terça-feira, 13 de dezembro de 2016

true colors

 
A Playlist de Novembro da equipa do Rimas e Batidas está recheada de excelentes escolhas. Eu perdi a cabeça e escrevi sobre a "True Colors" do The Weeknd (do novo álbum "Starboy") como se não houvesse amanhã.
 
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"“True Colors” é o nome do álbum de Cyndi Lauper de 1986, assim como do primeiro – e famosíssimo – single daí saído (curiosidade: foi a única canção do álbum escrita por Lauper). Phill Collins fez-lhe uma pindérica cover para o seu …Hits de 1998, oferecendo, assim, uma das mais irritantes músicas que nesse ano passou na rádio portuguesa (já agora, grande lata: fazer uma compilação de hits supostamente seus e depois enfiar lá o hit de um terceiro. Hita-se!). Mas não é por nada disto que escrevo, antes pela “True Colors” que integra Starboy, o novíssimo álbum de The Weeknd. Nos álbuns que vem lançando, o canadiano nunca me preenche totalmente as medidas, ou, dito de outra forma, é alguém que sempre ponto sem nó. Explicando: é capaz de fazer música que aprecio muito e, depois, borrar a pintura toda com coisas chungas e de mau gosto. Este Starboy não foge à regra: aos momentos mauzinhos de “Die For You” ou “All I Know” (entre outros, são vários) contrapõem-se chocolatarias como “Sidewalks” (Kendrick Lamar a destrambelhar o beat todo com a sua métrica selvagem de uma forma que me lembrou a sua participação na “Blessed” de Schoolboy Q), “A Lonely Night” ou, Guylian dos Guylian, “True Colors”. À data que escrevo, a máquina promocional por detrás de Weeknd tem-se encarregado, muito diligentemente, de apagar todos os clips da faixa no YouTube, pelo que, caso o estimado leitor não possua Spotify (é o meu caso), ficará lamentavelmente afastado desta preciosidade ultra-romântica. Balada do R&B contemporâneo, sem dúvida, mas com um inegável sabor desse mesmo género nos anos 80, com toda a irresistível pieguice da época. “Bem piroso e lamechas como o amor deve ser: verdadeiro” – lembram-se do Pacman dizer isto? A letra de “True Colors” concentra a essência da melhor e mais intemporal pop: a capacidade de, em poucas e simples palavras, falar, com um alcance profundo e genuíno, sobre um assunto que, desde os primeiros hominídeos, nos apoquenta e nos causa as mais dissonantes emoções. No caso, o momento em que nos apaixonamos e, por curiosidade, obsessão ou medo, queremos saber o passado, a “verdade” (as tais true colors) da pessoa que amamos. Sabemos todos que isso é um erro, que todos têm direito ao seu passado (por mais negro que seja), que há coisas que, invariavelmente, não iremos gostar de saber – “Every saint has a past and every sinner has a future”, foi o Oscar Wilde que o disse. Mas a curiosidade é, para citar muito descontextualizadamente o Jorge Palma, “uma besta que dá cabo do desejo”, e, por isso, não aguentando o mistério do desconhecimento, o curioso bem pode estar, sem o querer, a colocar os primeiros pregos no caixão daquele amor. “These are confessions of a new lover” é, talvez, a melhor linha da canção. Chapeau, Mr. Tesfaye".

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