sexta-feira, 4 de março de 2016

teoria do tempo

Atrás de mim, no passeio, um rapaz com o filho às cavalitas perguntava-lhe em tom de contador de histórias: "então, o que é o ontem?". O miúdo ora se ria, ora ficava sério, embaraçado por já não se lembrar da resposta que o pai lhe havia ensinado segundos atrás. Nova explicação. "Então e o que é o hoje?". O mesmo. "E, agora, o anteontem, o que é, quando aconteceu?". O miúdo nunca sabia responder, embora agora suspeite de que era apenas por vontade de continuar a ouvir a voz protectora do pai que lhe chegava lá em cima onde ele estava, quase no céu, vendo todos cá em baixo, esse desejo de criança de ser "grande". Mas não, ser grande tem esse inconveniente de sabermos, com muita precisão, demasiada, o que é, ou o que foi, o ontem e o hoje.

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