Da minha janela vejo o Bósforo todos os dias: divisões e correntes, agitações e marés. Tal como no homem, tal como no mundo.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
domingo, 28 de dezembro de 2008
eu e os outros
Uma pessoa que há muito não vejo e com quem há muito não falo, adiciona-me no MSN com um email que não me permite uma identificação imediata. Primeiro, escreve: aposto que também não sabes quem sou!. Confirmo. Pergunto-lhe então quem é. A resposta (rápida) é esta (e só esta): sou do grupo das (e atira com uma série de nomes de pessoas que pressupõe serem do meu mundano conhecimento).
Divago sobre a forma, pobre e redutora, como alguém, para identificar a sua pessoa, faz uso da identidade de... outras pessoas. Terá tão pouco para dizer de si? Nem que sejam as coisas mais triviais que nos descrevem... (e que normalmente são até as que utilizamos num primeiro contacto...). Acabo por saber de quem se trata quando, de uma forma original (!), lhe pergunto se andou na faculdade comigo.
Apetece perguntar, como faziam os Gatos Fedorento em tempos idos: a senhora tem personalidade jurídica?
Divago sobre a forma, pobre e redutora, como alguém, para identificar a sua pessoa, faz uso da identidade de... outras pessoas. Terá tão pouco para dizer de si? Nem que sejam as coisas mais triviais que nos descrevem... (e que normalmente são até as que utilizamos num primeiro contacto...). Acabo por saber de quem se trata quando, de uma forma original (!), lhe pergunto se andou na faculdade comigo.
Apetece perguntar, como faziam os Gatos Fedorento em tempos idos: a senhora tem personalidade jurídica?
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
intemporal como o objecto
Beleza interior, natural, com sabor
A espontaneidade que se torna muito superior
Ao reflexo de um vidro que reflecte uma fase
Expressões atraentes numa mente com classe
Eu penso: quanto dura um corpo, quanto dura uma mente?
Qual deles dura mais tempo?
Beleza Interior, Sam the Kid
(só música)
A espontaneidade que se torna muito superior
Ao reflexo de um vidro que reflecte uma fase
Expressões atraentes numa mente com classe
Eu penso: quanto dura um corpo, quanto dura uma mente?
Qual deles dura mais tempo?
Beleza Interior, Sam the Kid
(só música)
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
às vezes
Que hei-de eu fazer
Eu tão nova e desamparada
Quando o amor
Me entra de repente
P´la porta da frente
E fica a porta escancarada
Vou-te dizer
A luz começou em frestas
Se fores a ver
Enquanto assim durares
Se fores amada e amares
Dirás sempre palavras destas
P´ra te ter
P´ra que de mim não te zangues
Eu vou-te dar
A pele, o meu cetim
Coração carmesim
As carnes e com elas sangues
Às vezes o amor
No calendário, noutro mês, é dor,
é cego e surdo e mudo
E o dia tão diário disso tudo
E se um dia a razão
Fria e negra do destino
Deitar mão
À porta, à luz aberta
Que te deixe liberta
E do pássaro se ouça o trino
Por te querer
Vou abrir em mim dois espaços
P´ra te dar
Enredo ao folhetim
A flor ao teu jardim
As pernas e com elas braços
Às vezes o amor
No calendário, noutro mês, é dor,
É cego e surdo e mudo
E o dia tão diário disso tudo
Mas se tudo tem fim
Porquê dar a um amor guarida
Mesmo assim
Dá princípio ao começo
Se morreres só te peço
Da morte volta sempre em vida
Às vezes o amor
No calendário, noutro mês é dor,
É cego e surdo e mudo
E o dia tão diário disso tudo
Da morte volta sempre em vida
Às vezes o Amor, Sérgio Godinho
Eu tão nova e desamparada
Quando o amor
Me entra de repente
P´la porta da frente
E fica a porta escancarada
Vou-te dizer
A luz começou em frestas
Se fores a ver
Enquanto assim durares
Se fores amada e amares
Dirás sempre palavras destas
P´ra te ter
P´ra que de mim não te zangues
Eu vou-te dar
A pele, o meu cetim
Coração carmesim
As carnes e com elas sangues
Às vezes o amor
No calendário, noutro mês, é dor,
é cego e surdo e mudo
E o dia tão diário disso tudo
E se um dia a razão
Fria e negra do destino
Deitar mão
À porta, à luz aberta
Que te deixe liberta
E do pássaro se ouça o trino
Por te querer
Vou abrir em mim dois espaços
P´ra te dar
Enredo ao folhetim
A flor ao teu jardim
As pernas e com elas braços
Às vezes o amor
No calendário, noutro mês, é dor,
É cego e surdo e mudo
E o dia tão diário disso tudo
Mas se tudo tem fim
Porquê dar a um amor guarida
Mesmo assim
Dá princípio ao começo
Se morreres só te peço
Da morte volta sempre em vida
Às vezes o amor
No calendário, noutro mês é dor,
É cego e surdo e mudo
E o dia tão diário disso tudo
Da morte volta sempre em vida
Às vezes o Amor, Sérgio Godinho
domingo, 7 de dezembro de 2008
mais alto
Já alguém se debruçou sobre o significado deste momento? O tão poético que ele pode ser...
Estava na Póvoa de Varzim a ver o meu irmão a jogar e fiquei muito tempo a pensar no homem que sobe mais alto que todos os homens (mesmo os que estão do seu lado), se estica em direcção ao céu e cumpre um objectivo. E depois celebra. Acho que é uma metáfora de muitas das coisas pelas quais passamos na vida. E para alguns será mesmo a própria vida.
Se alguém souber de algo escrito neste sentido, adoraria lê-lo.
domingo, 30 de novembro de 2008
quente e frio
Cheguei há pouco de um concerto maravilhoso na Casa das Artes de Famalicão. A mestria coube ao Tito Paris.
Até estava frio lá fora; até chovia lá fora. Cá dentro, o som era de festa e calor. Era de África. De Cabo-Verde.
Deu para tudo. Para chamar um percussioista-ao-palco-que-afinal-não-era-percussionista-mas-apenas-um-aficionado-de-música; para os espectadores (sobretudo mulheres com o diabo no corpo) irem dançar para o palco; para as pessoas não conterem a energia e se levantarem das cadeiras e dançar, ali mesmo, sem mais nem menos.
Bateu-se palmas excitadas, por tudo e por nada. Gritou-se, urrou-se. O Tito fazia e dava espectáculo. Falou em crioulo com os cabo-verdianos presentes num tu-cá-tu-lá arrepiante. Pediu paz.
Saíu do palco e voltou para se sentar ao piano e cantar a Sodade. Brincou com os seus companheiros de banda.
De cada vez que a morna trepava pelo corpo, os presentes olhavam em redor à espera do primeiro corajoso que se levantasse e começasse a dançar. Aí, levantava-se outro. E outro. Até que jovens e não-tão-jovens, mulheres e homens, dançavam. Celebravam. Sorriam de orelha a orelha. O Tito e a banda lá ao fundo no palco; os dançarinos improvisados cá em cima. A barreira era meramente física. E assim era porque se tratou daquilo a que se pode chamar justamente um Concerto. Um momento de celebração entre o ouvido e os ouvintes em que a alegria da música junta as pessoas num só espaço, num só sentimento.
Volta, Tito... preciso de dançar mais vezes!
Dança ma mi Crouila
Até estava frio lá fora; até chovia lá fora. Cá dentro, o som era de festa e calor. Era de África. De Cabo-Verde.
Deu para tudo. Para chamar um percussioista-ao-palco-que-afinal-não-era-percussionista-mas-apenas-um-aficionado-de-música; para os espectadores (sobretudo mulheres com o diabo no corpo) irem dançar para o palco; para as pessoas não conterem a energia e se levantarem das cadeiras e dançar, ali mesmo, sem mais nem menos.
Bateu-se palmas excitadas, por tudo e por nada. Gritou-se, urrou-se. O Tito fazia e dava espectáculo. Falou em crioulo com os cabo-verdianos presentes num tu-cá-tu-lá arrepiante. Pediu paz.
Saíu do palco e voltou para se sentar ao piano e cantar a Sodade. Brincou com os seus companheiros de banda.
De cada vez que a morna trepava pelo corpo, os presentes olhavam em redor à espera do primeiro corajoso que se levantasse e começasse a dançar. Aí, levantava-se outro. E outro. Até que jovens e não-tão-jovens, mulheres e homens, dançavam. Celebravam. Sorriam de orelha a orelha. O Tito e a banda lá ao fundo no palco; os dançarinos improvisados cá em cima. A barreira era meramente física. E assim era porque se tratou daquilo a que se pode chamar justamente um Concerto. Um momento de celebração entre o ouvido e os ouvintes em que a alegria da música junta as pessoas num só espaço, num só sentimento.
Volta, Tito... preciso de dançar mais vezes!
Dança ma mi Crouila
terça-feira, 25 de novembro de 2008
Lembrei-me agora mesmo, como um raio imediato e intensíssimo, de uma cena do filme La Meglio Gioventu do qual já falei por aqui.
Lembrei-me porque estava a ouvir um disco do Tito Paris e começou a tocar a intemporal Sodade. No filme é cantada pela também ela intemporal Cesária Évora.
Recordei então o momento pujante onde o sol toca a terra e o amor nasce. A saudade arranha a alma. É quando esta mulher tão simples quanto líndissima se despede de Nicola. Ela está no porto; ele no navio. Ambos acenam, sorridentes e condescendentes com a suspeita de Amor que começa a crescer entre os dois. Por esta altura, a camera fica desfocada sobre Domenica. Então apenas conseguimos observar um corpo em pé, de farta cabeleira e com uma mão no ar. O sol banhando-lhe o corpo. O mar mesmo em frente e a espuma num vai-vém eterno e... saudoso. A música já toca e o nosso espírito arrepia-se. O sol ilumina a música; a música faz o sol dançar. O mar marca a distância. Que não é definitiva. Que é navegável como qualquer onda. E ela, e o seu corpo místico, ambos continuam lá. À espera.
O navio afasta-se. O corpo imóvel, perfeitamente imóvel. Por mais desfocado e longínquo, ele está lá. Como o sol e a música qe fecundam languidamente o fruto do Amor.
O meu respeito para com o Amor é infinito, metafísico, indomável... é grande, porra, é tão grande!
Abraça-me por favor...!
Lembrei-me porque estava a ouvir um disco do Tito Paris e começou a tocar a intemporal Sodade. No filme é cantada pela também ela intemporal Cesária Évora.
Recordei então o momento pujante onde o sol toca a terra e o amor nasce. A saudade arranha a alma. É quando esta mulher tão simples quanto líndissima se despede de Nicola. Ela está no porto; ele no navio. Ambos acenam, sorridentes e condescendentes com a suspeita de Amor que começa a crescer entre os dois. Por esta altura, a camera fica desfocada sobre Domenica. Então apenas conseguimos observar um corpo em pé, de farta cabeleira e com uma mão no ar. O sol banhando-lhe o corpo. O mar mesmo em frente e a espuma num vai-vém eterno e... saudoso. A música já toca e o nosso espírito arrepia-se. O sol ilumina a música; a música faz o sol dançar. O mar marca a distância. Que não é definitiva. Que é navegável como qualquer onda. E ela, e o seu corpo místico, ambos continuam lá. À espera.
O navio afasta-se. O corpo imóvel, perfeitamente imóvel. Por mais desfocado e longínquo, ele está lá. Como o sol e a música qe fecundam languidamente o fruto do Amor.
O meu respeito para com o Amor é infinito, metafísico, indomável... é grande, porra, é tão grande!
Abraça-me por favor...!
domingo, 23 de novembro de 2008
revolução a cores
Passeava eu em Barcelona rumo ao Parque Guel quando me deparei com este edifício e pensei para mim: mais um exemplo marado de arte urbana contemporânea.
Quando os meus olhos se dirigiram um pouco mais para baixo é que percebi que não, que não era mais uma dessas peças freaky-nice-art.
Eram sim tiros de tinta, provavelmente de uma paintball, disparados em forma de protesto:
Isto tem muita força...
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Alguns apontamentos de um senhor que gostei muito de ouvir
A propósito do plano Filosofia e Ciências empíricas:
Todos os níveis da realidade têm um Direito enquanto metáfora. É que em todos os níveis, todos, há regulação, coordenação e sujeição.
As normas produzem sociedades. Mas produzem também indivíduos. Quanto à segunda parte, interrogo-me: determinismo (aqui com uma clara carga negativa) ou realismo inexorável?
De Kant retiramos, entre outras, uma ideia de que em cada Pessoa reside um direito da Humanidade. (Talvez daqui, compreenda agora, o Verde no homem que Leonardo Coimbra atribuiu ao pensamento kantiano).
Dos nomes mais bonitos que já chamaram à Filosofia: o caminho de iluminação de um ponto fixo. E o que é o ponto fixo? 1) Uma lei oculta que explica a fenomenologia, a vida universal; 2) o próprio Homem como signo, como sinal que recebe significações do Direito, da Ciência, da Cultura. Eternamente (?) recebendo mais e mais significações, acrescento eu.
O senhor era o Professor Cândido da Agra.
Todos os níveis da realidade têm um Direito enquanto metáfora. É que em todos os níveis, todos, há regulação, coordenação e sujeição.
As normas produzem sociedades. Mas produzem também indivíduos. Quanto à segunda parte, interrogo-me: determinismo (aqui com uma clara carga negativa) ou realismo inexorável?
De Kant retiramos, entre outras, uma ideia de que em cada Pessoa reside um direito da Humanidade. (Talvez daqui, compreenda agora, o Verde no homem que Leonardo Coimbra atribuiu ao pensamento kantiano).
Dos nomes mais bonitos que já chamaram à Filosofia: o caminho de iluminação de um ponto fixo. E o que é o ponto fixo? 1) Uma lei oculta que explica a fenomenologia, a vida universal; 2) o próprio Homem como signo, como sinal que recebe significações do Direito, da Ciência, da Cultura. Eternamente (?) recebendo mais e mais significações, acrescento eu.
O senhor era o Professor Cândido da Agra.
sábado, 8 de novembro de 2008
Bravo!
Fui ontem ouvir o Ornette Coleman ao Coliseu. Cá fora estava uma noite propícia para o jazz quase-experimental de Coleman: frio, nevoeiro, gente nas ruas, luzes... um certo fog londrino, nas palavras exactas do meu pai.
Quanto ao concerto, foi curto mas bom. Muito bom! Tanto que depois de chegarmos a casa, ainda nos fomos sentar e ouvir isto:
Quanto ao concerto, foi curto mas bom. Muito bom! Tanto que depois de chegarmos a casa, ainda nos fomos sentar e ouvir isto:
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Como diz
o Saramago no Público de hoje, acredito e gosto de Obama porque "o homem tem algo de diferente".
É um pouco isso.
Viva!
É um pouco isso.
Viva!
domingo, 2 de novembro de 2008
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
da pobreza de espírito ou a ontologia da excentricidade
Alguém já parou para pensar no slogan-lema do Euromilhões? Passo a citar: "Há 4 anos a criar excêntricos". No seu website, o visitante é inclusive interrogado: Está excêntrico?
Nos anúncios de televisão, o slogan-lema é acompanhado de indivíduos acabados de realizar uma compra qualquer exuberante ou astronómica.
A publicidade consegue ser muita estúpida, de facto. Além de manipular o conceito em si de excentricidade, utiliza-o como se o ostensivo e uma petulância hiper-materialista constituíssem um forma de estar ou um status a alcançar. Não digo que não exista nem seja legítima de ter; digo que promovê-la idealisticamente é de uma imbecilidade tremenda.
Assim o povo continua a labuta, sonhando com a excentricidade que tarda em chegar...
Nos anúncios de televisão, o slogan-lema é acompanhado de indivíduos acabados de realizar uma compra qualquer exuberante ou astronómica.
A publicidade consegue ser muita estúpida, de facto. Além de manipular o conceito em si de excentricidade, utiliza-o como se o ostensivo e uma petulância hiper-materialista constituíssem um forma de estar ou um status a alcançar. Não digo que não exista nem seja legítima de ter; digo que promovê-la idealisticamente é de uma imbecilidade tremenda.
Assim o povo continua a labuta, sonhando com a excentricidade que tarda em chegar...
terça-feira, 28 de outubro de 2008
tesouros com pó
Desculpa lá dread, se não nasci no gueto.
Desculpa lá, se a pele da minha cara é muito clara para me
achares um verdadeiro preto.
Não há espiga, vamos fumar o cachimbo da paz.
Eu, tu e o novo rico de fato lilás.
Tu roubas-lhe o dinheiro...
Eu roubo-te a intolerância e o preconceito.
Vocês dois roubam-me o desconforto perfeito! (Vai mais uma passa?)
Pacman, Da Weasel (3º Capítulo, 1997)
Desculpa lá, se a pele da minha cara é muito clara para me
achares um verdadeiro preto.
Não há espiga, vamos fumar o cachimbo da paz.
Eu, tu e o novo rico de fato lilás.
Tu roubas-lhe o dinheiro...
Eu roubo-te a intolerância e o preconceito.
Vocês dois roubam-me o desconforto perfeito! (Vai mais uma passa?)
Pacman, Da Weasel (3º Capítulo, 1997)
domingo, 26 de outubro de 2008
vida e morte
Como disse ao amigo que me acompanhou à segunda parte da Melhor Juventude, quando algo me deixa tão atordoado, prefiro muitas vezes não traduzi-lo em palavras escritas. Não explicá-lo, não contá-lo, não descrevê-lo. Prefiro pensá-lo, vivê-lo interiormente. Por um lado porque me é difícil fazê-lo; por outro, porque não quero. Egoísta, talvez.
Filmes são filmes, é verdade. Mas quando um filme me bate como se de uma experiência de vida se tratasse, como se de um testemunho que me fosse passado, apercebo-me de que um filme pode não ser só um filme. Pode ser uma alma, um coração, um respirar.
Não sei o que mais dizer. Confesso a mim mesmo que estou perturbado.
Tudo é belo...
Filmes são filmes, é verdade. Mas quando um filme me bate como se de uma experiência de vida se tratasse, como se de um testemunho que me fosse passado, apercebo-me de que um filme pode não ser só um filme. Pode ser uma alma, um coração, um respirar.
Não sei o que mais dizer. Confesso a mim mesmo que estou perturbado.
Tudo é belo...
"Não Sofia, chama-se sensibilidade"
Chegado a casa às 2.40 da manhã, pensei em meter-me na cama para estudar umas coisas amanhã. No entanto, vi as luzinhas do computador acesas e não resisti à tentação de dar um salto na blogosfera. Ora há males que vêm por bem fez mais sentido do que nunca, e tendo sabido pelo blog de uma amiga que a hora havia atrasado, decidi dizer o que me vai na alma depois de ver A Melhor Juventude, de Marco Tullio Giordana. E o que posso dizer é que ainda estou com as emoções à flor da pele. Há muito tempo que um filme não me tocava tanto. Bem sei que isto pouco diz ao certo do filme mas... eu avisei que me iria referir ao que me vai na alma. E é isso. Arrepios. Pele de galinha também.
Ah, e ainda só vamos na primeira parte. Amanha segue-se a segunda. Fica o convite - no Teatro Campo Alegre, às 18h:30 e às 22h.
Ah, e ainda só vamos na primeira parte. Amanha segue-se a segunda. Fica o convite - no Teatro Campo Alegre, às 18h:30 e às 22h.
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
O Peixinho
Hoje fui com um amigo buscar um peixinho para oferecer como prenda a uma amiga minha. É uma oferenda simbólica mas que acho muito bonita. Tão bonita que hoje perguntei ao meu irmão se não gostava de ter um.
Creio que O Peixinho figurará em muitos imaginários, porventura nostálgicos, da nossa infância. Fosse a nossa casa ou a de um amigo que costumavamos frequentar, havia quase sempre O Peixinho. E o espaço do aquário do peixinho. Entretanto, o tempo passou, e hoje os cientistas da Verdade descem as encostas da Serra do Dogma e juntam-se a nós no Vale da Plebe Ignorante. Anunciam-nos então, de megafone em punho, que os aquários redondos fazem mal à cabeça dos peixinhos. Bem, seja. Ninguém queria fazer mal ao Peixinho!
E as estórias à volta do Peixinho? A alimentação, a mudança de água... não terá sido O Peixinho para muitas crianças o primeiro encarar com a responsabilidade? Mas mais épico do que isso, para muitos terá sido também o Peixinho que pela primeira vez pôs meninos em contacto com a dimensão real da morte. Digo isto sem qualquer pretenso humor. Penso ser uma primeira experiência importante, enriquecedora. Lembro-me que quando o meu Peixinho morreu, fiquei por uns dias a pensar na coisa. Sem grandes dramatismos, evidente. Todavia, evidente é também que a perda de algo ou alguém que nos é querido é sempre uma perda.
Nunca achei que iria escrever um texto tão extenso sobre isto. Mas bem, vou é tratar de tratar de trazer um peixinho para casa.
domingo, 19 de outubro de 2008
a palavra mágica
Parece que John McCain apelidou de "socialistas" as políticas fiscais de Barack Obama.
Se fosse a Obama, começava imediatamente a pensar num retratamento público, não vão os americanos acreditar nas palavras do republicano.
Se fosse a Obama, começava imediatamente a pensar num retratamento público, não vão os americanos acreditar nas palavras do republicano.
sábado, 18 de outubro de 2008
esbofeteado
terça-feira, 14 de outubro de 2008
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Para os papagaios e outros camaleões da crise que se esquecem do Homem
Ora o primeiro aspecto a reter é que, embora uma parte tão grande do mundo seja criada pelo homem, raramente pensamos nela enquanto tal e, neste sentido, somos alienados dos nossos produtos. Mais, temos tendência a tomá-los como adquiridos. Pensem na história da engenharia que foi necessária para que saia água limpa quente e fria das vossas torneiras. No entanto, só damos conta disso quando o abastecimento tem o desplante de falhar. A mistificação fica completa se pensarmos em como tão poucos de nós têm ideia de como funcionam electrodomésticos perfeitamente vulgares. Qual de nós pode honestamente dizer que compreende como funciona o seu frigorífico, mesmo quando isso lhe foi explicado? Nós, seres humanos, criámos um mundo que simplesmente não compreendemos; somos estranho no nosso próprio mundo.
Mas estes produtos não só nos deixam perplexos como chegamos a ser dominados por eles. (...) somos alienados durante a produção. A tecnologia da linha de montagem é a principal culpada. Mas quem inventou esta tecnologia e quem a construiu? Fomos nós. É portanto um exemplo de um produto que nos domina.
Mas a ideia de dominação vai muito mais fundo. Peguemos na ideia batida de que "não se pode lutar contra o mercado". Acostumámo-nos à ideia de que existem coisas como as "leis do mercado" e se as ignorámos fazemo-lo por nossa conta e risco. É tão provável acabarmos em desgraça como se ignorarmos as leis naturais - da gravidade, do magnetismo e por aí adiante. (...)
A lição a tirar é a de que a economia capitalista torna racionais algumas formas de comportamento, e torna outras irracionais. Assim, é melhor fazer o que mercado ordena, senão fica-se em apuros. Deste modo, damos por nós dominados pelo mercado. Mas o que é o mercado? Apenas os efeitos acumulados de incontáveis decisões humanas sobre produção e consumo. É, então, um produto nosso. Daqui conclui-se que, mais uma vez, passámos a ser dominados pelo nosso próprio produto. E mesmo sendo o nosso produto, ele não está já sob o nosso controlo. Quem quer, por exemplo, que haja um crash na bolsa? Mas acontece, de tempos a tempos, como consequência indesejada das nossas próprias acções individuais, cada uma das quais pode ter parecido perfeitamente racional nas condições em que foi feita. (...) Como diz Marx, experimentamos a "dominação completa da matéria morta sobre os homens".
in Porquê ler Marx hoje?, Jonathan Wolff
Mas estes produtos não só nos deixam perplexos como chegamos a ser dominados por eles. (...) somos alienados durante a produção. A tecnologia da linha de montagem é a principal culpada. Mas quem inventou esta tecnologia e quem a construiu? Fomos nós. É portanto um exemplo de um produto que nos domina.
Mas a ideia de dominação vai muito mais fundo. Peguemos na ideia batida de que "não se pode lutar contra o mercado". Acostumámo-nos à ideia de que existem coisas como as "leis do mercado" e se as ignorámos fazemo-lo por nossa conta e risco. É tão provável acabarmos em desgraça como se ignorarmos as leis naturais - da gravidade, do magnetismo e por aí adiante. (...)
A lição a tirar é a de que a economia capitalista torna racionais algumas formas de comportamento, e torna outras irracionais. Assim, é melhor fazer o que mercado ordena, senão fica-se em apuros. Deste modo, damos por nós dominados pelo mercado. Mas o que é o mercado? Apenas os efeitos acumulados de incontáveis decisões humanas sobre produção e consumo. É, então, um produto nosso. Daqui conclui-se que, mais uma vez, passámos a ser dominados pelo nosso próprio produto. E mesmo sendo o nosso produto, ele não está já sob o nosso controlo. Quem quer, por exemplo, que haja um crash na bolsa? Mas acontece, de tempos a tempos, como consequência indesejada das nossas próprias acções individuais, cada uma das quais pode ter parecido perfeitamente racional nas condições em que foi feita. (...) Como diz Marx, experimentamos a "dominação completa da matéria morta sobre os homens".
in Porquê ler Marx hoje?, Jonathan Wolff
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
VAMOS FALAR SÉRIO...
Estava eu já na cama descansadinho e de banho tomado com o ipsilon à frente quando, incauto, abro a primeira página e vejo que...
DJ PREMIER (27 Outubro), GURU (3 Novembro), AFRIKA BAMBAATA (17 NOVEMBRO) e DE LA SOUL (1 DEZEMBRO) VÃO ACTUAR EM LISBOA!
DÁ PARA ACREDITAR?!
WOOORD UP!
DJ PREMIER (27 Outubro), GURU (3 Novembro), AFRIKA BAMBAATA (17 NOVEMBRO) e DE LA SOUL (1 DEZEMBRO) VÃO ACTUAR EM LISBOA!
DÁ PARA ACREDITAR?!
WOOORD UP!
terça-feira, 7 de outubro de 2008
amemo-nos, caminhando
Sustentado com uma carne inocente, satisfeito com pouco, sempre pronto para o voo, impaciente por voar, ganhar voo, eis como sou. Como não havia de ter alguma coisa da ave?
E é sobretudo por odiar o espírito de Gravidade que tenho alguma coisa da ave; na verdade, sou seu inimigo mortal, abonado, jurado.
(...)
Aquele qe um dia ensinar os homens a voar deslocará todas as barreiras; fará saltar todas as barreiras, dará à terra um nome novo, chamar-lhe-á "a Leve".
(...)
É preciso aprender a amar-se a si próprio, tal é a minha doutrina, com um amor total e são, a fim de ficar preso a si mesmo (...).
(...)
E na verdade, aprender a amar-se, não é uma máxima aplicável a partir de hoje ou de amanhã. É, pelo contrário, de todas as artes, a mais subtil, a mais astuta, a arte suprema, e aquela que requere mais paciência.
O que possuímos está-nos sempre sempre escondido; e de todos os tesouros é o seu próprio que todos desenterram em último lugar. Assim quis o espírito de Gravidade.
É quase que desde o berço que nos dotam com palavras pesadas, com valores pesados chamados "bem" e "mal", porque tal é o nome deste património. Pelo preço desses valores, desculpam-nos o facto de viver.
E se os homens deixam vir a si as criancinhas, é para as impedir a tempo que se amem a si próprias; tal é a obra do espírito de Gravidade.
Quanto a nós, arrastamos conscienciosamente aquilo com que nos carregaram, nos nossos duros ombros, para além das rudes montanhas. E quando estamos encharcado em suor, dizem-nos: "Sim, a vida é difícil de levar!".
(...)
O homem é difícil de descobrir, sobretudo quando se trata de se descobrir a ele mesmo. Muitas vezes o espírito mente a respeito da alma. Eis a obra do espírito de Gravidade.
(...)
Na verdade, também eu aprendi a esperar, mas a esperar-me a mim mesmo. E sobretudo aprendi a estar de pé, a andar, a correr, a saltar, a trepar, a dançar. Porque tal é a minha doutrina; se quisermos aprender um dia a voar, é preciso começar por aprender a estar de pé, a caminhar, a corer, a saltar, a trepar, a dançar.
Para aprender a voar não basta um único golpe de asa.
(...)
Tomei por muitos caminhos e servi-me de muitos meios para chegar à minha verdade, servi-me de mais de uma escada para chegar à altura de onde o meu olhar percorre os longínquos espaços.
E foi sempre contrariado que perguntei o meu caminho, sempre isso me repugnou. Prefiro interrogar os próprios caminhos e experimentá-los.
Experimentar e interrogar é a minha maneira de avançar, e na verdade é também necessário aprender a responder a semelhantes perguntas. É esse o meu gosto.
Esse gosto não é bom nem mau, é o meu gosto; não tenho vergonha dele e dele não faço mistério.
"Eis o meu caminho; e vós, onde está o vosso?". É o que responde aos que me perguntam o "caminho". O caminho, com efeito, não existe.
in Assim falava Zaratustra, Nietzsche
E é sobretudo por odiar o espírito de Gravidade que tenho alguma coisa da ave; na verdade, sou seu inimigo mortal, abonado, jurado.
(...)
Aquele qe um dia ensinar os homens a voar deslocará todas as barreiras; fará saltar todas as barreiras, dará à terra um nome novo, chamar-lhe-á "a Leve".
(...)
É preciso aprender a amar-se a si próprio, tal é a minha doutrina, com um amor total e são, a fim de ficar preso a si mesmo (...).
(...)
E na verdade, aprender a amar-se, não é uma máxima aplicável a partir de hoje ou de amanhã. É, pelo contrário, de todas as artes, a mais subtil, a mais astuta, a arte suprema, e aquela que requere mais paciência.
O que possuímos está-nos sempre sempre escondido; e de todos os tesouros é o seu próprio que todos desenterram em último lugar. Assim quis o espírito de Gravidade.
É quase que desde o berço que nos dotam com palavras pesadas, com valores pesados chamados "bem" e "mal", porque tal é o nome deste património. Pelo preço desses valores, desculpam-nos o facto de viver.
E se os homens deixam vir a si as criancinhas, é para as impedir a tempo que se amem a si próprias; tal é a obra do espírito de Gravidade.
Quanto a nós, arrastamos conscienciosamente aquilo com que nos carregaram, nos nossos duros ombros, para além das rudes montanhas. E quando estamos encharcado em suor, dizem-nos: "Sim, a vida é difícil de levar!".
(...)
O homem é difícil de descobrir, sobretudo quando se trata de se descobrir a ele mesmo. Muitas vezes o espírito mente a respeito da alma. Eis a obra do espírito de Gravidade.
(...)
Na verdade, também eu aprendi a esperar, mas a esperar-me a mim mesmo. E sobretudo aprendi a estar de pé, a andar, a correr, a saltar, a trepar, a dançar. Porque tal é a minha doutrina; se quisermos aprender um dia a voar, é preciso começar por aprender a estar de pé, a caminhar, a corer, a saltar, a trepar, a dançar.
Para aprender a voar não basta um único golpe de asa.
(...)
Tomei por muitos caminhos e servi-me de muitos meios para chegar à minha verdade, servi-me de mais de uma escada para chegar à altura de onde o meu olhar percorre os longínquos espaços.
E foi sempre contrariado que perguntei o meu caminho, sempre isso me repugnou. Prefiro interrogar os próprios caminhos e experimentá-los.
Experimentar e interrogar é a minha maneira de avançar, e na verdade é também necessário aprender a responder a semelhantes perguntas. É esse o meu gosto.
Esse gosto não é bom nem mau, é o meu gosto; não tenho vergonha dele e dele não faço mistério.
"Eis o meu caminho; e vós, onde está o vosso?". É o que responde aos que me perguntam o "caminho". O caminho, com efeito, não existe.
in Assim falava Zaratustra, Nietzsche
domingo, 5 de outubro de 2008
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
tem ratos, tem ratos
O que se está a passar no PS à volta da questão do voto sobre o projecto do BE e dos Verdes para o casamento entre pessoas do mesmo sexo traduz o que penso actualmente dos meandros "socialistas". Hipocrisia (justificando-se a disciplina de voto contra com a ausência do tema no programa de governo - já o divórcio...); asfixia (disciplina de voto contra um projecto fundamental para uma sociedade mais livre, igualitáia e tolerante na qual um P"S" se devia obviamente revêr); bizarria (com a hipótese de se conceder uma excepcional liberdade de voto a apenas um (!) deputado - o ex líder da JS). E digo isto sem tomar sequer partido pela questão que está em cima da mesa (apesar de já aqui a ter manifestado); digo-o apenas como observador de um pobre e humilhante número de circo.
Neste momento, o PS enoja-me.
P.S. - Já agora, diga-se de passagem que o PSD concedeu liberdade de voto. Muito bem!
Neste momento, o PS enoja-me.
P.S. - Já agora, diga-se de passagem que o PSD concedeu liberdade de voto. Muito bem!
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Alguém ainda se lembra?
Eu gostava muito desta série. Entre outras coisas, tinha uma banda sonora fantástica que lhe conferia uma aura muito própria. Neste excerto podemos escutar Pedro Abrunhosa, Xutos ou Texas (que grande som...). Eram músicas que absorviam o meu virgem espírito enquanto acompanhava as aventuras e desventuras daqueles adolescentes tão longe de mim, algures numa Lisboa cosmopolita, mundana e híbrida. Sem saber muito bem o que isto quer dizer, vou dizê-lo na mesma: acho que cresci com os Riscos.
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
"Para os crentes, o natural é o sobrenatural".*
Para quem é um profundo ignorante da obra de Manoel de Oliveira, como é o meu caso, o ciclo de Serralves tem sido muito interessante. Depois de ter ido ver na inauguração o filme/documentário Une journée dans la vie de Manoel de Oliveira, hoje fui assistir a Benilde ou a Virgem Mãe (1975). A duração é algo exagerada e há momentos sonolentos, é um facto. Mas é também um facto o modo cru, poderoso e (/mas) delicado como o realizador pensa e esboça a dimensão humana. Gostei muito.
*Frase da personagem que encarna o Padre.
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
ainda sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo
Em vésperas de votação na AR do projecto formulado pelos Os Verdes, quis aqui escrever algo. Cheguei à conclusão que já muito escrevi sobre a questão, neste e noutros blogs.
Por isso decidi pegar num excerto de um trabalho feito para a cadeira de Direito Constitucional por mim e outro colega. Cortei a parte da interpretação jurídica dada a sua tecnicidade. Bem sei da capital importância desta. Todavia, não querendo ser maçador com tais hermenêuticas (o espírito da lei para aqui até é, na minha opinião, secundário, dada a clareza da letra, pelo que o espírito só será fundamental quando apreciada a dialéctica direito/sociedade) e sendo o excerto aqui transcrito uma apreciação global com suporte juridicamente e previamente fundamentado, considero que aqui fica a minha opinião final sobre esta vexata quaestio (infelizmente).
O trabalho é um comentário ao Acórdão do Tribunal de Relação aquando do recurso da decisão do Conservador do Registo Civil interposto pelas cidadãs Teresa Pires e Helena Paixão.
Em breve sairá a decisão do TC do recurso para si enviado.
11. – Considerações globais
A análise e opinião pessoal que emitimos sobre o acórdão foi feita, toda ela, em termos jurídicos, isto é, no quadro da Ordem jurídica portuguesa e dos seus monumentos legislativos. Dentro destes últimos, a CRP mereceu-nos especial atenção e referência, pelo nível supremo que ocupa na ordem jurídica interna.
Mas não podemos deixar de tecer uma consideração além-Direito sobre o acórdão.
O casamento entre homossexuais é hoje em dia elevado, pela sociedade política e pelos media, à condição de questão fracturante. À semelhança da interrupção voluntária da gravidez (IVG), por exemplo. Fracturante ou não, cremos ser acima de tudo uma questão cuja dimensão e envolvência social se encontra indissociável dos valores, princípios e mentalidades que se pretendem de uma sociedade moderna e sucessivamente aperfeiçoada no que toca à Democracia, à Igualdade e à Tolerância. Uma sociedade livre de preconceitos e fobias. Enfim, uma sociedade onde realmente se possa afirmar que “Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei”. E, mais do que afirmar, testemunhar e vivenciar. Porque o Direito só é Direito quando “vivido”.
Aproveitando os dados do acórdão quanto aos países onde o casamento homossexual é já permitido – e aos quais acrescentamos a vizinha Espanha – pensamos que as conclusões daí a retirar são bem diferentes das que o acórdão retira. O que do nosso ponto de vista fica ressalvado é que o caminho para uma igualdade e tolerância que se querem cada vez mais plenas, já começou, felizmente, a ser trilhado. Cabe-nos a nós, jovens, adultos, idosos, estudantes, trabalhadores, homens, mulheres e todos os que se revejam numa comunidade fraterna, aberta e tolerante, empenharmo-nos nesse caminho. Continuar a desbravá-lo. Porque este caminho é feito de pequenas vitórias. Grandes, para quem por elas luta. Uma democracia como a portuguesa que, além de política, se quer cívica e activa (artigos 2º, 8º, 48º e 109º da CRP), exige dos seus actores (todos os cidadãos) a presença no palco da discussão. Porque devendo o Direito estar atento e confluir na mutação da sociedade, cabe-nos a nós, cidadãos, operar essa mutação no quadro de um Estado democrático e plural. Por isso mesmo, os exemplos da Escandinávia, Holanda, Alemanha, Bélgica e Espanha – e outros que entretanto se preparam para adoptar a mesma legislação – são, a nosso ver, não uma mera prova redutora, em termos jurídicos, de que “o casamento não é a única forma de constituir família”, mas, muito mais importante do que isso, a prova de que, de facto, é possível acreditar e lutar activamente pelos nossos direitos. Enfim, pela nossa liberdade. E já que nos referimos à comunidade internacional, europeia neste caso, aproveitamos para mencionar os diplomas onde, do nosso ponto de vista, o casamento e a não-discriminação são considerados sob o mesmo ponto de vista da nossa CRP. O que reforça pois a posição por nós aqui assumida e defendida. Era imperioso fazê-lo, tanto mais que hoje, o apelo para diplomas de organismos deste género, supra-estaduais ou internacionais, é tão frequente para legitimar, apoiar ou reforçar causas. Assim, enunciamos os artigos 1º, 2º, 6º, 7º, 8º e 16º da Declaração Universal dos Direitos do Homem; o número 1 do artigo 10º do Pacto Internacional sobre os Direitos económicos, sociais e culturais; os artigos 23º e 26º do Pacto Internacional sobre os direitos civis e políticos; os artigos 12º e 14º da Convenção Europeia dos Direitos do Homem; e, finalmente, os artigos 51º, 52º, 53º, 54º e 73º da Resolução sobre o respeito pelos Direitos do Homem na União Europeia.
Como já dissemos, esta é uma questão apelidada de “fracturante”. Por isso mesmo achamos importante fazê-la incidir no campo axiológico. Recorrendo aos estudos do Professor Gomes Canotilho, recordamos a teoria da ordem de valores ou a teoria da integração de Smend que, como refere Gomes Canotilho, se pode afigurar perigosa para o quadro democrático-constitucional. Diz o professor que a “ordem de valores tenta transformar os direitos fundamentais num sistema fechado, separado do resto da Constituição”; “a ordem de valores abre o caminho para a interpretação dos direitos fundamentais desembocar numa intuição espiritual, conducente a uma tirania de valores, estática e decisionista”. É inegável que o casamento entre homossexuais envolve mentalidades, costumes e valores numa sociedade. E sem dúvida que qualquer sociedade os deve ter. Todavia, a tirania de valores de que fala Gomes Canotilho é, de facto, muito perigosa. As pessoas mudam. A sociedade muda. Os valores também! Não necessariamente de forma radical ou absoluta. Mas a sua mutação permanente é um facto. A não ser assim, ainda hoje teríamos as sufragistas em greve de fome ou negros americanos sem direito de voto…
Terminamos a nossa já longa dissertação com um comentário e uma menção. O comentário vai para as palavras de Pereira Coelho e Guilherme de Oliveira no acórdão. Tal como dizem os dois autores, não faria sentido que a CRP concedesse um direito e ao mesmo tempo permitisse ao legislador suprimir ou desfigurar o seu núcleo essencial. Pois é isso mesmo que acontece. A nosso ver, esse direito é plenamente concedido. Mas não reconhecido. E por isso, efectivamente, suprimido ou desfigurado.
Para finalizar, mencionamos as palavras do advogado Luís Grave Rodrigues, advogado das duas requerentes ao longo de todo o processo. Segundo ele, na CRP, “há muito que é permitido o casamento entre pessoas do mesmo sexo”. Por tudo o que temos vindo a dizer, concordamos totalmente. Até porque, continuando a citar Luís Grave Rodrigues, “o próprio Tribunal Constitucional já reconheceu noutros acórdãos a existência de famílias homossexuais por união de facto, reconhecendo-lhes inclusive, certos direitos, como o recebimento de pensões”. Este último ponto é importante, uma vez que não foi explorado neste estudo. Não nos esqueçamos que o casamento, além de um direito, compreende um enquadramento jurídico-legal que envolve inúmeros direitos e deveres. Que, tal como o direito em si, deve ser concedidos a todos. E “todos” significa “todos”.
Por isso decidi pegar num excerto de um trabalho feito para a cadeira de Direito Constitucional por mim e outro colega. Cortei a parte da interpretação jurídica dada a sua tecnicidade. Bem sei da capital importância desta. Todavia, não querendo ser maçador com tais hermenêuticas (o espírito da lei para aqui até é, na minha opinião, secundário, dada a clareza da letra, pelo que o espírito só será fundamental quando apreciada a dialéctica direito/sociedade) e sendo o excerto aqui transcrito uma apreciação global com suporte juridicamente e previamente fundamentado, considero que aqui fica a minha opinião final sobre esta vexata quaestio (infelizmente).
O trabalho é um comentário ao Acórdão do Tribunal de Relação aquando do recurso da decisão do Conservador do Registo Civil interposto pelas cidadãs Teresa Pires e Helena Paixão.
Em breve sairá a decisão do TC do recurso para si enviado.
11. – Considerações globais
A análise e opinião pessoal que emitimos sobre o acórdão foi feita, toda ela, em termos jurídicos, isto é, no quadro da Ordem jurídica portuguesa e dos seus monumentos legislativos. Dentro destes últimos, a CRP mereceu-nos especial atenção e referência, pelo nível supremo que ocupa na ordem jurídica interna.
Mas não podemos deixar de tecer uma consideração além-Direito sobre o acórdão.
O casamento entre homossexuais é hoje em dia elevado, pela sociedade política e pelos media, à condição de questão fracturante. À semelhança da interrupção voluntária da gravidez (IVG), por exemplo. Fracturante ou não, cremos ser acima de tudo uma questão cuja dimensão e envolvência social se encontra indissociável dos valores, princípios e mentalidades que se pretendem de uma sociedade moderna e sucessivamente aperfeiçoada no que toca à Democracia, à Igualdade e à Tolerância. Uma sociedade livre de preconceitos e fobias. Enfim, uma sociedade onde realmente se possa afirmar que “Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei”. E, mais do que afirmar, testemunhar e vivenciar. Porque o Direito só é Direito quando “vivido”.
Aproveitando os dados do acórdão quanto aos países onde o casamento homossexual é já permitido – e aos quais acrescentamos a vizinha Espanha – pensamos que as conclusões daí a retirar são bem diferentes das que o acórdão retira. O que do nosso ponto de vista fica ressalvado é que o caminho para uma igualdade e tolerância que se querem cada vez mais plenas, já começou, felizmente, a ser trilhado. Cabe-nos a nós, jovens, adultos, idosos, estudantes, trabalhadores, homens, mulheres e todos os que se revejam numa comunidade fraterna, aberta e tolerante, empenharmo-nos nesse caminho. Continuar a desbravá-lo. Porque este caminho é feito de pequenas vitórias. Grandes, para quem por elas luta. Uma democracia como a portuguesa que, além de política, se quer cívica e activa (artigos 2º, 8º, 48º e 109º da CRP), exige dos seus actores (todos os cidadãos) a presença no palco da discussão. Porque devendo o Direito estar atento e confluir na mutação da sociedade, cabe-nos a nós, cidadãos, operar essa mutação no quadro de um Estado democrático e plural. Por isso mesmo, os exemplos da Escandinávia, Holanda, Alemanha, Bélgica e Espanha – e outros que entretanto se preparam para adoptar a mesma legislação – são, a nosso ver, não uma mera prova redutora, em termos jurídicos, de que “o casamento não é a única forma de constituir família”, mas, muito mais importante do que isso, a prova de que, de facto, é possível acreditar e lutar activamente pelos nossos direitos. Enfim, pela nossa liberdade. E já que nos referimos à comunidade internacional, europeia neste caso, aproveitamos para mencionar os diplomas onde, do nosso ponto de vista, o casamento e a não-discriminação são considerados sob o mesmo ponto de vista da nossa CRP. O que reforça pois a posição por nós aqui assumida e defendida. Era imperioso fazê-lo, tanto mais que hoje, o apelo para diplomas de organismos deste género, supra-estaduais ou internacionais, é tão frequente para legitimar, apoiar ou reforçar causas. Assim, enunciamos os artigos 1º, 2º, 6º, 7º, 8º e 16º da Declaração Universal dos Direitos do Homem; o número 1 do artigo 10º do Pacto Internacional sobre os Direitos económicos, sociais e culturais; os artigos 23º e 26º do Pacto Internacional sobre os direitos civis e políticos; os artigos 12º e 14º da Convenção Europeia dos Direitos do Homem; e, finalmente, os artigos 51º, 52º, 53º, 54º e 73º da Resolução sobre o respeito pelos Direitos do Homem na União Europeia.
Como já dissemos, esta é uma questão apelidada de “fracturante”. Por isso mesmo achamos importante fazê-la incidir no campo axiológico. Recorrendo aos estudos do Professor Gomes Canotilho, recordamos a teoria da ordem de valores ou a teoria da integração de Smend que, como refere Gomes Canotilho, se pode afigurar perigosa para o quadro democrático-constitucional. Diz o professor que a “ordem de valores tenta transformar os direitos fundamentais num sistema fechado, separado do resto da Constituição”; “a ordem de valores abre o caminho para a interpretação dos direitos fundamentais desembocar numa intuição espiritual, conducente a uma tirania de valores, estática e decisionista”. É inegável que o casamento entre homossexuais envolve mentalidades, costumes e valores numa sociedade. E sem dúvida que qualquer sociedade os deve ter. Todavia, a tirania de valores de que fala Gomes Canotilho é, de facto, muito perigosa. As pessoas mudam. A sociedade muda. Os valores também! Não necessariamente de forma radical ou absoluta. Mas a sua mutação permanente é um facto. A não ser assim, ainda hoje teríamos as sufragistas em greve de fome ou negros americanos sem direito de voto…
Terminamos a nossa já longa dissertação com um comentário e uma menção. O comentário vai para as palavras de Pereira Coelho e Guilherme de Oliveira no acórdão. Tal como dizem os dois autores, não faria sentido que a CRP concedesse um direito e ao mesmo tempo permitisse ao legislador suprimir ou desfigurar o seu núcleo essencial. Pois é isso mesmo que acontece. A nosso ver, esse direito é plenamente concedido. Mas não reconhecido. E por isso, efectivamente, suprimido ou desfigurado.
Para finalizar, mencionamos as palavras do advogado Luís Grave Rodrigues, advogado das duas requerentes ao longo de todo o processo. Segundo ele, na CRP, “há muito que é permitido o casamento entre pessoas do mesmo sexo”. Por tudo o que temos vindo a dizer, concordamos totalmente. Até porque, continuando a citar Luís Grave Rodrigues, “o próprio Tribunal Constitucional já reconheceu noutros acórdãos a existência de famílias homossexuais por união de facto, reconhecendo-lhes inclusive, certos direitos, como o recebimento de pensões”. Este último ponto é importante, uma vez que não foi explorado neste estudo. Não nos esqueçamos que o casamento, além de um direito, compreende um enquadramento jurídico-legal que envolve inúmeros direitos e deveres. Que, tal como o direito em si, deve ser concedidos a todos. E “todos” significa “todos”.
como disse?
O PCP diz isto como se fosse uma posição sua há já muito tempo (sobre o casamento de pessoas do mesmo sexo). Lapso ou engano deliberado? É que o PCP, o partido de vanguarda humanista, à semelhança de outros partidos comunistas, nunca esteve abertamente ao lado desta causa. Aliás, por vezes nem abertamente nem de forma nenhuma. Por isso não, infelizmente não era uma posição sua.
Felizmente, passou a ser.
Felizmente, passou a ser.
pontos de interrogação
Nos últimos dias muitos têm perguntado ao mundo - e talvez fosse mais inteligente fazerem primeiro algumas questões a si próprios - se é agora o fim do capitalismo.
Pois parece-me a mim que há uma questão bem mais interessante a fazer: se é agora o fim da era em que se pergunta se é agora o fim do capitalismo.
É só uma sugestão... sem qualquer intenção assertiva ou dogmática.
Pois parece-me a mim que há uma questão bem mais interessante a fazer: se é agora o fim da era em que se pergunta se é agora o fim do capitalismo.
É só uma sugestão... sem qualquer intenção assertiva ou dogmática.
domingo, 21 de setembro de 2008
The Meaning of Life (II)
Não nos cozas, não nos frites, não nos asses, não nos tornes em espetadas,...
The Meaning of Life
Every Sperm is Sacred ou o musical onde Manuela Ferreira Leite devia ter participado:
sábado, 20 de setembro de 2008
Os Estatutos do Homem
(...)
Artigo VIII
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.
(...)
Artigo XII
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.
Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.
(...)
Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.
Santiago do Chile, Abril de 1964, Thiago de Mello
Artigo VIII
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.
(...)
Artigo XII
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.
Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.
(...)
Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.
Santiago do Chile, Abril de 1964, Thiago de Mello
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
mi Barcelona es su Barcelona (V) - Fundació Joan Miró
Para quem já conhece alguma coisa de Miró, a Fundació Joan Miró, situada no lindíssimo Montjuic, não é um espaço fascinante. Não o foi para mim, pelo menos. Depois de calcorrear as salas, saí de lá mais atordoado com a quantidade de olhos e círculos presente em cada quadro do que propriamente com a qualidade genuína do artista. Mas bem, prefiro pensar que o desânimo foi provocado mais pelo cansaço, a fome, a sede, etc...
Engraçada era uma exposição que decorria paralelamente no museu. Tratava-se de uma série de instalações de um artista islandês, de quem neste momento não me lembro do nome, e que promovia um esotérico jogo de multimédia, luz e cores. Ah! E havia ainda também ao mesmo tempo uma mega sessão de construção de legos... [o lego do LOVE fui eu que fiz :)]
Engraçada era uma exposição que decorria paralelamente no museu. Tratava-se de uma série de instalações de um artista islandês, de quem neste momento não me lembro do nome, e que promovia um esotérico jogo de multimédia, luz e cores. Ah! E havia ainda também ao mesmo tempo uma mega sessão de construção de legos... [o lego do LOVE fui eu que fiz :)]
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
terça-feira, 9 de setembro de 2008
mi Barcelona es su Barcelona (IV) - Poble Espanyol
O Poble Espanyol é um recinto circundado por muralhas que pretende ser um repositório cultural e social de Espanha. Como se costuma dizer, Espanha não é um estado: são vários estados (ou regiões autónomas, para ser mais preciso) juridicamente unificadas numa só. De forma mais ou menos harmoniosa (veja-se o País Basco ou a Catalunha).
Ora o Poble Espanyol procura reunir num só espaço os fragmentos dessas diferentes identidades, ou pertenças na visão tão clarividente de Amin Maalouf no seu livro Identidades Assassinas.
O que procura então reunir? As diferenças estéticas urbanas, desde as ruas às fachadas arquitectónicas das casas. As lojas estão também dividas por zonas de Espanha. Assim vamos na rua, olhamos à nossa direita e encontramos a casa-loja do País Basco.
A ideia até parece engraçada até ao momento em que descobrimos que a casa-loja do País Basco se resume à sua construção arquitectónica. Porque quem está lá a trabalhar ou os produtos que estão a vender não são do País Basco nem coisa parecida. São produtos. Tudo artesanato, é certo. Mas produtos, feito algures. Isto foi-me contado pelos próprios empregados das lojas. A partir daqui, a visita tem o seu quê de desilusão.
No extremo oeste do recinto fica um fantástico jardim de esculturas, onde muito me diverti a tirar algumas fotografias.
Funciona ainda, perto da entrada do recinto, uma discoteca muito conhecida, cujo nome neste momento não me recordo.
Ora o Poble Espanyol procura reunir num só espaço os fragmentos dessas diferentes identidades, ou pertenças na visão tão clarividente de Amin Maalouf no seu livro Identidades Assassinas.
O que procura então reunir? As diferenças estéticas urbanas, desde as ruas às fachadas arquitectónicas das casas. As lojas estão também dividas por zonas de Espanha. Assim vamos na rua, olhamos à nossa direita e encontramos a casa-loja do País Basco.
A ideia até parece engraçada até ao momento em que descobrimos que a casa-loja do País Basco se resume à sua construção arquitectónica. Porque quem está lá a trabalhar ou os produtos que estão a vender não são do País Basco nem coisa parecida. São produtos. Tudo artesanato, é certo. Mas produtos, feito algures. Isto foi-me contado pelos próprios empregados das lojas. A partir daqui, a visita tem o seu quê de desilusão.
No extremo oeste do recinto fica um fantástico jardim de esculturas, onde muito me diverti a tirar algumas fotografias.
Funciona ainda, perto da entrada do recinto, uma discoteca muito conhecida, cujo nome neste momento não me recordo.