segunda-feira, 13 de outubro de 2025


Quiçá o mais interessante em The Smashing Machine seja a forma inusitada, até desconcertante, como recusa conscientemente a grandiloquência (essa que Brady Corbet, contemporâneo de Safdie, não hesitaria em exercitar) num género de filme e de protagonista que a reclamam a todo o tempo. É deliberada a tomada de parte pela modéstia e pela simplicidade (aqui também entendida como produtora de verdade), o que, se pode frustrar e impregnar o filme de uma significativa superficialidade, não deixa de ser admirável enquanto gesto de contenção, avesso à ambição e à megalomania dramáticas (o que também possui a sua dose de alívio nos tempos hiperbólicos que vivemos). A escala é, irredutivelmente, humana - mesmo que o espectador até o possa desejar, o protagonista não será nunca, afinal, "bigger than life".

É disto paradigmático o modo como Safdie filma a passagem do seu protagonista pelo rehab: se a memória não me falha, dois, unicamente dois planos gerais do exterior da clínica de desintoxicação, um com Kerr a entrar, outro a sair. Cenas túrbidas de Kerr lutando com a "tentação" de reincidir nos opiáceos? Nenhuma, naturalmente.

Sem comentários: