segunda-feira, 26 de agosto de 2013

isso do "realismo"


Até Ver a Luz (2013), Basil da Cunha.


Em 2013, encontramos precisamente o inverso do filme de Canijo: Até Ver a Luz é um olhar nu e honesto sobre a mesma realidade (a marginalidade do ghetto), mas agora sem bandeiras nem etiquetas - sem estereótipos, portanto (curiosíssimo notar como o combate aos estereótipos pode descambar no seu reforço...). Acresce o que de poético - e é muito! - o novo filme de Basil da Cunha transporta consigo (quase apetece falar, não fossemos traídos pelo conceptualismo, em "realismo poético"...), coisa perfeitamente ausente de Sangue do Meu Sangue, que, reclamando a bandeira do realismo, resvala para uma pornografia (que é ficção, que é simulacro, para chamar Jean Baudrillad) do real (alguém falou em "pornografia da tortura" para se referir a Só Deus Perdoa, pois permitam-me agora a adaptação).

Filme belíssimo para ver na noite que é a sala de cinema, nessa penumbra por onde (sobre)vivem os Sombras de todos os dias.

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