quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Moi Portugal!

Voltei do meu périplo pelo norte da Europa.
As lembranças são muitas e boas. Maravilhosas. Helsínquia será certamente um destino a considerar se um dia tiver oportunidade de estudar ou fazer investigação fora do país. Não queria caír no provincianismo fácil mas... custa não chegarmos à conclusão que, de facto, a Finlândia é um país onde "tudo funciona bem". Porque realmente funciona!
Por falta de tempo, não me foi possível fazer uma actualização mais frequente no blog. Por isso, agora, com calma, irei deixando por aqui algumas fotografias, estórias e pensamentos de 12 dias na terra onde o tempo frio e o calor humano se combinam de tal forma que a sensação de aconchego é muito, muito forte. Confuso, talvez... mas verdadeiro! Senti-o. Sempre.

Ikava sinua, Suomi...

Um abraço

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Até quarta!

Vou dar um salto à Suécia e já venho!

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Ainda o Kiasma




Vista para a estátua de Carl Gustaf Emil Mannerheim (militar, político e antigo Presidente da Finlândia). Nome muito importante no processo de libertação nacional.



Kiasma






Vista para o Parlamento



Katso!


Igreja Tuomiokirkko


Praça Senaatintori (vista de cima de Tuomiokirkko)


Tuomiokirkko por dentro


Entrada do Kiasma (Serralves x10). Projectado por Steven Holl


Kiasma

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Tervetuola Suomi!


Viva!

As primeiras impressões de uma viagem surgem normalmente quando damos os primeiros passos pelo lugar que nos irá acolher.
As minhas primeiras impressões foram outras e antes de chegar ao meu porto seguro. Viajar em lowcost tem as suas vantagens: além dos evidentes preços-pechincha, somos ainda poupados a certas coisas. Como segurança, por exemplo. Ou, pelo menos, à "segurança" que é operada nos vôos não-lowcost. Com efeito, a relação tempo de espera nos aeroportos-preço de uma viagem até à Finlândia não compensa a opção por Ryanairs, Easy Jets e coisas do género. Por isso mesmo a opção recaiu por uma companhia "normal". Como já não viajava há muito nestes tipo de companhias, qual foi o meu espanto quando me assaltaram. De alto a baixo. Literalmente. Primeiro foi a mochila. Depois o casaco. Depois o forro polar. Depois a camisola. Os headphones. A marmita. O cinto (!!). E, pecado dos pecados, trazia uma garrafa de água comigo. Inconcebível! É que se até 750 mililitros, a sede é tolerável, mais do que isso é... reprovável! E por isso proibido. Ora durante todo o assalto, o meu ar incrédulo e patético chocou os ladrões, que me revistavam com um evidente ar trocista. Afinal de contas, o possível criminoso ali era eu! Terminado este acto bárbaro, ainda estupefacto, vi serem-me devolvidos os meus pertences. Ao que parece, estavam totalmente "limpos". Deixaram-me então embarcar. Atordoado, arrastei-me de malas nas mãos, com as fraldas de fora, até à máquina voadora.
O fantasma das cuecas rotas chamado "terrorismo" está, de facto, em todo o lado. É-nos apresentado pelos senhores da "paz mundial", apodera-se calmamente dos nosso pensamentos e passa a passear tranquilamente nas nossas preocupações.

E aqui estou. Com uma temperatura que nos faz andar constantemente de pingo no nariz, joelhos a tremer e cara séria. Atenção: cara séria para os não acostumados. Os nativos, pelo contrário, enchumaçados até às orelhas, passeiam como nós na maioria do ano: bem-dispostos e descontráidos. Em Roma sê romano: assim o fiz. Gorro, luvas, cachecol, um sém-número de camisolas e dois bons pares de meia. Sinceramente, gosto deste tempo. Paradoxalmente, acaba por ser acolhedor.

Moi Moi!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

içando as velas

Venho só deixar uma nota de despedida.
Vou estar ausente por uns tempos, em expedição pela longínqua e fria Escandinávia. Mas como não sou egoísta, virei pontualmente partilhar algumas imagens e pensamentos. Para fazer um pouquinho de inveja também...
Não será desta que irei navegar pelo Bósforo, essa jornada ficará para depois. Mas terei pela frente os igualmente assombrosos mares do Norte e Báltico.

Terra à vista!

Um abraço

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Lorosae

A notícia das emboscadas feitas a Ramos Horta e Xanana Gusmão que acordou o mundo na segunda-feira chegou-me um pouco mais cedo. Era uma da manhã de segunda quando, às voltas com as partes quentes e frias da minha almofada, me virei de barriga para o ar e com os olhos muito abertos escutei o jornalista da Antena 1 que dava a notícia em primeira mão.
Timor Lorosae, ou Timor Leste, como preferirem, é um país cheio de dificuldades. Mas é também um país com excelentes recursos naturais, com apoios e, mais importante, com vontade e força de crescer, de andar para a frente. Há pois uma grande margem de progresso no no sentido de uma sociedade próspera, solidária e igualitária.
Depois de um percurso lento, penoso e sangrento rumo à independência e à liberdade, Timor é hoje um país que, não tendo a problemática da multiplicidade e conflitualidade tribal e religiosa que existe em numerosos países africanos, continua no entanto a estar dividido. A unicidade da nação continua a estar em causa. E porquê? Porque as sequelas das lutas de poder e interesses são muitas entre os vários antigos líderes dos movimentos clandestinos de oposição à ocupação opressora indonésia. E estão bem vivas. A transição democrática não conseguiu apagar ou contornar estas vicissitudes. E os líderes em causa não souberam, ou não quiseram, pôr de parte caprichos, ambições e querelas antigas e unirem-se em torno do que era fundamental para um país recém nascido: reconstrução, progresso e solidariedade. Por isso mesmo, há Alfredos Reinados e outros que tais. Por outro lado, os actores políticos são os mesmos da libertação. À excepção de alguns partidos e algumas novas caras, as grandes personagens da cena política são as mesmas. E o que isso pode constituir de positivo (experiência, conhecimento no terreno, etc.), tem também um inverso negativo. Neste caso, esse inverso são precisamente as querelas e os confrontos internos. E destes, uns saiem vencedores, outros não. E os que ficam de foram, acabam por desenvolver uma espécie de guerrilha política, assente na desobediência e ataques constantes ao poder político, do qual as tentativas de assassinato de Ramos-Horta e Xanana Gusmão são expoente máximo.
Por outro lado, as forças internacionais instaladas nas ruas de Díli também não souberam, a meu ver, colaborar da melhor forma com as instituições (ou parecido com isso) locais. Quantas vezes se ouvem queixas e gritos de revolta de quem se insurge contra a opressão da polícia australiana ou da ganância das multinacionais petrolíferas australianas, americanas e outras? Quanto à ONU, tem feito o que pode. Nem muito, nem pouco. Acorre aqui, acorre ali, não se conseguindo assumir verdadeira e activamente como elo de ligação entre o poder político timorense, as forças internacionais e o povo.
Xanana Gusmão é um dos meus heróis de infância. Desde que me lembro de acompanhar a causa timorense, por influência do meu pai, sempre admirei a nobreza, a rebeldia, a tenacidade e a vontade do actual Primeiro-Ministro de Timor. Hoje Xanana é um homem diferente. Ou se calhar, hoje é simplesmente um político. Será isso? É evidente que hoje não era de esperar, nem fazia sentido, que Xanana andasse andrajoso e com a barba por fazer de espingarda às costas. Não se trata disso. Mas hoje vejo um Xanana cansado, triste. Numa entrevista sua há já algum tempo para a Única, li as frases de alguém abatido, pouco motivado, e resignado com a burocracia e com o sistema. Sem ideias novas. Acho que o estado de coisas hoje em Timor-Leste passa também por este abatimento de Xanana.
Por sua vez, Ramos-Horta, actual PR, é o que hoje se chama de forma simpática e benevolente de moderado. Está na moda. Nunca percebi muito bem o que isto quer dizer. E mais confuso fico quando este adjectivo é quase sempre utilizado com uma conotação positiva ou meritória. Como se a moderação fosse o remédio para todos os males. Ramos-Horta, como bom "moderado" que é, tem pois dividido o seu tempo em pequenas querelas políticas internas (a mais visível foi com Mari Alkatiri), resultados pouco consistentes ou inexistentes para o povo timorense e ainda mantendo relações muito cordatas e abertas com as potências ocidentais. Coroou recentemente o seu status político recomendando Durão Barroso para Prémio Nobel da Paz... bem, só por estas palavras, quem podia ficar sem o seu Prémio Nobel da Paz era o próprio Ramos-Horta.
Apesar desta leitura pessimista, continuo a acreditar em Xanana e Ramos-Horta como homens capazes de fazer algo por Timor. Especialmente em Xanana, pela admiração que por ele nutro e pelo cargo que ocupa de PM (mais activo do que o de Ramos-Horta no sistema semi-presidencial timorense).
Ramos-Horta e Xanana continuam a ser a coluna mestra da democracia timorense e das suas instituições. Por tudo e mais alguma coisa. Por isso mesmo, temo que o sucesso das emboscadas perpretadas por Alfredo Reinado levaria a uma espiral de violência e instabilidade quase impossível de conter.
Espero que este acontecimento tenha precisamente o efeito contrário: acordar a democracia de Timor Lorosae e todos os agentes e instituições que ela envolve. Para que se vislumbre efectivamente um "sol nascente".

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Da Moral e Ética

A Sociedade Metro do Porto, em estreita colaboração com a Câmara Municipal do Porto, resolveu colocar uma lista de avisos para os utilizadores junto às portas do metro.
Não sei se esta afixação já é de há muito, mas eu só a vi recentemente. Ora quando o incauto trausente se decide a aguardar pela sua paragem encostado às portas de saída (civismo fica para depois), ou quando se prepara para saír no tão desejado destino, depara-se com um cartaz com as tais recomendações referidas. Ora entre elas, todas muito funcionais e úteis, encontra-se uma que diz qualquer coisa como isto: "Não dê dinheiro aos pedintes que se aglomeram nas escadas ou saída dos metros ". Corrijam-me se errado estou.
É de louvar.
Extraordinário este esforço benemérito levado a cabo por essa instituição chamada Sociedade Metro do Porto, tão atenta a esses maltrapilhos e indigentes que sujam o requinte das nossas estações metropolitanas e nos incomodam nas nossas tão ocupadas deambulações citadinas.
Snobismo, egoísmo, intromissão nas nossas condutas e vontades?
Eu chamo-lhe pura e simplesmente falta de vergonha.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Flutuando

O Bósforo é o estreito que liga o Mar Negro ao Mar de Mármara e marca o limite dos continentes asiático e europeu na Turquia.
Encontrei este nome num dos tesouros que o estreito esconde nas suas profundezas e que ali foi deixado certo dia por um turco chamado Orhan Pamuk: Os Jardins da Memória.

Divisões e correntes, agitações e marés: nas águas do Bósforo e aqui.
Porque a água é também um pouco como o Homem e como o Mundo: ora agitada, ora serena; ora soturna, ora luzidia; próxima e distante; transparente e turva; viva e melancólica; quente e fria;...

Este é o meu primeiro mergulho!

Francisco