terça-feira, 17 de outubro de 2017

fantômes

Falaram-me dela. Quero dizer, falaram-me de ti. Disseram-me: ela, quero dizer, tu, que acha que tu és o amor da sua, quero dizer, da tua, vida, agora namora com um rapaz que acha que ela, isto é, tu, é, digo, és, o amor da vida dele.

De outra forma (inversamente? reflexamente?), isto é o mesmo que ouvi ontem n' "Os Fantasmas de Ismael" (fantasmas, nem de propósito...) do Desplechin: "Eu queria separar-me dela, ela queria separar-se de mim, simplesmente nunca o quisemos ao mesmo tempo".

O pior é que, se calhar, ela, quero dizer, tu, também era (é?), ou seja, eras (és?), o amor da minha vida. Sim, se calhar; e, com toda a certeza, também nunca o sentimos ao mesmo tempo. E agora: que é feito de nós, quero dizer, de ti e de mim?


(Como é possível a Cotillard não parar de ficar cada vez mais bonita?)

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