mesmo à saída, tremendo muito das mãos depois de enfiar a custo o porta-moedas na malinha, olhe eu já tenho noventa e sete anos por isso posso dizer tudo o que penso sabe o senhor é muito bonito
e enquanto retribuo a simpatia, primeiro pelo reflexo do espelho depois virando-me na cadeira e passando-lhe a mão pelo ombro magríssimo, penso no tempo que para aqui andamos para dizermos aos outros o que queremos dizer. talvez a vida devesse ser, de facto, como naquela famosa boutade do woody allen: nascermos velhinhos e irmos rejuvenescendo à medida que o tempo passa. pois então, aos noventa e sete anos, já nenhum não-dito teríamos para nos castigar. menos poesia teríamos também escrito, talvez.
Totalmente de acordo!
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