terça-feira, 15 de março de 2016

Artigo - Sam The Kid: a arte superior de um contador de histórias (Parte I)

Fotografia: Ricardo Miguel Vieira

No ano em que se contam 10 anos desde o lançamento de Pratica(mente), o Rimas e Batidas iniciou hoje a publicação de um artigo que escrevi sobre Sam The Kid e o storytelling. Trata-se de um artigo com alguma extensão, cuja publicação prosseguirá na quarta feira (segunda parte) e na sexta-feira (terceira parte). O título: "Sam The Kid: a arte superior de um contador de histórias".

A primeira parte pode ser lida aqui (clicar) e consiste, digamos, numa breve "introdução geral" ao storytelling no hip-hop e ao de Sam The Kid em particular, quanto a mim dotado de características específicas que o tornam único. Na segunda e terceira partes, irei descer ao concreto, analisando várias das suas canções, tendo como tema ou ambiente comum a noite e o jogo de sedução com uma mulher. Boas leituras.

"Não é um storytelling, digamos, convencional, em que ouvimos uma história bem contada do princípio ao fim. Mais do que um fio narrativo, estão constantemente a ser introduzidos descrições de movimento, tempo e espaço, acompanhadas de apontamentos introspectivos, ora irónicos e humorísticos, ora graves e carregados de um sentido moral. A reflexão subjacente a esses apontamentos – e o tempo, a lentidão lhe está associada – contrasta, pois, com a aceleração ou “imediatividade” do que se está a passar, dessa forma quebrando-se a distância entre narrador e ouvinte, no sentido em que o primeiro, quando os faz, deixa de estar imerso no ambiente descrito e passa a ser um sujeito consciente e reflexivo – um espectador (cinema, uma vez mais) – como nós, ouvintes. Ele é narrador e voyeur, e a sua narração a “janela indiscreta” hitchcockiana que permite ao ouvinte, como a James Stewart em Rear Window (1954), observar, a par e passo, os movimentos (e os segredos) do narrador e dos terceiros que com ele se cruzam".

[Excerto]

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