Tive a oportunidade e o prazer de entrevistar a Layla Alexander-Garrett, colaboradora de Tarkovsky (sobretudo na rodagem d' O Sacrifício) e autora de alguns livros e artigos sobre a sua obra. Para quem não sabia que era possível "rebolar a rir" numa conversa com Tarkovsky, vai, creio, gostar de ler a agradável e calorosa conversa que tivemos.
A entrevista pode ser lida no À pala de Walsh.
«Tarkovsky era uma pessoa muito charmosa, que encantava toda a gente (...). Mas quando a rodagem de Offret começou, começaram também os problemas com Sven Nykvist [director de fotografia e colaborador habitual de Ingmar Bergman], porque o Andrei era, por vezes, um pouco insensível. Estava sempre a saltar para a frente da câmara, a filmar, a controlar a mise en scène, tudo. E, de repente, dizia simplesmente: “agora é para filmar!”. E o Sven dizia: “mas eu ainda nem vi o ensaio!”. Sven estava um bocado chateado, sentia como se o Tarkovsky lhe quisesse roubar a sua função. Eu traduzi isto para o Andrei e ele pediu imensas desculpas e disse que não queria incomodar ou magoar o Sven, mas que não conseguia ver o filme apenas através da câmara. Era a única forma de ele conseguir observar a composição, a mise en scène, o movimento dos actores – eu chamar-lhe-ia de “coreografia”, o modo como ele coreografava o movimento dos actores durante o plano, de uma forma nunca estática».
[Excerto]
Sobre Andrei Rublev, por Urbano Tavares Rodrigues, em http://abatalhadasideias.blogspot.pt/
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