domingo, 31 de dezembro de 2017

dois mil e dezoito


(Un mauvais fils, 1980, Claude Sautet)

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

sim, vou passar ao meu marido, ele explica-lhe melhor, e disseste-o, porquê, esqueceste-te, hábito?, sim, hábito, provavelmente algum afecto remoto, ou ainda com todo o afecto, são aquelas coisas que ficam incrustadas no subconsciente, é o que dizem os filósofos, ou os médicos, ou seja, que se tornam parte de nós, mesmo que, espera, mesmo que já não sejam parte de nós? sim, não, a palavra é uma coisa, a ideia é outra, o afecto diferente das duas. disseste-o: ao meu

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

ípsilon - Roy Woods e Sp Deville




O Ípsilon da última sexta faz um excelente balanço-reflexão de 2017. Não deixar de ler!
Nos discos, escrevo sobre "Say Less" de Roy Woods e "Black Gipsy" de Sp Deville, ambos nas minhas escolhas deste ano (http://obosforo.blogspot.pt/2017/12/2017-discos.html?m=1).

Boas leituras!

Roy Woods: https://www.publico.pt/2017/12/23/culturaipsilon/critica/made-in-toronto-1796558

Sp Deville: https://www.publico.pt/2017/12/22/culturaipsilon/critica/o-homem-dos-descobrimentos-sonicos-1796560

2017 - CINEMA



Já foram revelados os filmes de 2017 que mais tocaram os corações-cabeças (ou cabeças-corações?) dos colaboradores do À pala de Walsh e respetivas anotações sobre essas escolhas.

Podem ler aqui: http://www.apaladewalsh.com/2017/12/os-melhores-filmes-de-2017/

O meu ano de 2017 (COMMERCIAL SCREENINGS IN PORTUGAL ONLY):
1. Paterson, Jim Jarmusch
2. Manchester by the Sea, Kenneth Lonergan
3. Rester Vertical, Alain Guiraudie
4. A Fábrica de Nada, Pedro Pinho
5. Get Out, Jordan Peele
6. Moonlight, Barry Jenkins
7. Personal Shopper, Olivier Assayas
8. Split, M. Night Shyamalan
9. Lumière! L’aventure commence, Thierry Frémaux
10. Fátima, João Canijo

- New feature in 2017 I loved the most: Dragonfly Eyes, Xu Bing
- New short in 2017 I loved the most: She’s Beyond Me, Toru Takano
- New feature co-directed with Catarina David in 2017 I loved the most: Não Consegues Criar O Mundo Duas Vezes 

... the difference between a woman and a man (entre a Palestina e Israel?)







(Notre musique, 2004, JLG)

Sirk... Fassbinder... Action!





(All That Heaven Allows, 1955, DS / Lola, 1981, RF / Wonder Wheel, 2017, WA)


Notas soltas:

1. Um pormaior: no filme do Sirk e do Allen, a mulher protagonista é captada, na grande maioria das variações cromáticas, sob tons azuis (uma das grandes excepções está na imagem acima, em que tanto a Jane Wyman como a Winslet estão "avermelhadas"), pois ambas estão/são "blue", claro; pelo contrário, no "Lola", a Barbara Sukowa é quase sempre - para não dizer sempre - captada sob tons vermelhos. Talvez - ou sem dúvida - porque esta última tem a força, a determinação, o Poder (é disto que falam, afinal, todos os filmes do Fassbinder) que as outras - mais constristadas, derrotadas, "acabadas" - não têm. O Desejo percorre os três filmes, mas Lola é a única mulher que não o reprime, daí o vermelho desenfreado, tórrido, enfim, "saturado" - o psicológico (da composição das personagens) e o plástico (da luz) a coincidirem. Resta saber (não me recordo) se, nestas cenas acima dos filmes do Sirk e do Allen, as mesmas não correspondem a momentos pontualmente fortes, "de poder", das personagens (eventual justificação, então, para o vermelho).

2.  Outro exemplo com interesse para aqui: "Il mistero di Oberwald", visto há pouco. As variações cromáticas são ainda maiores e, tudo leva a crer, menos esquemáticas - elas "afectam" mais personagens (não apenas as principais) e, mesmo em relação a cada uma delas, há alterações ("variações de variações", então) durante o próprio filme. Aqui, numa das cenas iniciais, a Vitti está "blue", em todos os sentidos (existencialmente prostrada; romanticamente “morta”; o fantasma do marido, morto há 10 anos e cuja data ela celebra num jantar impossível a dois com o retrato dele como presença espectral). Mulher “blue”, mas de um azul complexo, aguado, talvez: melancólica, mas simultaneamente dura e intratável no relacionamento pessoal com terceiros – e, não obstante, prestes a ser devorada pela conspiração tecida pela sua sogra e o Conde (chefe das polícias do reino). Com o desenrolar do filme, não só Vitti vai crescer e fortalecer-se emocionalmente, como enrijecer a sua posição na decisão dos destinos da coroa – e, por isso, não a vemos nunca mais, salvo erro, sob filtro azul (não me recordo, porém, se outra cor, eventualmente o vermelho, lhe será colado)... Até que morrerá numa cena inegavelmente evocativa do “Rancho Notorious” (e, claro, de Shakespeare e “Romeu e Julieta").

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

2017 - DISCOS

 
 
Como escrevi numa lista de filmes de 2017 (a publicar em breve), e adultero agora para o efeito, estas seriações, se forem importantes para alguém, são-no, acima de tudo, para nós próprios, nós que mapeamos grande parte dos nossos afectos, relações e memórias, enfim, que relacionamos aquilo que nos aconteceu durante o ano (durante a vida…) com os discos que ouvimos. Não são "os melhores discos do ano" (isso interessa-me tanto como os livros recomendados pelo Mark Zuckerberg); são os discos do meu ano.
 
Sobre aqueles que escrevi, deixo o link.
 
1. "The Iceberg", Oddisee (https://www.publico.pt/…/criti…/o-prodigioso-oddisee-1764297)
2. “Yesterday’s Gone”, Loyle Carner (https://www.publico.pt/…/decorem-este-nome-loyle-carner-176…)
3. “Boo Boo”, Toro y Moi (https://www.publico.pt/…/o-homem-no-espaco-prossegue-a-sua-…)
4. “ISON”, Sevdaliza / “DAMN.”, Kendrick Lamar (http://www.rimasebatidas.pt/kendrick-lamar-damn/)
5. “H.E.R. Vol. 2”, H.E.R. / “Rap Album Two”, Jonwayne
6. “4:44”, Jay Z (https://www.publico.pt/…/para-jayz-a-idade-e-um-posto--de-o…) / “Dopp Hopp”, The Doppelgangaz (https://www.publico.pt/…/o-estranho-caso-dos-doppelgangaz-1…)
7. “Galanga Livre”, Rincon Sapiência / "Layla’s Wisdom”, Rapsody (https://www.publico.pt/…/cri…/young-gifted-and-black-1789943)
8. “Fitxadu”, Sara Tavares / “The Art of Slowing Down”, Slow J (https://www.publico.pt/…/demorar-para-misturar-melhor-17659…)
9. “Say Less”, Roy Woods / “Morning After”, dvsn (https://www.publico.pt/…/os-rapazes-do-rb-que-se-seguem-179…)
10. “Sonder Son”, Brent Fayaz / “Home”, Illa J (https://www.publico.pt/…/noti…/voz-para-que-te-quero-1777756)
 
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NÃO PERDER DE VISTA (SEM ORDEM):
 
"More Life", Drake (http://www.rimasebatidas.pt/drake-more-life/); All Amerikkkan Bada$$”, Joey Badass (https://www.publico.pt/…/a-amerikkka-radiografada-por-joey-…); “The Space Between”, Majid Jordan; “4eva Is a Mighty Long Time" (SEGUNDO DISCO), Big K.R.I.T.; “Stracciatella & Braggadocio”, Blasph; “Flower Boy”, Tyler, the Creator; “Blkswn”, Smino; “Freudian”, Daniel Caesar; “About Time”, Sabrina Claudio; “Cut Of Cloth”, Alexandria; “Black Gipsy”, Sp Deville; “Radio Silence”, Talib Kweli; “Fin”, Syd; “The Saga Continues”, Wu-Tang Clan; "Ctrl", SZA; "At What Cost", GoldLink; "The Never Ending Story", J.I.D..

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Na imprensa



Com o reboliço todo, esqueci-me de deixar aqui as duas entrevistas que demos a propósito do nosso filme Não Consegues Criar O Mundo Duas Vezes, uma para a Time Out (papel) e outra para o P3 (link: http://p3.publico.pt/cultura/filmes/24982/porque-o-rap-tambem-conta-historia-do-porto).


Novidades sobre o filme em breve!

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

love / work / night / day









Sauve qui peut (la vie), 1980, JLG

domingo, 10 de dezembro de 2017

close / open




(Prénom Carmen, 1983, JLG)

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

como dois ladrões







Il mistero di Oberwald, 1980, M.A.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Cinética - "O Animal Cordial"

 
 
Pousei a câmara e voltei a pegar na caneta - a versão completa do meu artigo sobre "O ANIMAL CORDIAL", filme da Gabriela Amaral Almeida que tive o prazer de ver este ano no Festival do Rio, foi publicada na Cinética, revista brasileira que acompanho há alguns anos e na qual tenho, por isso, um gosto especial em colaborar.
 
Distribuidoras portuguesas, para quando o filme em sala?
 
 
"Mas se as personagens não estão cientes dessa radical paridade ou nivelamento que o filme imprime ...ao espaço, elas acabam por ir sentindo isso 'na pele': como uma cebola, o filme vai-se descascando, ou melhor, vai 'descascando' progressivamente os dois protagonistas principais – paradigmática relação de poder entre patrão (Inácio) e empregada (Sara, num enorme desempenho de Luciana Paes) –, que, da indumentária convencional normatizada (ele de camisa, ela de farda), passam a estar nus, nada mais os distinguindo socialmente dali em diante. Os corpos vão-se desnudando à medida que as 'roupagens' simbólicas vão caindo, até à nudez total, como os homens das cavernas – o grau zero do relacionamento humano, livre de normas e convenções (de, apetece dizer, 'Boas Maneiras')".
 
 

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

With You


 
 
("With You", álbum Velvet Portraits, 2016, Terrace Martin)
 
 
"Let's be seen together / Loving each other"...

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Não Consegues Criar O Mundo Duas Vezes

 
 
O nosso filme - da Catarina, meu, João Almeida (mestre e milagreiro do som!), da Rita Macedo, Guilherme Silva, Inês David e Pedro Sancho Pires (captando e cortando vozes, ruídos e... aviões), do André Santos ("Não tenham medo do preto, cai bem no filme!" - grafismo, obrigado pela paciência!), do Eduardo Romão ("A incentivar os putos como mandam as leis", Dealema dixit) e do José Vaz (autor do lindo cartaz, mil obrigados pela paciência, foi muita, we know it) e da Moira Difelice (tradução do slang mais difícil e exigente à face da terra!) - teve direito a duas enchentes nos dias 30 Novembro 1 Dezembro no Cinema Passos Manuel, no festival Porto Post Doc.
 
Foram dois dias com o coração aos saltos - condizente com um filme que, para o bem e para o mal, foi feito com o coração. Qual cinema-de-guerrilha!, isto é cinema-de-coração... (não confundir com "decoração") - shout out para o rapper-na-sombra e irmão emprestado Pedro França, que foi ver o filme duas vezes (- "Que estás aqui a fazer?! Não viste o filme ontem??" - "Yup, vim ver outra vez"). À sua maneira, o França contrariou aquela ideia tola que dá título ao filme...
 
Agora vamos descansar, dançar, descansar, dançar, descansar, e, depois de tudo feito por esta ordem, daremos as próximas novidades sobre o filme!
 
Respect

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

HOJE (22H) E AMANHÃ (19H) NO CINEMA PASSOS MANUEL @ Festival Porto/Post/Doc



Cartaz: José Vaz
 
ESTREIA HOJE 22h no Cinema Passos Manuel, seguido de after party (DJ set) com Ace (Mind Da Gap), Maze (Dealema) e Vítor Belanciano (jorn...alista Público). Filme repete amanhã às 19h, com Q&A no final.
 
Esperamos ver-vos a todos lá! Até já
 
“NÃO CONSEGUES CRIAR O MUNDO DUAS VEZES”, um filme de Catarina David e Francisco Noronha
Design e mistura de som: João Almeida
Edição de som: João Almeida, Rita Macedo, Pedro Sancho Pires
Captação de som: Guilherme Silva, Inês David, Pedro Sancho Pires
Grafismo: André Santos
Tradução: Moira Difelice
Design A Bunch of Kids: Eduardo Romão
 
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Film official poster's design: José Vaz
 
WORLD PREMIERE TODAY AT 10 PM AT CINEMA PASSOS MANUEL, with an after party (DJ set) conducted by Ace (Mind Da Gap), Maze (Dealema) and Vítor Belancano (journalist for Público). Tomorrow there will be another screening at 7 pm, with a Q&A in the end.
 
We can’t wait to see y’all there!
 
“NÃO CONSEGUES CRIAR O MUNDO DUAS VEZES” / “YOU CAN’T CREATE THE WORLD TWICE”, a film by Catarina David e Francisco Noronha
Sound design and re-recording mix: João Almeida
Sound editing: João Almeida, Rita Macedo, Pedro Sancho Pires
Sound recording: Guilherme Silva, Inês David, Pedro Sancho Pires
Graphic design: André Santos
Translation: Moira Difelice
Design A Bunch of Kids: Eduardo Romão

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Ípsilon - dvsn



No Ípsilon da sexta-feira passada, escrevo sobre "Morning After", o primeiro LP dos dvsn (depois do EP em 2016), R&B com um pé em 2017 e outro nos anos 90.

Para quem tem saudades da love song de Sisqo ou de Joe, é escutar aqui... Não deixar de ouvir, entre outras, "Mood", magnífica canção.


Link para artigo on-line: https://www.publico.pt/2017/11/26/culturaipsilon/critica/os-rapazes-do-rb-que-se-seguem-1793179

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Última sessão do ciclo À pala de Walsh - "Quem és tu, Cinema?"

 
 
Estes stills da Monica Vitti no L' Eclisse dizem muito do amour fou entre cineastas e críticos...
 
Esta terça-feira, às 21h30, no Teatro do Campo Alegre, encerramos em grande o ciclo Quem és tu, Cinema? (comemorativo dos 5 anos do site À pala de Walsh) com uma oportunidade raríssima para ver Je t’aime… moi non plus – Artistes et critiques (2004), documentário de Maria de Medeiros sobre a relação entre cineastas e a crítica.
 
Depois do filme, o João Araújo e eu estaremos à conversa com a Rita Barbosa (realizadora) e o Miguel Clara Vasconcelos (realizador). Contamos com todos! Até lá

domingo, 5 de novembro de 2017

dead or alive



(Brad's Status, 2017, Mike White)

"My son: he's here. We still have years together... We're still alive. I'm alive".

In The Beginning: Before The Heavens - no Ípsilon


No Ípsilon desta semana, escrevo sobre In The Beginning: Before The Heavens, o novo-velho-álbum dos grandes, enormes BLU & EXILE. Soul amazin'!
"Dez anos depois, este novo disco é o prolongamento comemorativo de Below The Heavens, no sentido em que o que aqui se encontra são as “sobras”, os b-sides que aí não entraram por limitações de espaço e que a dupla entendeu lançar agora no exacto estado em que foram gravadas, sem polimentos adicionais. Da capa de azul melancólico contrastante com o rosto sorridente de Blu do disco de 2007 passamos agora, curiosamente, para os tons esverdeados e pastel e um Blu de ar sério; de um lugar “abaixo do céu” (este entendido, à data, como o mainstream ao qual não desejavam pertencer), os californianos deslocam-se agora, como os próprios já referiram, não no espaço mas no tempo, para um mitológico 'antes dos céus e da terra'".

terça-feira, 31 de outubro de 2017

"Não Consegues Criar O Mundo Duas Vezes" - Estreia no festival Porto/Post/Doc

 
 
 
É com muito alegria que podemos dizer que o nosso documentário “Não Consegues Criar O Mundo Duas Vezes”, sobre a história e a memória do Rap do Porto, foi selec...cionado e terá estreia, em finais de Novembro, no Festival Porto/Post/Doc (27 Nov. a 3 Dez.), no Porto. Esperamos ver-vos a todos lá!
 
///
 
It is with great joy that we can reveal that our documentary “Não Consegues Criar O Mundo Duas Vezes” (“You Can’t Create The World Twice”), about the history and memory of Porto Rap culture, was selected for the official programme of Porto/Post/Doc Film Festival and will have its premiere by the end of November. We hope to see y’all there!

O VENTO LEVAR-NOS-Á


"Laila's Wisdom" - ípsilon


Ela tem "Rap" no nome, logo por aqui está (quase) tudo dito...
No Ípsilon da semana passada, escrevo sobre "Laila's Wisdom", o novo álbum da Rapsody. "Power up with the word / I got it from my God / He said a good shepherd don’t trip over what they heard".
 
 

Festival do Rio - Jornal de Letras

 
 
Do Rio não trouxe apenas - embora isso tenha sido o mais importante - gente boa no coração... Também trouxe palavras, frases, ideias. Algumas delas estão no meu texto de hoje no JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias, no qual faço a cobertura (a possível) do Festival do Rio l Rio de Janeiro Int'l Film Festival, e em que reflicto sobre a extensão e diversidade (exageradas) da programação e deixo elogios para "As Boas Maneiras" e "O Animal Cordial".
 
Alguns apontamentos também sobre o panorama internacional, nomeadamente, sobre os novos filmes de Hong Sang-soo, Abel Ferrara ou Sergei Loznitsa.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Texto Festival do Rio - "O Animal Cordial"



No âmbito da minha participação no Festival do Rio de Janeiro, através do Berlinale Talents, foi publicado o meu texto sobre um dos mais entusiasmantes filmes que por lá vi: O Animal Cordial, da Gabriela Amaral Almeida. Um obrigado ao Heitor Augusto pela rápida mas profícua troca de impressões. Salve!
Trata-se de uma versão editada e mais curta do texto original que publicarei noutro lugar nos próximos dias. Para já:
http://www.festivaldorio.com.br/br/noticias/explodir-com-o-mundo-para-comecar-um-novo

terça-feira, 17 de outubro de 2017

fantômes

Falaram-me dela. Quero dizer, falaram-me de ti. Disseram-me: ela, quero dizer, tu, que acha que tu és o amor da sua, quero dizer, da tua, vida, agora namora com um rapaz que acha que ela, isto é, tu, é, digo, és, o amor da vida dele.

De outra forma (inversamente? reflexamente?), isto é o mesmo que ouvi ontem n' "Os Fantasmas de Ismael" (fantasmas, nem de propósito...) do Desplechin: "Eu queria separar-me dela, ela queria separar-se de mim, simplesmente nunca o quisemos ao mesmo tempo".

O pior é que, se calhar, ela, quero dizer, tu, também era (é?), ou seja, eras (és?), o amor da minha vida. Sim, se calhar; e, com toda a certeza, também nunca o sentimos ao mesmo tempo. E agora: que é feito de nós, quero dizer, de ti e de mim?


(Como é possível a Cotillard não parar de ficar cada vez mais bonita?)

domingo, 15 de outubro de 2017

massa



Estive no Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro, ao abrigo do programa Talent Press Rio (https://www.goethe.de/ins/br/pt/kul/blo/est/21028767.html). Em breve, deixarei aqui alguns textos.

Não foi bom, não foi fantástico, nem "fixe" foi... Foi massa.

Obrigado, Ana Paula, Seymon, Heitor e todos os meus maravilhosos colegas com quem tive o gosto de passar estes dias. No coração. 

sábado, 14 de outubro de 2017

Voltar ao lugar onde fomos felizes: 20 anos de "Sem Cerimónias"



Em trânsito do Rio de Janeiro, só agora deixo aqui o artigo que escrevi no Ípsilon da semana passada sobre os 20 anos de um dos discos da minha vida: "Sem Cerimónias", dos Mind Da Gap.

Também on-line aqui: https://www.publico.pt/2017/10/07/culturaipsilon/noticia/voltar-ao-lugar-onde-fomos-felizes-20-anos-de-sem-cerimonias-1787379

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Pete Rock & C.L. Smooth



Artigo que escrevi ontem para o PÚBLICO a propósito do concerto - que foi efectivamente histórico - no Plano B... Down with the kings!

Entrevista para a SÁBADO


Sou um dos entrevistados no artigo que a SÁBADO, pela mão do Gonçalo Oliveira, dedica esta semana ao hip-hop português. Texto por demais interessante para quem acompanha a música portuguesa, seja mais ou menos fã de rap.

Entre alguns dos momentos em que sou citado, lê-se, a certa altura, que “Agora quando não existe nenhuma [MENSAGEM], como muitas vezes acontece, faz-me alguma confusão”.

A frase está descontextualizada, como muito naturalmente acontece na edição deste tipo de... texto (extenso e com muitos entrevistados), e como, já agora, também me acontece quando entrevisto terceiros.

Portanto, antes de referir o que se lê acima, eu havia começado por dizer ao Gonçalo qualquer coisa como: “O rap não tem que ter ‘mensagem’ nenhuma. Não penso que nenhuma expressão artística esteja obrigada a ter uma ‘mensagem’, cada um é livre de fazer o que bem lhe apetecer. Isto, para mim, é muito claro. Podes ter vários tipos de discursos, vários tipos de ‘mensagens’, ou não, (…)” - e então, sim, a coisa depois segue como está em texto.

O que pretendo ali dizer é: “Agora quando não existe nenhuma IDEIA, DISCURSO, VISÃO PRÓPRIA SOBRE O MUNDO (qualquer que ela - visão - seja e quaisquer que sejam as formas que ele - mundo - tome), como muitas vezes acontece, faz-me alguma confusão” – e, aproveito também para limar agora, não me faz “alguma” confusão, faz-me muita. No rap, na soul, no funk, na poesia, no cinema, you name it.

Não esquecer: "I met this girl when I was 10 years old / And what I loved most she had so much soul..."

Já começou o ciclo 5 ANOS À PALA DE WALSH



Começámos na terça-feira passada e com casa esgotadíssima... Conversa por mim moderada com Eduardo Brito (realizador e argumentista) e João Sousa Cardoso (professor e artista).

Até à próxima semana!

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

sinistro rodoviário

Ela subiu, eu desci, "então vamos para casa", dois copos abruptamente abandonados no canto da rua a servirem de evidência ao acidente violento (quando conduzir, não beba, não é o que dizem, meu amor?). Uns passos abaixo e chega uma ambulância, sirenes, paramédicos, coletes amarelos, uma maca, mesmo a calhar: estou ferido, levem-me, adormeçam-me, acordem-me no dia seguinte com os meus pais e o meu irmão de cada lado da cama a reconfortar-me, "foi só um susto, Xico, já passou", sim, já passou, vamos para casa, quando posso sair daqui, Doutor?

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Era muito tarde, mas a manhã não vinha, e ainda bem porque nós continuávamos a querer a escuridão: com o mapa reflectido no ecrã do telefone, mostrámos um ao outro as ruas das casas onde crescemos com os nossos pais, as escolas onde tínhamos estudado, as cidades bonitas dos nossos países em que já estivéramos e, sobretudo, aquelas que não conhecíamos. Depois eu disse que estava cansado de falar em inglês, ela também, e voltámos àquele assunto da tarde: somos absolutamente os mesmos quando falamos noutra língua que não a nossa? Nunca tinha pensado nisso, respondeu ela, mas daqui a uns meses já vou ser exactamente eu mesma para ti.

domingo, 17 de setembro de 2017

again




I FOUND YOU AT THE WINDOW AGAIN
LOOKING OUT, WATCHING THE LEAVES FALLING IN
AND IT WAS SOMETHING LIKE A DREAM
SO PERFECT, COULDN'T TALK TO ME....

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Artigo no IndieWire

 
 
Ainda no rescaldo da minha participação na Locarno Critics Academy, foi publicado um texto meu no IndieWire, no qual, a partir de alguns dos filmes que vi no festival, procuro seguir o trilho de uma certa e contemporânea desconstrução do conceito convencional de "parentalidade".
 
O texto original não corresponde integralmente ao publicado - foi alterado pelo editor, mas, enfim, é o que é. Enjoy.
 
Para ler aqui (clicar).
 
"(...) the face as a body matter associated with our identity, provides a template for understanding who we are. On the other hand, it also triggers an interpersonal questioning: who am I within this affective circle called “family”? What duties or tasks do I have or am I supposed to carry out as a “mother” or as a “father”? More: What projections and cultural and symbolic representations are associated with those roles? Last but not least: What expectations do others have about those roles within family dynamics?"
 

terça-feira, 12 de setembro de 2017

lembro-te

"Hoje vi um casal a discutir. Lembrei-me de ti".

Hoje vi isto escrito numa parede e lembrei-me de ti.

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

lembra-me

Depois de fazermos amor, ela disse que tinha encontrado um homem. Que talvez se apaixonasse, se é que isso já não teria acontecido. Fiquei entusiasmado com essa possibilidade e, num misto de curiosidade e cinismo, perguntei-lhe: "A sério? Conseguiste mesmo voltar a sentir aquilo?".
 
Com as palmas das mãos nas coxas, ela respondeu: "Como é aquilo? Lembra-me...".
 
As luzes e as sombras dos anos que passaram - ou dos que passarão? - concentraram-se no seu rosto naquele momento, todos os princípios e todos os fins. A descrença, o entusiasmo comedido, a ilusão que deixou de o ser, o pragmatismo triste (mas optimista?) de que precisamos como pão para a boca.

domingo, 10 de setembro de 2017

eles comem tudo e não deixam nada



(The Patsy, 1964, Jerry Lewis)

Logo nas primeiras cenas de "THE PATSY”, o “ciclo biológico” processa-se abruptamente: da morte para a morte, sem passagens pelo meio, irónica transição num filme em que tanto se fala do “nascimento”, do “fazer nascer” uma estrela. A morte de um comediante famoso, momento com que o filme se inicia, propicia a reunião de emergência da sua equipa (produtor, argumentista, secretária), corja de interesseiros que, durante o seu sucesso em vida, foi sugando e aproveitando-se da sua fama e riqueza: a casa em Malibu, as viagens à Europa, a mansão em Palm Springs... O seu “plano de sobrevivência” é simples e não menos “vampiresco”: encontrar um zé-ninguém (“nobody” é o termo que usam) e fazer dele, custe o que custar, uma nova estrela, ou seja, um novo corpo de cujo sangue se possam alimentar daí em diante. Quando Jerry, moço de recados (bellboy, novamente; working class heroe, sempre) do hotel, entra em cena no seu estilo desajeitado e inconveniente, a corja imediatamente se apercebe de que está ali o alvo por que ansiavam, a sua nova mina de ouro (não por acaso, os fatos pretos, os tiques físicos e o fumo dos cigarros aproxima-os da figura de gangsters...).

 
Autênticos vampiros, dirigem-se, silenciosos e em passo de zombie, progressivamente até ao seu encontro, rodeando-o, intimidando-o, a sede de dinheiro já a fazer-lhes correr água na boca. E como a sede é tanta, apertam-no de tal forma que Jerry acaba por cair da varanda. A morte do famoso comediante que inicia o filme dá lugar, então - leva a -, à morte daquele que ainda não o chegou a ser e, com isso, ironicamente, à própria morte da "solução financeira" da grupeta. Claro que, no filme, Jerry não morre (aliás, a queda da varanda serve para fazer passar os créditos) e “volta à tona” porque aterra em cima de um trampolim – algo (o “trampolim”) que acabará por rimar com a última cena do filme, na qual Jerry, agora “encostado à parede” (ou à varanda) pela mulher por quem está apaixonado, finge novamente cair no abismo, para voltar, uns segundos depois, a entrar em cena: “It’s just a movie, see? I’m fine. The people in the theatre know I ain’t gonna die. Here, see, it’s a movie set…”.