Entusiasmei-me tanto com a dimensão meta-cinematográfica do Lights Out (2016), filme de terror de David F. Sandberg apadrinhado pelo James Wan (produtor), que escrevi a crítica para o À pala de Walsh (clicar para ler). Para os que ainda não viram, há um prudente spoiler alert pelo meio do texto, por isso podem estar descansados.
«“Stay in the light!”, diz Rebecca (Teresa Palmer) aos polícias que tentam, ingloriamente, ajudá-la a ela e ao seu pequeno meio-irmão Martin; “Please just let the lights go out!”, implora, ao invés, Sophie (mãe de Rebecca) ao mesmo Martin quando o tenta convencer da bondade de Diana, a criatura indesejada. Logo por estes dois diálogos se intui a basta matéria cinéfila que temos em mãos para explorar a ideia-de-terror central do filme e, sobretudo, para cruzá-la com aquela que é uma das quintessências do cinema, a saber, a Luz (ou, se quisermos, a iluminação). É na escuridão que o fantasma de Diana – outrora uma criança com uma rara e extrema sensibilidade à luz (e de quem nunca vemos o rosto senão na sua versão “fantasmática” e, por isso, deformada) – assome e mata (é no escuro que o Mal se manifesta), e é na luz, pelo contrário, que ela fraqueja, que ela desaparece, que os seus malvados propósitos claudicam (é à luz que o Bem triunfa). A excepção é essa brincadeira cinéfila, esse piscar de olhos a George Lucas: o “sabre de luz” desencantado por Rebecca e que lhe permite combater o “dark side of the force” personificado por Diana».
[Excerto]
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