quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Walsh #5 - Crítica "Cronaca di un amore" (Recuperados)



Cronaca di un amore (1950), Michelangelo Antonioni.

No primeiro dia de 2014, podem ler o meu último artigo de 2013 (Dezembro) para o À Pala de Walsh sobre a primeira longa-metragem de ficção do Mestre Antonioni.
Antonioni é um dos meus predilectos - senão o predilecto -, razão pela qual me vi forçado a encetar um verdadeiro tour de force de contenção. O resultado está aqui ao lado (clicar). Se apreciarem o meu artigo na proporção de 1/4 do gosto que eu tenho pelos filmes do Antonioni, já fico satisfeito.
Happy New Year.

É Joy (de “alegria”, coisa irónica, porque rarefeita neste filme), a modelo e amante do vendedor de carros amigo de Guido, que, numa frase, define o mundo movediço e arrebatador sobre o qual se move Cronaca. Citando o melancólico poeta italiano Ugo Foscolo (1778-1827) a partir de algo que não logramos perceber exactamente o que é (chega mesmo a parecer um desses pacotinhos de açúcar com ditos bonitos de algibeira), Joy exclama, meio sonhadora, meio desolada: “Tudo é amor… o universo não é nada senão amor” (ao que o amante, por ela interpelado sobre quem é Foscolo, responde, cretinamente, que é simplesmente um tipo sem nada na cabeça). Desta citazione interessa-nos retirar, sobretudo, a ideia de como, em Cronaca, tudo e todos vivem sob o espectro do amor e das suas dramáticas implicações, sobretudo o autêntico “triângulo das Bermudas” formado por Enrico Fontana (Ferdinando Sarmi), um rico industrial de Milão casado com Paola-antes-Molon-agora-Fontana-também (fatalíssima Lucia Bosé, a tal das fotografias), uma “alpinista social” de origens humildes que mantém um relacionamento amoroso oculto com o seu amor de juventude, Guido (Massimo Girotti, com cartas dadas em filmes de outros monstros do cinema italiano, casos de Rossellini ou Visconti).

(Excerto)

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