quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

2025 - DISCOS


Os meus discos de 2025. Abaixo uma pequena consideração. A minha canção (e vídeo) do ano não entra nestas contas, porque é do meu irmão e do seu novo álbum Corta as asas pavão, voa! (ouvir). A todos umas Boas Festas e Bons Grooves!

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Lembro-me de uma conversa com o então editor do Ípsilon em que eu lhe contava, muito surpreendido, sobre o facto de um determinado crítico ter deixado pura e simplesmente de escrever havia já muitos anos. Na altura, parecia-me algo da ordem do inconcebível. De que forma uma paixão (pela música, por escrever sobre música) pode arrefecer (desaparecer?)? Sempre que me perguntam pela razão para nos últimos tempos (na verdade, nos últimos dois anos) escrever tão pouco sobre música (no Público), fico sem saber exactamente como responder. Efeito de saturação natural ao fim de tantos anos?... "Não estás a acompanhar?". Sempre. Os meus dias são, desde os 18, 19 anos, a mesma altura pela qual comecei a escrever em blogs e afins, passados a descobrir discos atrás de discos, por épocas, estéticas, autores. E as novidades. O certo é que nos últimos anos não tenho encontrado, com raríssimas excepções, discos que me agarrem pelos colarinhos, me agitem ou sacudam, que me convoquem irresistivelmente para os pensar, explorar, questionar (sendo tal qualidade relativamente independente da circunstância de se "gostar" mais ou menos dos mesmos). Ou, simplesmente, com os quais quero passar muitas horas, repetidamente. Nunca escrevi por obrigação (o que é um privilégio, bem sei), nunca escrevi por escrever, nunca escrevi para fazer número (em quantidade e em protagonismo; embora hoje quem queira protagonismo já nem precise, até porque dá trabalho, de escrever ou alinhar duas ideias com alguma profundidade, basta criar um "podcast"). Sempre que sinto - na música, no cinema ou noutro campo - que não tenho nada de pessoal para dizer sobre um determinado objecto, não digo; calo-me. Os anos passam e eu certamente estou diferente (mais velho, também, o que se reflecte no tipo de objectos e mundividências com que posso estabelecer uma relação); a música está diferente (pelo menos parte dela; coisas inenarráveis que agora encontram validação simplesmente pelo facto de fazerem "visualizações"); e, não menos importante, a crítica e o jornalismo musical, que já não têm pudor em se balizarem e aludirem explicitamente ao número de streams e visualizações como chancela de alguma coisa, ou que não hesitam em adjectivar de "génio" e "incrível" tudo o que mexe (sobretudo artistas com quem mantêm relações de promiscuidade à vista de tudo e todos; old business, bem sei, mas agora é à descarada nas redes sociais), também são outros, e dos quais eu não me podia sentir mais distante. Por agora, as coisas estão assim. Mas… we’ve got the jazz, we’ve got the jazz…

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