domingo, 30 de junho de 2019

palavra d'honra / honrarei a palavra todo o santo dia

“- Durante esta época [1952, ano de ‘Rancho Notorious’], costumava ver, e ainda vê, muitos westerns?

Fritz Lang: Sim. Gosto muito de westerns. Possuem uma ética bastante simples e bastante necessária. É uma ética à qual já não prestamos tanta atenção porque a crítica é muito sofisticada. Querem ignorar que amar realmente uma mulher e lutar por ela é algo verdadeiramente necessário. Quando eu estava a preparar o ‘Tigre da Índia’, discutia com o meu guionista porque eu queria que o Maharadja dissesse: ‘Se me dá a sua palavra de honra, deixo-o livre no meu palácio’. E o guionista respondeu: ‘Mas, escuta, toda a gente se vai rir. O que vale uma palavra de honra hoje?’. Admito que isto é muito triste. (Risos) Não existe hoje nenhum contrato que eu ou o meu parceiro não possamos quebrar. De nada serve isso se eu escrever cem páginas, se ele se recusar a pagar-me o dinheiro, se tiver de ir a tribunal e isso durar cinco anos. É o mesmo para mim. Se eu me recuso a executar o meu contrato, ninguém pode forçar-me. Então, é idiota. Enquanto que, se eu me comprometo com a minha palavra de honra, isso dá-me vantagem. São ideias simples, primárias, que convém repetir para os jovens, que é preciso dizer todos os anos, porque a cada ano surge uma nova geração. Vi em Berlim um filme alemão contra a guerra. As críticas foram péssimas, alegando que o filme não trazia nada de original, que ele desenvolvia temas já velhos. Mas o que é que podemos dizer de novo sobre a guerra? O importante é repetir novamente, e de novo, e de novo”.

(entrevista por J. Domarchi e J. Rivette nos Cahiers, n. 99, Setembro 1959)

sexta-feira, 28 de junho de 2019






(La Collectionneuse, 1967, E. Rohmer)

sativa



(LP Trip, 2017)


é um daqueles (raros) casos em que o modo actualmente popular de ouvir música - telemóveis e portáteis com uma acústica de fazer corar de vergonha os velhinhos walkman e o meu primevo leitor de mp3 marca "Zippy" - faz um favor à canção, na medida em que lhe retira parcialmente a linha do baixo. de resto, mais uma prova de que a JA sabe fazer grandes malhas e maus discos.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

terça-feira, 25 de junho de 2019

you can have it




 
(LP Something Special, 1981)



"Has there ever come a time when you fell real nice
And you want to let someone know that you really appreciate them?
All you have to do is moan a little bit for me,
It goes something like this
Ooooh, ooooho, oooooh, oooooho"

sábado, 15 de junho de 2019

repasto a 4 mãos



No ípsilon de hoje, "Classe Crua", o há muito aguardado álbum que junta Sam The Kid e Beware Jack

"Num trabalho que é perpassado de uma ponta à outra pela ideia de mar e ondas, praia e correntes, apetece dizer que, como a onda que vem subindo e ganhando força à medida que se aproxima da costa (tal qual a ordem do alinhamento), o disco só verdadeiramente rebenta (a catarse, então) quando, enfim, BW põe de parte o registo ego trip e se permite a divagações de cariz mais introspectivo. Até os menos atentos se lembrarão do hoje autêntico hino do rap português “Não Percebes” (2001): “Do hip-hop cru e duro tu não és um puro ouvinte”; “Para toda a classe alta eu represento a chungaria / Para toda a classe baixa eu represento a simpatia”… Pois bem: em 2019, continuamos, felizmente, a ter hip-hop cru e duro, mas há muito que ele deixou de ser classista – o que empresta a "Classe Crua" a virtude adicional de se constituir num objecto de certo modo “pedagógico” quando a matriz cultural do hip-hop está, porventura mais do que nunca, descaracterizada e os mais novos crescem no equívoco de que ele se identifica exclusivamente com as patéticas estrelas do trap e do mumble rap".

Link: https://www.publico.pt/2019/06/12/culturaipsilon/critica/intermitente-repasto-4-mao-1875972

quinta-feira, 13 de junho de 2019

now that I found you



 

 
(LP From The Foundations, 1967)


terça-feira, 11 de junho de 2019

bom filho à casa torna, não é o que se diz? as dores de barriga que nunca ninguém soube explicar, que nos obrigavam a aumentar o volume do rádio ao impensável e, no limite do desespero, a parar o carro e sair para a rua por uns minutos, essas dores parecem ter-te subido pelo corpo, acompanhado o crescimento dos membros, instalaram-se na cabeça... moem o juízo, não é o que se diz. entranhas eram e entranhas continuam a ser. ó se moem. o pai que andava contigo para todo o lado está de novo com o seu bebé, embalando, atenuando-lhe as dores, a única diferença em quem agora conduz o carro. ciclos, não é o que se diz... também este terá o seu fim, voltarás, sem dares por isso, a colocar pedras no pão da professora, meu querido








(Dirty Harry, 1971, Don Siegel)

sexta-feira, 7 de junho de 2019

heart to heart




(LP Here Comes The Cowboy, 2019)


07-09-2018.

"Mac DeMarco recently stated in an interview with Entertainment Weekly that this track is a tribute to Mac Miller, who was a close friend of his. 'We had this strange history, and then we became really close, and I was going over to his place multiple times a week, up until the point that he passed away'".

 
"To all the days we were together...

To all the time we were apart
Of each other's lives, heart to heart
And so I had a late arrival
So we never saw the start
Of each other's lives, heart to heart"



you'll be waving, not drowning, my beloved


 
Not Waving, but Drowning - inscrição que, retirada de um doloroso poema da escritora inglesa Stevie Smith, não deixa de rimar com o título e o universo lírico do derradeiro álbum do malogrado Mac Miller, de quem Carner é geracionalmente muito próximo - esta sexta-feira no ípsilon e dia 11 de Julho no Alive.
 
 
“Dear Jean”, cantada por Carner e dedicada à mãe, tem, em “Dear Ben”, “palavreada” por esta última, o seu reverso: na primeira, o filho anuncia à mãe, em jeito epistolar, que irá sair de casa (literal e simbolicamente) para viver com a amada (“She's not behind me or behind you / But beside we and beside two (…) / So one night I'll be saying ‘I do’ / To a girl that can read my mind too”); na segunda, a mãe responde ao remetente: “I've watched you grow, from first kick, to first kiss / Watched you hold your own from boy to man (…) / As you stand firm, bare and bold, not afraid to walk alone [discreta referência ao hino do Liverpool de que Carner é um entusiasta adepto] / For I've gained a daughter / I've not lost a son”. Entre uma e outra (a principiar e a fechar o disco, tal como Yesterday’s Gone encerrava já com a mãe de Carner em modo versejador), a passagem do tempo, a vida que se vai fazendo, num diarístico e tocante registo que tanto traz à memória as confissões de Adrian Mole como o miúdo do Boyhood de Richard Linklater".

Link: https://www.publico.pt/2019/06/07/culturaipsilon/critica/velho-jovem-loyle-1874973

quinta-feira, 6 de junho de 2019

o bem

"Ayo, Mamma
Obrigado à vida que me deste
Ayo, Pappa
Eu sei bem o quanto tu sofreste

 
Lembro-me da minha cota
Sempre ter 'tado lá para mim
Vocês sabem que… Se me conhecem...
Ya, mas… A dica é tipo
Este sonho não é só meu
Sei que a minha mãe reza todos os dias por mim
E eu oiço e prezo
God is telling to me everyday
And he tells me that

O meu pai reza por mim, a minha mãe reza por mim
A minha irmã reza por mim, a minha avó reza por mim

And that's it boy…
Listen to the higher power!
 
Ouve quem pede o bem por ti
Pede o bem pelos outros
That's the motherfucking lesson, man…


(Antes de eu morrer, eu vou pôr-te a viver!)"


("À Vontade", ProfJam)


Porto, 6 de Junho de 2019.

terça-feira, 4 de junho de 2019



(The Favourite, 2018, Y. Lanthimos)

segunda-feira, 3 de junho de 2019









(Opening Night, 1977, J. Cassavetes)