terça-feira, 27 de novembro de 2012

a jura e o beijo



 "A jura e o beijo", com Luanda Cozetti (produção Sam the Kid), álbum Em Nosso Nome (2012). Sir Scratch. 

Novíssimo disco de Sir Scratch, um dos artistas mais interessantes do hip-hop português. Crítica work in process.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

a sensação do costume


Tout Va Bien (1972), Jean-Luc Godard.

Continuo a achar que 70% dos que escrevem sobre os filmes do Godard não compreendem 70% dos mesmos. Não quer isto dizer - desenganem-se se já achavam que eu me estava a dar ares - que eu os compreenda nessa mesma proporção . O que, de resto, é uma pena.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

um dia




Martha (1974), Rainer Werner Fassbinder.

Podem dizer aos senhores dos pacotinhos de açúcar fofinhos para acrescentar outra frasezinha ao espólio: "Um dia, escrevo um tratado sobre aquele plano do Fassbinder".

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

e não é só no cinema


Os Chapéus de Chuva de Cherburgo (1964), Jacques Demy.

sábado, 17 de novembro de 2012

Martha


Martha (1974), Rainer Werner Fassbinder.

"Given the hints here of this emotional bond on her part, there's something awry with her subsequent reaction to her father's death when she phones her mother from the German embassy: she's far more concerned with the theft of her bag, she veers wildly between outward calm and hysterical outbursts, and — most significantly perhaps — she cadges her first cigarette off an embassy official, that traditional cinematic image (think, as Fassbinder surely was doing, of all the male-female playing with cigarettes in old Hollywood films) of freedom and sexual promise.
(...)
Or there's the scene where Martha sits alone at home, listening to the music prescribed by Helmut, memorizing his engineering textbook, starts to light a cigarette and — suddenly realizing what she is doing — scurries off to the verandah. It's comic, but simultaneously horrifying too.
(...)
Not that Martha's submission is complete. Accommodations to Helmut's program (and his violent sexuality) alternate with hysterical acts of resistance, acts that by the end of the film have spilled over into paranoiac fantasy. There's a question mark over how "real" the man who disconnects the phone may be, especially as, in retrospect, it would appear that his appearance in the park with Helmut, which we experience with — and through — Martha, does not in fact take place. Certainly it is clear that in the climactic car crash at the end of the film Martha is completely fantasizing that Helmut is in the pursuing car behind".

Ian Johnston, "Martha, Interrupted", in Bright Lights Film Journal.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Há mar e mar, há ir e voltar



Hoje, amanhã e sábado, realiza-se, na Faculdade de Direito da UP, a conferência internacional 30 anos da assinatura da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar: protecção do ambiente e o futuro do Direito do Mar, a cuja organização me encontro ligado.
 
Fica o convite aos interessados e curiosos pelas matérias tratadas - o programa completo pode ser consultado ali.

regresso ao futuro (2)



Depois da entrevista, a crítica a Regresso ao Futuro (2012, Meifumado Fonogramas), o último disco dos Mind da Gap - bom proveito.

sábado, 10 de novembro de 2012

uma música para todas as estações

If summer breaks your heart, don't wait for winter.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

dois anúncios

Mal escrevi o último post, senti que tinha duas coisas a anunciar. A primeira é a de que este blog é, com uma valente dose de certeza, um dos maiores amontoados que por aí anda contendo coisas (repito, "coisas") desconexas, incoerentes, desprezando qualquer linha editorial (todo o blog(ger) que se preze tem uma). A segunda é a de que, feliz ou infelizmente (estou a inclinar-me para a segunda, muito sinceramente), nada há a fazer quanto a isto.

mudar de vida

Resolveu muitas angústias na sua vida quando baniu o termo "normal" do seu vocabulário e o substituiu por "natural". E isso porque, como se sabe, para os que carregam cruzes, a bondade associada à pureza e inevitabilidade da natureza sempre primou sobre qualquer (artificial) conceito construído socialmente, isto é, pelos homens.

J'ai dit extra extra larges?



"Hip-Hop?" (com The Procussions), álbum 73 Touches" (2005). Hocus Pocus.
Teledisco realizado por Arthur King.

Os Hocus Pocus são franceses e tocam hip-hop, jazz, soul, funk, etc. Também são boas pessoas.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

apaixonou-se por ele

Apaixonou-se por ele porque, quando o ouvia falar, com ela ou com outras pessoas (e como gostava de o ouvir falar com outras pessoas), sentia que não compreendia totalmente o que dizia, que não alcançava o sentido último e particular das suas ideias. Sofria com ele quando o via desesperar por não conseguir explicar o que pensava a alguém, e, nesses instantes, imaginava como lhe saberia bem pousar a sua mão sobre a dele.
Passado pouco tempo, concluiu que a atracção pelos homens se lhe tinha revelado sob a forma da impossibilidade da comunicação plena. O seu amor por ele era, portanto, o fascínio pelo mistério da linguagem, pela dificuldade e esforço em fazer dela a correia de transmissão das ideias. Claro que também o considerava um homem bonito, mas isso só relevava, ou relevava sobretudo, na exacta medida em que acentuava essa incapacidade, terna e rebelde, em se fazer compreender: por exemplo, quando baixava a cabeça e passava os dedos pelo cabelo, fazendo-os descer pela nuca e pelo pescoço até chegar à barba que lhe cobria o queixo.

domingo, 4 de novembro de 2012

regresso ao futuro



Hora e meia de conversa com aqueles que foram os pioneiros a fazer hip-hop em Portugal e em português - os Mind da Gap. Uma entrevista com um significado muito especial, ou não tivessem sido eles a proporcionar-me esse momento feérico em que o meu mundo, protegido e calculado até então, levou um abanão (hoje, dir-se-ia qualquer coisa como um "choque multicultural").
O pretexto foi o seu novo álbum (Regresso ao Futuro), mas a coisa estendeu-se, e muito, como era de prever. É tudo conferível ali.

"Há um dado prévio a esta entrevista que não podemos deixar de assinalar. O nosso primeiro contacto, feérico e chocante, com o hip-hop, aí com uns 12 ou 13 anos, coincide com o primeiro contacto com os Mind da Gap (MDG), mais precisamente com um concerto seu. Ou seja, no momento da criação do mundo, foram os beats austeros (hoje, muito mais melífluos) de Serial e as rimas lúcidas e destemidas de Serial e Presto que nos mergulharam num género musical (numa cultura ou movimento, para os mais militantes) pelo qual nos apaixonámos, por mais que Portugal fosse, à data, um País perfeitamente ignorante em relação a uma cultura que, nos EUA, já tinha ganho o respeito da comunidade artística, circunstância que, muitas das vezes, nos fez sentir um alien entre semelhantes. Vê-los chegar à entrevista exactamente com o mesmo aparato (as roupas largas, entretanto trocadas pela moda hipsterindie e não sei o que mais) com que os vimos nesse remoto concerto é motivo para acreditar que, afinal, essa coisa da “integridade artística” talvez exista mesmo".

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

uma comparação possível

O amor é, por esta altura, como o pós-modernismo: as grandes narrativas esmoreceram e o que se procura é redescobrir, sem resvalar em arcaísmos, as tradições e os gestos frugais, puros.