Senhores e Senhoras, o primeiro concerto subaquático de Erykah Badu nas águas do Bósforo:
On & On (do album Baduizm, 1997)
Da minha janela vejo o Bósforo todos os dias: divisões e correntes, agitações e marés. Tal como no homem, tal como no mundo.
segunda-feira, 30 de junho de 2008
sábado, 28 de junho de 2008
quando o calor aperta...
D'Angelo entra em cena:
Me and those dreamin' eyes of mine (do album Brown Sugar, 1995)
Me and those dreamin' eyes of mine (do album Brown Sugar, 1995)
quinta-feira, 26 de junho de 2008
serviço público
Por sugestão de uma leitora do Há Discussão a propósito de um post meu, comprei o recém publicado O Casamento entre pessoas do mesmo sexo. Trata-se de um livro que reúne pareceres de três Professores da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. São eles Luís Duarte d’Almeida, Carlos Pamplona Côrte-Real e Isabel Moreira. Note-se que é a primeira vez em Portugal, penso, que é publicado um livro que aborda directamente a questão.
O livro é muito bom, desfazendo qualquer dúvida quanto à validade ou não do casamento homossexual no nosso país. Isto quanto à ordem jurídica em exclusivo, como é óbvio. No plano sociológico e cultural, essa dúvida hoje só pode ser colocada por pessoas com manifestos preconceitos e fobias próprias dessa natural e constante ratio entre os homens: a ignorância. Que, felizmente, os tempos e as mentalidades vão superando.
Para objectivistas ou subjectivistas, historicistas ou actualistas, positivistas ou partidários do direito livre, o parecer dos professores é de tal forma clarividente que a certa altura apenas nos surpreendemos com o facto de esta questão ainda ser hoje em dia... uma questão, passe a redundância.
O livro cristaliza ainda o postulado fundamental da ligação umbilical entre Direito e Sociedade. Ignorar isso é, nas sábias palavras do jurista espanhol Legaz y Lacambra, pecar por cegueira.
São muitos os excertos que me ficaram na retina pelo que seria fastidioso transcrevê-los para aqui. Deixo aqui apenas a nota editorial que vem na contracapa. E leiam o livro (lê-se numa noite)!
As normas expressas pelos artigos 1577.º e 1628.º, alínea e), do Código Civil - que vedam o acesso ao casamento a pessoas que não sejam de-"sexo diferente" - são inconstitucionais. Assentam em juízos acerca de uma pretensa inferioridade "moral" das relações afectivas homossexuais e em preconceitos sobre a qualidade das famílias constituídas por duas pessoas do mesmo sexo. A consequente discriminação é atentatória dos princípios constitucionais de dignidade da pessoa humana e de igualdade, e do direito fundamental a contrair casamento - também na sua dimensão de direito de uma pessoa a escolher com quem casar. É esta a opinião jurídica defendida pêlos autores nos três estudos aqui apresentados.
terça-feira, 24 de junho de 2008
Stop the Violence
Quando em 1988 um jovem foi assassinado num concerto que juntou a Boogie Down Productions (do então jovem KRS-One, hoje uma lenda viva do Hip Hop) e os Public Enemy (outro lenda), KRS-One criou o Stop the Violence Movement, movimento que teve como propósito incentivar o regresso do rap às suas raízes. E que raízes são essas? Aquelas que um dia foram enunciadas por um dos seus fundadores, Afrika Bambaata: Peace, Love and Safely having fun. Esta trilogia sintetiza de facto o que sinto quando oiço um bom beat ou uma beef animada no mic.
Passados 20 anos, KRS-One faz uma retrospectiva e um balanço do movimento. Quando ouvimos este testemunho percebemos o porquê de KRS-one ser apelidado entre a comunidade hip hop americana como "The Theacher".
Quando hoje o Hip Hop MTViano (e os indivíduos que para ele contribuem) difunde erradamente uma imagem excessivamente materialista (porque materialista somos todos, mais ou menos) e violenta de uma arte musical que revolucionou a América nos anos 60, as palavras de KRS-one fazem mais sentido do que nunca.
"More than an artist, more than your lyrics, you're a man or a women".
Passados 20 anos, KRS-One faz uma retrospectiva e um balanço do movimento. Quando ouvimos este testemunho percebemos o porquê de KRS-one ser apelidado entre a comunidade hip hop americana como "The Theacher".
Quando hoje o Hip Hop MTViano (e os indivíduos que para ele contribuem) difunde erradamente uma imagem excessivamente materialista (porque materialista somos todos, mais ou menos) e violenta de uma arte musical que revolucionou a América nos anos 60, as palavras de KRS-one fazem mais sentido do que nunca.
"More than an artist, more than your lyrics, you're a man or a women".
segunda-feira, 23 de junho de 2008
materialismo
Ludwig Feuerbach, em "A Essência do Cristianismo" (1841), deu a explicação e o golpe fatal. Ressuscitando um tema bastante trabalhado, Fuerbach defendia que a razão pela qual os seres humanos se parecem com Deus não é por Deus nos ter criado à sua imagem mas por nós o termos criado à nossa. Embora este argumento fosse conhecido dos gregos antigos, Montesquieu, filósofo do Iluminismo francês e teórico do Direito, desenvolveu-o com graça nas suas satíricas "Cartas Persas" (1721), que são uma descrição fantasiosa de conversas entre viajantes persas e os seus anfitriões franceses. Num passo memorável, um francês conta a história de uma viagem através de África em que ficou chocado por ver que a arte e a escultura africanas representavam Deus como sendo uma mulher, gorda e - valham-nos os céus - preta. (...) O seu amigo faz notar: "diz-se, e bem, que se os triângulos tivessem um Deus, este teria três lados". Esta é, no essencial, a posição de Feuerbach.
Na perspectiva de Feuerbach, nós, seres humanos, pegámos nas capacidades que pertencem aos seres humanos, elevámo-las em pensamento a um nível infinito e depois inventámos um ser exterior a nós que encarna todas estas perfeições. Este Deus, então, é omnisciente, omnipotente e inteiramente bom (diversamente dos seres humanos, que sabem um bocadinho, são um bocadinho poderosos e um bocadinho bons). Mas curvamo-nos perante este produto da nossa imaginação em vez de reconhecermos as nossas qualidades pelo que são e tentarmos gozá-las em nosso proveito. Isto, na perspectiva de Feuerbach, ao desviar a nossa atenção e capacidades criativas, impede-nos de viver uma vida verdadeiramente humana e de criar uma sociedade verdadeiramente humana. Assim, segundo Feuerbach, que vai mais longe do que os pensadores anteriores, devíamos abandonar a religião e substituí-la por um humanismo radical: um entendimento, gozo e celebração das nossas capacidades verdadeiramente humanas, que nos permitirão criar pela primeira vez uma genuína comunidade na terra.
in Porquê ler Marx hoje?, Jonathan Wolff
Na perspectiva de Feuerbach, nós, seres humanos, pegámos nas capacidades que pertencem aos seres humanos, elevámo-las em pensamento a um nível infinito e depois inventámos um ser exterior a nós que encarna todas estas perfeições. Este Deus, então, é omnisciente, omnipotente e inteiramente bom (diversamente dos seres humanos, que sabem um bocadinho, são um bocadinho poderosos e um bocadinho bons). Mas curvamo-nos perante este produto da nossa imaginação em vez de reconhecermos as nossas qualidades pelo que são e tentarmos gozá-las em nosso proveito. Isto, na perspectiva de Feuerbach, ao desviar a nossa atenção e capacidades criativas, impede-nos de viver uma vida verdadeiramente humana e de criar uma sociedade verdadeiramente humana. Assim, segundo Feuerbach, que vai mais longe do que os pensadores anteriores, devíamos abandonar a religião e substituí-la por um humanismo radical: um entendimento, gozo e celebração das nossas capacidades verdadeiramente humanas, que nos permitirão criar pela primeira vez uma genuína comunidade na terra.
in Porquê ler Marx hoje?, Jonathan Wolff
domingo, 22 de junho de 2008
tudo em família
sábado, 21 de junho de 2008
a velha raposa
Depois de tantos sucessos e estórias, Al Green voltou. E cheio de pinta. Lay it down (2008, acabadinho de sair) é um album muito aprazível. Muito soul ensolarado por traços de gospel. E, claro, muito, muito love no ar. Destaco as faixas You've got the love I need, Take your time (com a menina bonita Corinne Bailey Rae), Too Much, Lay it down (com o jovem prodígio do neosoul, Anthony Hamilton), Just for me ou I'm wild about you. Esta última, especialmente, transborda de sensualidade e calor.
Sobre os citados Anthony Hamilton e Corinne Bailey Rae, é interessante vêr como Al Green soube voltar juntando a aura própria de quem já muito deu à música com a jovialidade de outros artistas de classe que entretanto vão surgindo. Os bons músicos também se vêm nestas coisas!
Lay it down my people!
sexta-feira, 20 de junho de 2008
nudez
Acordo,
Dou graças por mais um dia
Respiro fundo,
Sinto me agarrado à vida
Peço ao universo por dádiva criativa,
Na música e pintura foco no que me cativa
Poesia,
A minha sina é uma terapia
Via iluminada que me afasta da rotina
De madrugada
Em busca de adrenalina que vicia quem pinta a vida mais colorida
É incrível, quando nos sentimos únicos
Nús de preconceitos em momentos lúdicos
E aproveitamos, até aos últimos segundos
Livres sem rumo como nobres vagabundos
Sem algemas do tempo ou grilhetas do medo
A desfrutar o sossego do total desapego
Não há nada como o pôr do sol à beira-mar
Melhor, só tendo alguém ao lado para abraçar
in Talento Clandestino, Maze (Dealema)
Dou graças por mais um dia
Respiro fundo,
Sinto me agarrado à vida
Peço ao universo por dádiva criativa,
Na música e pintura foco no que me cativa
Poesia,
A minha sina é uma terapia
Via iluminada que me afasta da rotina
De madrugada
Em busca de adrenalina que vicia quem pinta a vida mais colorida
É incrível, quando nos sentimos únicos
Nús de preconceitos em momentos lúdicos
E aproveitamos, até aos últimos segundos
Livres sem rumo como nobres vagabundos
Sem algemas do tempo ou grilhetas do medo
A desfrutar o sossego do total desapego
Não há nada como o pôr do sol à beira-mar
Melhor, só tendo alguém ao lado para abraçar
in Talento Clandestino, Maze (Dealema)
segunda-feira, 16 de junho de 2008
suspiro
O resultado do avanço do intervencionismo - como o João muito bem assinala - tende por isso a ser a ruptura gradual das regras gerais de conduta que permitem a convivência social alargada. Por outras palavras: o avanço do socialismo conduz à desagregação progressiva da ordem e da paz social.
O texto já era mau. Mas conseguir acabá-lo com isto é obra.
Que direita tão triste.
O texto já era mau. Mas conseguir acabá-lo com isto é obra.
Que direita tão triste.
domingo, 15 de junho de 2008
sábado, 14 de junho de 2008
soberania popular? o que é isso?
Na Irlanda, 53,4% dos votantes disseram democraticamente NÃO ao "Tratado de Lisboa". Coisa que por estes lados não foi permitida. Não obstante este percalço, os líderes europeus já alertaram que nada vai ser alterado.
Quando Chavéz perdeu (felizmente!) no referendo constitucional, os seus mais ferozes detractores profetizaram uma vaga de autoritarismo e perseguição. Além de não se ter gerado vaga alguma, Chavéz respeitou o referendo.
Defendo sem reservas uma União Europeia sucessivamente mais unida, coesa. Defendo até se calhar uma União Europeia federal. Mas, nessa ou noutra qualquer hipótese mais unificada que a que hoje temos, é imprescindível que o seu processo constitutivo seja feito de forma transparente, democrática e consensual. E quando falo em consenso, falo evidentemente, acima de tudo, do consenso do povo.
Com estes líderes (e com estas políticas, mas isso deixo para depois) e com esta forma de actuar, eu estou com os irlandeses: NÃO, NÃO E NÃO.
Quando Chavéz perdeu (felizmente!) no referendo constitucional, os seus mais ferozes detractores profetizaram uma vaga de autoritarismo e perseguição. Além de não se ter gerado vaga alguma, Chavéz respeitou o referendo.
Defendo sem reservas uma União Europeia sucessivamente mais unida, coesa. Defendo até se calhar uma União Europeia federal. Mas, nessa ou noutra qualquer hipótese mais unificada que a que hoje temos, é imprescindível que o seu processo constitutivo seja feito de forma transparente, democrática e consensual. E quando falo em consenso, falo evidentemente, acima de tudo, do consenso do povo.
Com estes líderes (e com estas políticas, mas isso deixo para depois) e com esta forma de actuar, eu estou com os irlandeses: NÃO, NÃO E NÃO.
sexta-feira, 13 de junho de 2008
Hip Hop Pessoa
Aniversário de Fernando Pessoa festejado com poemas e hip-hop nacional. Editora Loop pretende cruzar a poesia de Pessoa com a música.
No dia em que se assinalam os 120 anos sobre o nascimento de Fernando Pessoa, a Casa Fernando Pessoa, a Câmara de Lisboa e a editora discográfica Loop organizam um espectáculo de hip-hop no Terreiro do Paço, na capital.
Intitulado "Hip Hop Pessoa", o espectáculo conta com 14 músicos de hip-hop, que aceitaram o desafio de recriar a poesia de Pessoa e de a transformar para o concerto (em Setembro nascerá um disco com o mesmo conceito com estes e outros artistas). Os escritos do poeta serão evocados por alguns dos mais conhecidos nomes do movimento como Melo D, Maze e Fuse, Rocky Marsiano, Sagas, DJ Ride e Sam the Kid.
A base são os poemas de Fernando Pessoa, a voz, a abordagem e o ritmo são dos rappers. Cada um pegou nos poemas de maneira diferente tornando-os um pouco seus. "Há quem tenha pegado em excertos de poemas, como, por exemplo, o pai de Sam the Kid", explica Rui Miguel Abreu. Já Fuse, dos Dealema, "reinterpretou parte da 'Mensagem' e usou o poema quase como um estímulo para a sua própria imaginação".
Sam the Kid, nome artístico de Samuel Mira, um dos responsáveis pelo crescimento do hip-hop nacional, recorda ao JPN como conheceu o poeta. "Há dois anos tinham-me oferecido um livro dele, fiquei a conhecer minimamente", afirma.
O poema escolhido pelo rapper e pelo pai foi "Tabacaria", do heterónimo Álvaro de Campos. "Identifiquei-me bastante com o poema e tem lá um verso que me fez ver que tinha de ser aquele 'Sonhar mais que Napoleão' porque o meu pai chama-se Napoleão", conta.
"Pontos de contacto naturais"
Para Sam the Kid existe uma relação entre Fernando Pessoa e hip-hop: a poesia. "Os dois são poesia e estão relacionados, apesar da métrica e da linguagem serem diferentes", defende.
Para Rui Miguel Abreu, editor e programador do evento, a realização do concerto e o futuro lançamento do CD têm vários significados, mas "o mais importante é que se começa a perceber que a cultura não é assim uma coisa tão séria que não admita este tipo de encontros".
"Para nós significa a possibilidade de cruzar a poesia de um enorme poeta moderno português com a música de uma série de pessoas que estão eles próprios, à sua maneira, a revolucionar a música", acrescenta. "Pessoa foi um poeta profundamente moderno, não apenas na maneira como encarou a língua, mas como pensou todas as questões de ser português, de estar no mundo estando em Portugal. O hip-hop faz a mesma coisa, é outra maneira de olhar para a realidade. São pontos de contacto naturais".
Estimular o interesse dos mais jovens pela obra de Pessoa é uma das ideias deste projecto. "Se dois miúdos lerem Fernando Pessoa por causa do disco já me sinto feliz", diz o dono da Loop. "Esperamos que sirva como estímulo, para despertar, quanto mais não seja, a curiosidade de quem é a pessoa que estes MC [rappers] estão a cantar. Um dos pontos que mais nos honraria era que isso acontecesse".
Fernando Pessoa, Hip Hop, Música, Hip Hop... a Palavra!
vejam também a reportagem de hoje no suplemento ípsilon do Público, pág.16/17.
quinta-feira, 12 de junho de 2008
Era assim com todos os rapazes. Se Bozena fosse bela e pura, e se nessa época ele fosse capaz de amar, talvez a mordesse toda, exasperando até à dor o seu prazer sexual e o dela. Pois a primeira paixão adolescente não é de amor por uma pessoa, mas sim de ódio a todas as pessoas. Sentir-se incompreendido e não compreender o mundo não é o efeito de uma primeira paixão, mas a sua causa. A paixão é apens um refúgio, no qual estar com o outro significa solidão duplicada.
Quase sempre a primeira paixão pouco perdura e deixa um ressaibo amargo. Trata-se de um logro, de uma decepção. Quando ela passa, não compreendemos como fomos capazes de tudo aquilo, nem sabemos a quem culpar. Isso acontece porque as personagens desse drama em geral encontram-se por acaso: eventuais companheiros de uma fuga enlouquecida. Apaziguados, não se reconhecem mais. Percebem que são diferentes, porque já não se dão conta do que têm em comum.
in O jovem Torless, Robert Musil
Quase sempre a primeira paixão pouco perdura e deixa um ressaibo amargo. Trata-se de um logro, de uma decepção. Quando ela passa, não compreendemos como fomos capazes de tudo aquilo, nem sabemos a quem culpar. Isso acontece porque as personagens desse drama em geral encontram-se por acaso: eventuais companheiros de uma fuga enlouquecida. Apaziguados, não se reconhecem mais. Percebem que são diferentes, porque já não se dão conta do que têm em comum.
in O jovem Torless, Robert Musil
domingo, 8 de junho de 2008
sábado, 7 de junho de 2008
ôh ôh ôh
Passei anos e anos da minha infância, nos tempos quentes de verão, a ouvir o meu pai cantarolar pela casa ou no carro uma musiquita sempre que iamos a caminho da praia. Nunca dei muito importância das primeiras vezes que ouvi. Todavia, o trautear aparentemente fácil e o toque espanhol davam-lhe um cariz festivo. E como cada ida à praia era, de facto, uma bela e caótica festa familiar, a cantiga comecou a afirmar-se como verdadeiro mote de partida para o grande areal dourado. A letra era qualquer coisa muito simples como "Vamos a la playa, ôh-ôh-ôh!".
Hoje quando andava pelo blog do Nuno Markl fui dar com o videoclip dos janotas que a interpretam. De um momento para outro, a minha perspectiva nostálgica das idas à praia ao som do Vamos a la playa alterou-se um pouco.
Hoje quando andava pelo blog do Nuno Markl fui dar com o videoclip dos janotas que a interpretam. De um momento para outro, a minha perspectiva nostálgica das idas à praia ao som do Vamos a la playa alterou-se um pouco.
quarta-feira, 4 de junho de 2008
uma tarde lá no alto do monte, sobre a cidade
Dizias que eu era
a luz dos teus olhos
mas cego era eu
pedindo-te a esmola
do amor que te dava
Como pude ver-te assim tão diferente
do que és hoje
tão feita só para mim
já então
de mim
tão longe
Por que me sabia a mel
o que me doía
a sal
Como pude ver o sol
onde só havia
sombra
Pisas a minha mão
sempre que ponho
um pouco de sonho
no meu coração
in Amor fazer Amor, João Apolinário
a luz dos teus olhos
mas cego era eu
pedindo-te a esmola
do amor que te dava
Como pude ver-te assim tão diferente
do que és hoje
tão feita só para mim
já então
de mim
tão longe
Por que me sabia a mel
o que me doía
a sal
Como pude ver o sol
onde só havia
sombra
Pisas a minha mão
sempre que ponho
um pouco de sonho
no meu coração
in Amor fazer Amor, João Apolinário
90's
The nineties sessions - Rare demos & Tracks (2007) está provavelmente no meu top10 de albums de Hip Hop da cena underground americana nos últimos dois anos. E, neste ano, se não for o melhor, anda lá perto.
O album é da autoria de Grandfather Don, produtor e rapper de Brooklyn, New York. The nineties sessions é um hino ao jazz rap, num estilo e sonoridade que nos fazem lembrar a já mítica colectânea JazzMatazz de Guru (Gangstarr). Muitos baixos, muitos pianos, muitas pandeiretas, sopros, scratch, melodia... delicioso. O rap de Grandfather Don (que não conhecia) é daquele que não engana: ágil, claro, versátil e muito, muito thug. Numa palavra: oldschool!
A par do recente Then what happened? de J-Live, é o tipo de album que justifica horas perdidas de pesquisa em blogs e sites. Imprescindível.
híbrido
Estava cheio de expectativas para vêr a entrevista do Miguel Urbano Rodrigues (MUR) que passou ontem, pelas 23h:20 na SIC Notícias. Por ser um comunista (e não de esquerda como o próprio salientou); por ser um homem que já viveu em meio mundo (Brasil, na Colômbia com as FARC, Líbano, Irão, Afeganistão, ...); por ter uma obra literária vasta; e, enfim, por já muito ter ouvido a seu respeito e nunca o ter "conhecido".
Confesso que, em parte, fiquei um pouco desiludido. Embora me identificando em muitos dos idealismos (e idealismos aqui NÃO têm um cariz de impossibilidade) de MUR, a verdade é que também ouvi da sua parte muitos chavões. Alguns deles atendentes às bandeiras que, a meu ver, para um socialista (não do PS) como é o meu caso, não podem ser tomadas como bandeiras: Cuba, FARC, etc. Devo esclarecer que este meu anti-bandeirismo não é, no entanto, absoluto. Reconheço a Cuba inúmeras virtudes. Mas tudo o resto (democracia, direitos humanos, liberdades políticas e de expressão e por aí fora) sufoca o que de bom foi feito. Quanto às FARC, embora simpatizando com um sentimento de autodeterminação, a verdade é que a minha posição é um pouco semelhante à que tenho relativamente à ETA. Sou profundamente solidário com as aspirações bascas, se assim o povo, num hipotético referendo, o entendesse. Mas a ETA, essa, condeno sem reservas. Não a sua causa e os seus objectivos; apenas o seu modo de actuar. Ora isto é em tudo semelhante ao que penso relativamente às FARC. Causa e objectivo de um lado; modo de actuar do outro.
Todavia, ouvir MUR lembrou-me um pouco quando há dias ouvi Eduardo Lourenço numa conferência em Serralves. Lembrou-me um pouco o desejo que tive de um dia chegar àquelas idades e ter o discernimento, pensamento e presença daqueles senhores.
Confesso que, em parte, fiquei um pouco desiludido. Embora me identificando em muitos dos idealismos (e idealismos aqui NÃO têm um cariz de impossibilidade) de MUR, a verdade é que também ouvi da sua parte muitos chavões. Alguns deles atendentes às bandeiras que, a meu ver, para um socialista (não do PS) como é o meu caso, não podem ser tomadas como bandeiras: Cuba, FARC, etc. Devo esclarecer que este meu anti-bandeirismo não é, no entanto, absoluto. Reconheço a Cuba inúmeras virtudes. Mas tudo o resto (democracia, direitos humanos, liberdades políticas e de expressão e por aí fora) sufoca o que de bom foi feito. Quanto às FARC, embora simpatizando com um sentimento de autodeterminação, a verdade é que a minha posição é um pouco semelhante à que tenho relativamente à ETA. Sou profundamente solidário com as aspirações bascas, se assim o povo, num hipotético referendo, o entendesse. Mas a ETA, essa, condeno sem reservas. Não a sua causa e os seus objectivos; apenas o seu modo de actuar. Ora isto é em tudo semelhante ao que penso relativamente às FARC. Causa e objectivo de um lado; modo de actuar do outro.
Todavia, ouvir MUR lembrou-me um pouco quando há dias ouvi Eduardo Lourenço numa conferência em Serralves. Lembrou-me um pouco o desejo que tive de um dia chegar àquelas idades e ter o discernimento, pensamento e presença daqueles senhores.
terça-feira, 3 de junho de 2008
domingo, 1 de junho de 2008
Vamos!
O presente abaixo-assinado destina-se a acompanhar um documento expositivo referente à impossibilidade de acesso ao Cinema anterior à década de 90, na cidade do Porto. O documento será enviado ao Ministério da Cultura e à Cinemateca Portuguesa, estando disponível para consulta no site: www.circuitocinema.blogspot.com .
A recolha de assinaturas para o abaixo-assinado está também a ser desenvolvida em suporte físico, por várias pessoas e em vários locais da cidade do Porto.
A cidade do Porto sofre de vários e complexos problemas na área da cultura, como é do conhecimento geral. No entanto, esta situação não é generalizável a todo o país. Efectivamente, Lisboa continua a usufruir de forma centralizada dos serviços de certas instituições culturais que deveriam fazer jus ao seu âmbito nacional, como, por exemplo, a Cinemateca Portuguesa, um organismo público suportado pelos contribuintes a nível nacional.
No Porto, é de grande interesse público a criação de uma extensão da Cinemateca, o que permitiria acabar com a carência de exibição cinematográfica sentida na cidade, ao nível da produção anterior à década de 90.
Os signatários,
Carlos Azeredo Mesquita
David Barros
Filipe Oliveira
Joaquim Guilherme Blanc
Lídia Queirós
Nuno de Sá
Pedro Leitão
Ricardo Alves
Fica aqui o apelo para que assinem a petição: http://www.petitiononline.com/Circuito/petition.html
A recolha de assinaturas para o abaixo-assinado está também a ser desenvolvida em suporte físico, por várias pessoas e em vários locais da cidade do Porto.
A cidade do Porto sofre de vários e complexos problemas na área da cultura, como é do conhecimento geral. No entanto, esta situação não é generalizável a todo o país. Efectivamente, Lisboa continua a usufruir de forma centralizada dos serviços de certas instituições culturais que deveriam fazer jus ao seu âmbito nacional, como, por exemplo, a Cinemateca Portuguesa, um organismo público suportado pelos contribuintes a nível nacional.
No Porto, é de grande interesse público a criação de uma extensão da Cinemateca, o que permitiria acabar com a carência de exibição cinematográfica sentida na cidade, ao nível da produção anterior à década de 90.
Os signatários,
Carlos Azeredo Mesquita
David Barros
Filipe Oliveira
Joaquim Guilherme Blanc
Lídia Queirós
Nuno de Sá
Pedro Leitão
Ricardo Alves
Fica aqui o apelo para que assinem a petição: http://www.petitiononline.com/Circuito/petition.html