Cheguei há pouco de um concerto maravilhoso na Casa das Artes de Famalicão. A mestria coube ao Tito Paris.
Até estava frio lá fora; até chovia lá fora. Cá dentro, o som era de festa e calor. Era de África. De Cabo-Verde.
Deu para tudo. Para chamar um percussioista-ao-palco-que-afinal-não-era-percussionista-mas-apenas-um-aficionado-de-música; para os espectadores (sobretudo mulheres com o diabo no corpo) irem dançar para o palco; para as pessoas não conterem a energia e se levantarem das cadeiras e dançar, ali mesmo, sem mais nem menos.
Bateu-se palmas excitadas, por tudo e por nada. Gritou-se, urrou-se. O Tito fazia e dava espectáculo. Falou em crioulo com os cabo-verdianos presentes num tu-cá-tu-lá arrepiante. Pediu paz.
Saíu do palco e voltou para se sentar ao piano e cantar a Sodade. Brincou com os seus companheiros de banda.
De cada vez que a morna trepava pelo corpo, os presentes olhavam em redor à espera do primeiro corajoso que se levantasse e começasse a dançar. Aí, levantava-se outro. E outro. Até que jovens e não-tão-jovens, mulheres e homens, dançavam. Celebravam. Sorriam de orelha a orelha. O Tito e a banda lá ao fundo no palco; os dançarinos improvisados cá em cima. A barreira era meramente física. E assim era porque se tratou daquilo a que se pode chamar justamente um Concerto. Um momento de celebração entre o ouvido e os ouvintes em que a alegria da música junta as pessoas num só espaço, num só sentimento.
Volta, Tito... preciso de dançar mais vezes!
Dança ma mi Crouila
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