(The Man Who Shot Liberty Valance, 62, J. Ford / Banshun, 49, Y. Ozu)
"Mesmo quando se escolhe a vida, tem de se passar pelo cadáver do amor. Vera Miles é quem o sabe até ao fundo. No mesmo plano em que lembra ao marido as razões que tem para se sentir orgulhosa, revela-lhe que a flor do cacto fora ela quem a trouxera. Entre o jardim e o deserto, fica suspensa na curva final do comboio, movimento semelhante ao do início do filme, apenas em sentido inverso. O primeiro plano 'arrancava para a frente': o último 'puxa-nos para trás'.
(…)
Essa figura única na obra de Ford (um flashback dentro dum flashback, uma mesma sequência na multiplicidade dos pontos de vista) é muito mais do que a chave do filme, ou a revelação de quem matou Liberty Valance. É o apelo, pela primeira vez tornado explícito, a que olhemos sempre pela segunda vez, já que há sempre um fundo sob um fundo e outro ainda sob esse".
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Essa figura única na obra de Ford (um flashback dentro dum flashback, uma mesma sequência na multiplicidade dos pontos de vista) é muito mais do que a chave do filme, ou a revelação de quem matou Liberty Valance. É o apelo, pela primeira vez tornado explícito, a que olhemos sempre pela segunda vez, já que há sempre um fundo sob um fundo e outro ainda sob esse".
João Bénard da Costa
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