terça-feira, 10 de maio de 2016

Crítica - "KSX2016" (2016)



Já tinha pré-anunciado aqui há dias e hoje foi publicada no Rimas e Batidas a minha crítica àquele que considero um dos álbuns do ano da música portuguesa (e o tempo dirá se não será mesmo o mais importante de 2016): KSX2016 (edição Biruta e Paga-lhe o Quarto), de Keso. O álbum completo pode ser ouvido e adquirido no Spotify (ou só ouvido no YouTube).

Para ler aqui (clicar).
 
"KSX2016 é um disco urgente. Não só porque quebra um hiato editorial na carreira de Keso, mas também porque é o disco geracional que faltava ao Portugal do período “Troika”, o olhar crítico e reflexivo sobre os nossos últimos anos enquanto comunidade e enquanto indivíduos. A maioria dos artistas portugueses que tem cantado a crise tem-no feito a partir de um ponto de vista essencialmente interno, i.e., falando do país como ele está e de como é difícil nele (sobre)viver (caso paradigmático é, obviamente, “Parva Que Sou” dos Deolinda). Ora, nas primeiras canções de KSX2016, o olhar é de quem esteve (à data dos factos que inspiraram as canções) do “outro lado”, i.e., do português que, deparando-se com esse estado de coisas, se viu forçado a abandonar o barco, é dizer, a emigrar, relatando essa experiência na “terra prometida” que vira, afinal, pesadelo (“Saí de um ghetto para acabar num ghetto…” ouve-se, dolorosamente, em “Defeito Sério”). Como tanta gente que todos nós conhecemos do nosso círculo de familiares, amigos ou simples conhecidos (dos mais aos menos qualificados), Keso emigrou para Londres, sendo a partir dessa diáspora, mais concretamente a partir do exacto dia em que, com mais um colega, se despede da mãe no Aeroporto Sá Carneiro, que o álbum começa a um ritmo simultaneamente poderoso e comovente, furioso e tocante, raivoso e poético (o sample que se ouve a meio de “Defeito Sério” aponta bem o dedo aos culpados pelo estado do país)".

[Excerto]

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