sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

fazendo balanços, fechando contas disto e daquilo e eis que a agenda se abre, de repente, na penúltima página

sob pressão, à espera
do primeiro caracol
que não chega
a não ser que

enorme silêncio creme a seguir, um esquecido poema bruscamente interrompido pelo caracol que veio de onde eu menos esperava. tinha-me sentado estrategicamente no banco que me permitiria avistar a entrada, controlar os acontecimentos, mas até nisso fui apanhado na curva. quiçá a mesma que não previ e de onde apareceu, calças de ganga, um livro de poemas na mão, olhos de um planeta próximo. pedirei, tempos depois, numa dessas noites em que os nossos dedos se abraçam, como miniaturas de soldadinhos, por telemáticas insónias, que largue o livro e me deixe ver a mão, as mãos. vejo paredes, janelas, uma paisagem, o rapaz triste dos cabelos longos. este ano deu-me tanta coisa boa, com a excepção das tuas mãos: nunca as vi

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