"Dennis era um jovem mais de sensibilidade que de sentimento. Vivera vinte e oito anos a distância da violência, mas pertencia a uma geração que gozara por procuração uma intimidade com a morte. Nunca, com efeito, vira um cadáver até essa manhã em que, regressando cansado do serviço nocturno, encontrara o seu hospedeiro pendendo do vigamento. O espectáculo fora brutal e momentaneamente impressionante; mas a razão aceitou o facto como parte da ordem estabelecida.
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O seu derradeiro assomo de vaidade era que dissessem dele: - É um rapaz de outro tempo... (...) Tinha de si próprio sempre a ideia do que momentaneamente era, ruminava gostamente as várias excelências e inchava.
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- Pois agora houve mudanças de políticas. Só fazemos filmes sadios este ano, para agradar à Liga da Decência. (...) - Ah - disse ele -, filmes sadios. Isso é comigo. Ainda no Clube dos Bons Garfos eu afirmei: «Sempre me guiei por dois princípios na vida de cinema: nunca fazer diante da objectiva o que não faríamos em casa e nunca fazer em casa o que não faríamos perante a objectiva».
(O Ente Querido, Evelyn Waugh)
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