segunda-feira, 25 de abril de 2011

25 de Abril

Sempre.

Por José Couto Nogueira, no jornal "i", 23 de Abril (http://www.ionline.pt/conteudo/118948-otelo-tragedia).

"(...) E lá veio ele [Otelo Saraiva de Carvalho], para celebrar o 37.o ano de la revolución, dizer que está arrependido, uma enormidade. Que se soubesse que dava "nisto" não a teria feito. Falou como falam os que não conheceram o Estado Novo e pensam, ingénuos, que se agora é mau dantes só podia ser bom. Ele, conhecedor do antigamente, devia lembrar-se, como todos os que aturaram o antigo regime, que nada podia ser pior do que aquilo, nem sequer isto.

Não satisfeito, acrescentou que o país precisava era de um homem com a inteligência de Salazar. Que inteligência seria essa? A do retrógrado, pré-Revolução Francesa, que inventou uma economia baseada na miséria, no condicionamento industrial e na fixação dos preços? A do reaccionário, que desdenhava o debate, não suportava a crítica e não preparou a descolonização que se sabia inevitável desde Bandung, 1955?

Cada vez mais, com um despudor cada vez maior, se ouvem vozes a dizer estas coisas. Basicamente, as mesmas queixas que tornaram possível um Salazar - bandalheira, roubalheira, pseudodemocracia, a "ditadura dos partidos", bancarrota, pouca vergonha. E cada vez fica mais difícil, ou apetece menos, retrucar ao motorista de táxi retornado que diz aqueles chavões odiosos sobre a "traição da metrópole".

É verdade que uma constituição cheia de boa vontade, mas também de incongruências, permite esta "ditadura partidária", perniciosa porque os partidos estão plenos de ricardos e miguéis cheios de prosápia e vazios de vergonha, eleitos a martelo em listas enfiadas pelas goelas dos eleitores impotentes.

É verdade que o regime é dos espertos que ganham salários e prebendas pornográficas, ou fazem negócios inimagináveis, enquanto o vulgo oscila entre o desemprego, o precário e o nível salarial mais baixo da Europa.

Mas também é verdade que o analfabetismo recuou formidavelmente, a saúde melhorou astronomicamente e o nível de vida, ameaçado que esteja, não se compara aos níveis da outra senhora.

A justiça não funciona e não há corrupto que pague pelo que continua a fazer impunemente, mas os cidadãos são livres de invasões de domicílio a altas horas, de encontrões brutais por falar fora da cartilha, de prisões e degredos medievais.

Talvez a melhor maneira de apreciar o que temos seja imaginar como seria se não tivesse havido o 25 de Abril. Como estaríamos agora distantes da Europa, com passaportes que só dariam para ir a 12 países, com quatro anos de serviço militar obrigatório, com a indústria retrógrada, o ensino exclusivista e anquilosado, as conversas em família na televisão, a inquisição da moral e dos bons costumes, os livros proibidos, a verdade é só uma, o sr. dr. e a sua Excelência Meritíssima, manda quem pode e obedece quem deve. Os anos de chumbo a cobrir-nos ainda, como uma carapaça lúgubre e tenebrosa. As colónias em guerra permanente há 50 anos com todos os países limítrofes, agora apoiados pela China e pela África do Sul, com núcleos de colonos sitiados a precisar dos contingentes da metrópole para proteger petróleo e diamantes.

Não, Otelo não tem razão. Fez muito bem em fazer a Revolução e a Revolução era uma necessidade imperiosa. Descambou, é verdade. Não cumpriu, certamente. Mas não deve ser repudiada como uma vergonha. Deve, isso sim, é ser refeita, como um direito.

O que precisávamos era que os pequenos salazares se fossem de vez e a inteligência dos humanistas prevalecesse".

sexta-feira, 22 de abril de 2011

48



"48", de Susana Sousa Dias.

terça-feira, 19 de abril de 2011

quinta-feira, 7 de abril de 2011

música



"El Idioma De los Dioses", Nach.


"(...)
eres Ópera y Flamenco, eres todo lo que tengo y te amo,
mientras brotas entre las notas de un piano.
Y me desintegras pintando estas noches negras,
me alegras, me invades, me evades, alejas las tinieblas
y me resucitas siempre, nunca me mientes
eres el recipiente donde lágrimas se vierten.
Eres Tango y eres ritmo vives en do, re, mi, fa
impredecible compás cuando te vistes de Jazz,
llegas y me das ógixeno, mi único somnífero
si el mortífero estrés tensa mis músculos, discípulo
de tu inmensa maestría cuando no te conocía,
como podía vivir sin percibir tu melodía
fuiste mía y solo mía en mis horas de miseria,
compones la banda sonora de esta tragicomedia.
Tú reina entre mil reyes, cumbre de mis valles,
me levitas y asi evitas que tanto odio me ametralle
tú, si eres Hip-Hop muestras denuncia y carisma,
pero te vistes de clásica y sigues siendo la misma.
Eres tú, mi suerte, eres tú, tan fuerte, eres tú, tú, tan diferente
surges y de repente la vida olvida a la muerte.
Imposible de tenerte si naces de un pentagrama,
si el drama yace en mi cama me abres enormes ventanas,
tu llama jamás se apaga, luz de eterna juventud
cuando lloras punteando una guitarra de Blues.
Eres tú, la rabia sucia y rasgada de Kurt Cobain
el compromiso sincero de Marvin Gaye,
la grandeza de John Coltrane improvisando con el saxo,
la mirada niñada en los ojos de Michael Jackson.
Y es que tu son me sedujo, tu luz me dejo perplejo y caí,
reviví como el sol en forma de Soul aren be
bebí de tí el elixir y resistí los golpes,
si fui torpe encontre por fin mi norte, mi soporte.
Entre acordes de Mark Knopfler redobles de Hanckock Herbi,
de Vivaldi hasta Elvis, desde Verdi hasta Jack Berry.
Inmortales piezas musicales hacen que el tiempo se pare,
estallan como bombas provocando ondas letales
de esperanza, de aliento y vida, mi gran amiga
solo tu haces eficaces todas las frases que diga,
mi balanza, mi paz, mi druida, en la fatiga
solo tu haces realidad los sueños que yo persiga.
Y es que sin ti no hay destino, solo piedra y mil caminos,
sin ti, soy un mimo temblando en el camerino.
Pero tu acojes mis voces si me ves desorientado,
y bailas conmigo un Vals igual que dos enamorados.
Eres la llave inmortal que abre este mental presidio,
desde Tiste-tutanclan hasta el ójala de Silvion.
Envidio el poder que impones en canciones
despiertas mis emociones, con creaciones de Ennio Morricone.
Sensaciones sin control cuando eres Rock n Roll,
el erotismo de un bemol en la voz de Diana Krall
el solo de guitarra eléctrica que el silencio rompe,
la armónica que esconden las manos de Steve Wonder.
Te vi dónde todo acaba y Nada Sira con Black Sabbath
respiras vida con la calma que inspira Bob Dylan,
oscilas y posees a James Brown mueves su cuerpo,
junto a Freddy Mercury, Ray Charles jamás habrán muerto.
Y es cierto da igual que suenes con un arpa o un acai,
con la clase de Frank Sinatra o de Barry White.
Eres la métrica enigmática que envuelve mi ser y lo salva,
el idioma con el que los dioses hablan, eres música"