domingo, 4 de novembro de 2012

regresso ao futuro



Hora e meia de conversa com aqueles que foram os pioneiros a fazer hip-hop em Portugal e em português - os Mind da Gap. Uma entrevista com um significado muito especial, ou não tivessem sido eles a proporcionar-me esse momento feérico em que o meu mundo, protegido e calculado até então, levou um abanão (hoje, dir-se-ia qualquer coisa como um "choque multicultural").
O pretexto foi o seu novo álbum (Regresso ao Futuro), mas a coisa estendeu-se, e muito, como era de prever. É tudo conferível ali.

"Há um dado prévio a esta entrevista que não podemos deixar de assinalar. O nosso primeiro contacto, feérico e chocante, com o hip-hop, aí com uns 12 ou 13 anos, coincide com o primeiro contacto com os Mind da Gap (MDG), mais precisamente com um concerto seu. Ou seja, no momento da criação do mundo, foram os beats austeros (hoje, muito mais melífluos) de Serial e as rimas lúcidas e destemidas de Serial e Presto que nos mergulharam num género musical (numa cultura ou movimento, para os mais militantes) pelo qual nos apaixonámos, por mais que Portugal fosse, à data, um País perfeitamente ignorante em relação a uma cultura que, nos EUA, já tinha ganho o respeito da comunidade artística, circunstância que, muitas das vezes, nos fez sentir um alien entre semelhantes. Vê-los chegar à entrevista exactamente com o mesmo aparato (as roupas largas, entretanto trocadas pela moda hipsterindie e não sei o que mais) com que os vimos nesse remoto concerto é motivo para acreditar que, afinal, essa coisa da “integridade artística” talvez exista mesmo".

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