quarta-feira, 15 de outubro de 2025

It Never Rains in Southern California


(LP It Never Rains in Southern California, Albert Hammond, 1972)

terça-feira, 14 de outubro de 2025



Como falar na “andersonização” de alguém que, depois de “Paul” e “Thomas”, já tem “Anderson” no nome? Explicitando, então: eis a wes-andersonização de Paul Thomas Anderson.

Como nos produtos em série de Wes, One Battle After Battle perfila-se como um objecto sem alma, algo particularmente inusitado depois desse portento lírico e juvenil que tinha sido Licorice Pizza. Personagens não existem; antes actores conhecidos a fazerem de actores conhecidos a fazerem algo engraçado numa colecção de cenas-vinhetas conclusivamente sinalizadas com a punchline da praxe. Colecção ou caderneta em que o cromo Di Caprio faz do actor conhecido Di Caprio a fazer de um stoner desengonçado e ex-resistente vagamente “anti-fascista”; Del Toro a fazer do actor conhecido Del Toro a fazer de um excêntrico sensei protector de imigrantes e desafortunados: Sean Penn a fazer do actor conhecido Sean Penn a fazer de um militar facho, homoerótico, obcecado por mulheres negras.
É uma figuração (literalmente, atenta a carência de dimensionalidade) que obedece a um protocolo de familiaridade com o espectador, um piscar-de-olho a solicitar que este reconheça e se reconheça: “Olha o Di Caprio! Olha o Del Toro! Olha o Sean Penn!”. Bonecos desenhados por quem sabe de antemão que o espectador vai clicar com eles, assim se "ganhando" a cena logo à partida.
Colateralmente, inusitada também a forma como se desperdiçam actores: Wood Harris, sim (o grande Avon Barksdale de The Wire), mas, sobretudo, Alana Haim (essa mesma, a de Licorice, e espectadores haverá que só agora tomem conhecimento da sua presença), que terá um ou dois escandalosos minutos de filme (se tanto). Para quê?

Cenas supérfluas, perfeitamente destacáveis umas das outras, que não estão a fazer nada senão servir o propósito do gag ou de número de stand-up: para que servem exactamente as cenas da ressurreição de Sean Penn, do seu gaseamento ou aqueloutra em que o hitman latino-americano tem um súbito remoque de consciência e se decide a matar os hitmans brancos e salvar a miúda? Isto para nos pouparmos à cena final da carta...

segunda-feira, 13 de outubro de 2025



Encontrei-me com The Wire em 2011. Nesse primeiro Verão depois de terminar o curso, as férias por Marrocos tiveram a companhia do seu fabuloso ensemble de actores todas as noites. Ao fim da terceira temporada, fiz uma pausa que, inesperadamente, durou até... este ano. Monumento da história da televisão a que só são equiparáveis Sopranos e, parcialmente, algumas peças de David Simon (The Deuce, Treme, Show Me a Hero).

A separação custa muito - a minha, deles, sim, mas sobretudo aquela que a vida fatalmente opera entre eles próprios. So long, kids... Para sempre no meu coração.


Quiçá o mais interessante em The Smashing Machine seja a forma inusitada, até desconcertante, como recusa conscientemente a grandiloquência (essa que Brady Corbet, contemporâneo de Safdie, não hesitaria em exercitar) num género de filme e de protagonista que a reclamam a todo o tempo. É deliberada a tomada de parte pela modéstia e pela simplicidade (aqui também entendida como produtora de verdade), o que, se pode frustrar e impregnar o filme de uma significativa superficialidade, não deixa de ser admirável enquanto gesto de contenção, avesso à ambição e à megalomania dramáticas (o que também possui a sua dose de alívio nos tempos hiperbólicos que vivemos). A escala é, irredutivelmente, humana - mesmo que o espectador até o possa desejar, o protagonista não será nunca, afinal, "bigger than life".

É disto paradigmático o modo como Safdie filma a passagem do seu protagonista pelo rehab: se a memória não me falha, dois, unicamente dois planos gerais do exterior da clínica de desintoxicação, um com Kerr a entrar, outro a sair. Cenas túrbidas de Kerr lutando com a "tentação" de reincidir nos opiáceos? Nenhuma, naturalmente.

Down For You


(LP Infinite, Mobb Deep, 2025)

Don’t Remind Me


(LP Pretty Idea, Amber Mark, 2025)

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Tradin' War Stories


(LP All Eyez On Me, 1996)

Hidden gems...

Now look at me, straight Outlaw Immortal
Never gave a fuck because I was nobody's daughter
Outlawing from my tits to my clits, don't try to figure
Because the murderous tendencies in my mind can't be controlled nigga
So who's the bigger, who's the quickest killer?

quarta-feira, 8 de outubro de 2025


Para quê a voz off em La Terra Trema?... Apenas o didactizando, fazendo-o refém da redundância... E logo num filme cuja découpage (enquadramento, escala e angulação, campos e contras, alguns movimentos de câmara) e (não-)actores estão tão, tão próximos do mudo (de Murnau aos soviéticos). Proximidade que, de resto, lhe empresta um lirismo - um "expressionismo", então - que vai subterraneamente, graciosamente, destabilizando a norma neo-realista.
Que filme seria o de Visconti apenas com intertítulos...

terça-feira, 7 de outubro de 2025

Nice To Each Other


(LP The Art of Loving, 2025)

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Man I Need


(LP Man I Need, Olivia Dean, 2025)

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Calm


(LP Cover Girl, 2025)

Vacancy


(single, Ari Lennox, 2025)

terça-feira, 30 de setembro de 2025

Cover Girl


(LP Cover Girl, 2025)

My Best Step


(LP Cover Girl, Lady Wray, 2025)

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Reportagem Senegal no Público


SENEGAL: SOB O FRONDOSO ABRAÇO DAS BAOBAB

Reportagem de último sábado no Público/Fugas: versão mais curta em papel, versão longa e dois textos adicionais no on-line. Texto e fotografias meus. Boas leituras! ;)


P.S.: Agradecimentos à minha querida amiga e companheira de viagem Sara Rego, que registou pacientemente por escrito algumas entradas do meu diário de bordo quando o cansaço falou mais alto.


*
Como o camaleão, totem de um dos seus ancestrais e resistentes povos animistas pré-colonização, o Senegal vai-se dissimulando entre o ocre e o verde, a aridez da planície e as húmidas montanhas, o areal e os labirínticos deltas fluviais...


LINKS:


terça-feira, 23 de setembro de 2025

l'avventura


Real and Innocent


(LP Beat Tape III, Benny Sings, 2025)


Are you looking for something
Something real and innocent
Nothing is certain
So there's nothing to regret

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Over


(LP Love Made Trees, 2025)