quarta-feira, 22 de agosto de 2018

a senhora doutora que por mim se apaixonou e por quem eu quase me apaixonava sentenciou carinhosamente está tudo bem o senhor só precisa de vitamina dê. na minha ignorância, nunca tinha ouvido falar em tal, mas imediatamente me passou pela cabeça a ideia de que, a ter uma cor, a vitamina dê seria do mesmo amarelo-céu a que cheiram os seus cabelos de anjo. para mim, até ao momento em que esta mulher de quem eu involuntariamente sei mais do que queria me diz o quão gosta de Roma com um sorrido dorido, vitaminas eram as dos sumos naturais e as daqueles homens que incham muito os músculos ou, então, as dos meninos cansados e distraídos da escola que precisam de se concentrar ou os meninos só cansados das universidades que fazem das madrugadas drogadas danças de estudo
 
e eu sem saber
viria a cumprir o seu receituário por
transviados trilhos de areia, fósseis
que levo para casa para me recordar
de que um dia também eu já
fui
pele osso farelo
as gotículas terminaram antes disso
depois foi só mato
pinhais, estrume
pézitos pardos que se arrastam
indolentemente
 
da dê passei para a guê
gelados
peixinho
cigarrinho
ésse de suplementos e sal
um festim vitamínico, um
banquete da mesma letra do
bagaço que nos deixa atordoados para o resto
da tarde
tosgados como gostamos
de pronunciar
o rui já está de braços abertos e calções
na cabeça lá longe
no mar a dani fala sem
parar com os olhos
semicerrados nomeadamente do
garcía márquez e eu digo-lhe
então vou oferecer-te nos anos o meu livro preferido
do garcía márquez não do
vargas llosa e o monas
coitadinho tanto
precisa de descansar mas
por esta hora já é um faraó egípcio

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