Da minha janela vejo o Bósforo todos os dias: divisões e correntes, agitações e marés. Tal como no homem, tal como no mundo.
terça-feira, 29 de outubro de 2024
segunda-feira, 28 de outubro de 2024
sexta-feira, 25 de outubro de 2024
How Much I Love You
quinta-feira, 17 de outubro de 2024
KASEEM RYAN, a.k.a. KA (1972-2024)
segunda-feira, 14 de outubro de 2024
Não mateis a iguana (Karen Blixen)
Objecto complexíssimo, poliédrico, sem dúvida com os seus momentos problemáticos (racistas e xenófobos, naturalmente; “especistas”, também), a todo o momento contrariados por passagens de uma clarividência e humanismo (panteísmo mesmo, na relação com a natureza) extraordinários. Livro, obviamente, para deitar à fogueira pelos prosélitos actualmente de serviço, o que, pelos dias que correm, é, em alguns casos como este, um forte indiciador de se estar perante uma obra-prima (a propósito, a relação amorosa que celebrizou o filme nunca é sequer enunciada explicitamente e as primeiras alusões ao assunto aparecem no último terço do livro).
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"Uma vez disparei sobre uma iguana, pois pensei poder fazer coisas bonitas com a pele. Mas aconteceu uma coisa estranha e que nunca mais me esqueci. Quando me aproximei do animal, que jazia morto sobre a sua pedra (...), adquiriu uma tonalidade desbotada e pálida, como se toda a cor se desprendesse do seu corpo, qual longo suspiro e, no momento em que lhe toquei, já estava cinzento e baço como um pedaço de cimento. Era o sangue vivo e impetuoso que pulsava no interior do animal a irradiar todo aquele brilho e esplendor. Agora que a chama se extinguira, a iguana era tão descolorida quanto um saco de areia.