sábado, 12 de março de 2016

depressão


(Merrily We Go To Hell, 1932, Dorothy Arzner)


A certa altura do filme, fala-se em "depressão" como coisa ancestralmente ligada à desilusão amorosa. Nesse momento, ouve-se uma personagem dizer, muito espirituosamente, que uma bela depressão é aquela que Sylvia Sidney tem nas costas (é, para mim, a mais doce e mais bonita das actrizes de Hollywood dessas décadas, de tal forma que sempre preferi não investigar muito sobre a sua vida para não lidar com a provável postura de diva arrogante na "vida real"). Podia ter sido o Lubitsch a filmar esta cena, mas não, o touch, aqui, é mesmo de uma mulher, uma das raras realizadoras a filmar durante a golden age de Hollywood. É essa depressão, elegantíssima como tudo o que existe em Sidney, que se vê na imagem acima. E o que Dorothy Arzner faz com a luz e a sombra nessa depressãozinha (olhem, olhem outra vez), nessa covinha de pureza e carnalidade, é algo tão comovedor como o que Fritz Lang fez com a mesma Sidney nesta cena (aos 10 minutos e 5 segundos).

Sem comentários: