quinta-feira, 20 de agosto de 2020



 

(La Ragazza con la Pistola, 1968, Mario Monicelli)

 

É sabido o lugar relativamente isolado, singular, de Antonioni no panorama do cinema italiano dos anos 50-60. Maverick que não se encaixaria nem no neo-realismo nem na commedia all'italiana, de L’Avventura se disse ser um marco do cinema moderno, enquanto filme em que a narrativa sucumbe à cena, a cena ao plano, o plano a uma emoção ou sensação particular de uma personagem. Donde o peso concedido ao tempo, à paisagem, ao “ambiente”, tudo atributos que hoje vêm dar, de forma ...mais ou menos evidente, à ideia de “slow cinema”.

Quem viu Il Sorpasso de Dino Risi, lembrar-se-á bem da tirada de Gassman sobre L’eclisse ("Uma seca, bom para dormir. Que grande realizador, o Antonioni”). Em La ragazza con la pistola, Monicelli, um dos Mestres da commedia, aproveitando-se da presença de Monica Vitti - justamente “a” figura da chamada “trilogia da incomunicabilidade” - joga, metade brincadeira, metade alfinetada, com esse património antonioniano (Blow-Up, no caso, realizado dois anos antes): Vitti, num green londrino, toda destrambelhada de pistola na mão, a tentar vingar-se de Vincenzo, disparando sobre “o casal no parque”… Che figo

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