quinta-feira, 17 de abril de 2014

quem cala não consente






Cronaca di un amore (1950), Michelangelo Antonioni.

Escândalo de amor é o título do filme em português e, como escrevi então na minha crítica (que podem ler aqui), "parece-nos, por uma vez, que a tradução do original se revelou, se bem que não fiel, muitíssimo justa, sendo um destes casos em que, fazendo mais jus ao filme do que o próprio original, permite entreabrir outras portas interpretativas. É que o escândalo, aqui, é não só o do amor em si mesmo (enquanto coisa “escandalosa”, i.é, absoluta, arrebatadora, catártica), mas, outrossim, das suas concretas reverberações – escândalo, portanto, social (o amor entre ricos e pobres) e moral (à parte o facto de Paola ser casada, avulta, sobretudo, a morte de Giovanna como fantasma punitivo desse amour fou)".

Revisitei esta cena e "escandalizei-me" novamente: com o amor trágico que une estes dois seres, com o permanente e ameaçador fatum que os cobre, com o modo, já tão antoniano (1950, primeira longa), de filmar o espaço e a coreografia elegante, ainda que frágil, dos corpos, enfim, com essa trémula música que impõe a sensação de que as coisas não podem correr bem



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