filha". Agora, mais nitidamente, percebem-se outras duas. "A minha filha". Um estremecimento percorre aquele micro-espaço separado do mundo onde apenas existem Valles, os seguranças e o homem. E uma câmara da televisão que filma tudo isto. S'il vous plaît, diz Valls, rapidamente, aos seguranças, intimando-os a abrir espaço para que o desvairado homem se aproxime. Valls olha-o com ar agastado, irritado, mal disposto, genuinamente lixado. Mas não é com o homem. A minha filha desapareceu no Bataclan e ninguém me diz se ela está na lista dos mortos, isto não é normal neste país. Valls tenta falar com o homem no calor do momento, embora ambos saibam que nenhum esclarecimento realmente útil resultará daquela conversa. Provam da impotência que a rapariga e os restantes sentiram perante os homens que, horas antes, haviam dizimado tudo quanto mexia.

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