sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

São oito da noite e passo pela rotunda. Já é escuro, há poucas pessoas na rua e, apesar de estarmos em Dezembro, é como se não estivéssemos, não se vêem cachecóis nem sobretudos. Embora o meu trajecto seja outro, faço a rotunda toda, contorno-a toda, sempre o mais longe possível do aparato montado ao centro, que compõe um belo e melancólico quadro: lanchonetes, barracas de rifas, matrecos, carrinhos de choque, neons, uma pista de gelo, uma enorme rampa de gelo com uma frase apelativa mal escrita para os miúdos. Ainda é cedo e não há ninguém para a festa. Apenas manchas de luz vermelhas que irrompem, quase ocultamente, pelas árvores e os jardins. Vindo de não sei onde, ouve-se o George Michael a cantar "Last Christmas, I gave you my heart...". Mas não há ninguém para a cantar por agora e, por isso, as emoções dos casais que, mais logo, por aqui andarão de mão dada e comentarão como Dezembro tem sido um mês de temperaturas atípicas vão aguardar mais umas horas. Até lá, podemos continuar a rondar a rotunda, uma e outra vez.

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