quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

o senhor famoso e o senhor fitzcarraldo

 
 

 (Fitzcarraldo, 1982, W. Herzog)
 
o que aconteceu no último domingo na casa da música, ali mesmo à face da avenida, foi algo da ordem, passe a redundância, do “acontecimento”. do esmagamento. só prolongado pelo momento em que, ainda cambaleante, entro num restaurante com a barriga feita num buraco que, infelizmente, (ainda) não se alimenta de sons e imagens e vejo, sentado numa cadeira, um tipo com a parte da frente da camisola pu...xada para cima da cabeça, barriga de fora, impávido e sereno. desculpe, aquele senhor estará bem e a menina diz-me que sim, que assim permanece há mais de duas horas, começou eram mais ou menos nove e qualquer coisa. ah, ok, está bem. então mas… estará triste, a chorar, ah, não, até acho que é aquele senhor famoso que está sempre atrás da câmara, no futebol sabe. suponho que, por esta hora, depois das três batatinhas de ontem, o senhor famoso esteja mais bem-contente. já eu, esmagado continuo com o senhor fitzcarraldo, que partilha com o senhor famoso aqueles dois extasiados olhos, uma boca infantil capaz de comer o mundo inteiro. um sincero obrigado à casa da música e ao cineclube do porto por terem tornado possível a noite de domingo, uma daquelas experiências por que passamos três ou quatro vezes na vida, e que, com o passar dos anos, até nos esquecemos do que é sentir “aquilo”.

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