domingo, 25 de maio de 2008

Da clarividência (tardia e boazinha)

Julgamento das praxes: condenação histórica

Vamos!

6 comentários:

D. disse...

sinceramente, apenas está na praxe quem quer. sendo assim, para quem andar a arrastar processos destes em tribunal se ninguém é obrigado a fazer o que lhe mandam? é simplesmente ridículo...

Francisco disse...

Não, Daniela, não está só na praxe quem quer. E pensar isso é ser precisamente... praxístico. A Praxe tem uma estrutura e modo de funcionamento sobre os alunos que faz com que de facto não seja uma organização de livre escolha.
Porque se ao lado da praxe houvesse um grupo de pessoas que te recebessem como se recebe alguém recém chegado a qualquer lugar, eu duvido que alguém se quer pensasse em ir andar de joelhos para os pátios das faculdades. É uma dúvida rebatível, é certo. Mas eu tenho uma convicção profunda nela.
Portanto: eu não sou obrigado a rebolar-me em merda. Primeiro rebolo-me por gozo pessoal. Depois critico. É esta a livre escolha da praxe? Bela descaracterização do conceito de "liberdade de escolha", esta.
Permite-me: parece que o traje te mudou um pouco as ideias...

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

não faz muito sentido criticar a praxe por dar as suas boas vindas aos caloiros Francisco.
estás a lidar com as coisas pela negativa, com o intuito de prevalecer o teu ponto de vista pela subversão do outro, já reparaste?
todo o objectivo do processo legal da rapariga pode ser puramente legítimo, eu também acho que sim. mas daí a alimentar o anti-praxismo das pessoas, vai uma boa distância. eu estive na praxe, logo nenhum traje me fez mal, nem a própria praxe. não concordei com ela e saí, antes de me envolver mais.
fiquei com as minhas ideias negativas, fiquei também com as positivas, quanto mais não seja das pessoas que lá ficaram.
a única forma que eu vejo ser justa de tu, Francisco, protestares contra a praxe, é apostares nesse tal grupo de pessoas que recebe pessoas recém chegadas, e eu já te disse até que te apoiaria a 100% nisso, aliás, é até um projecto que eu estou a considerar criar para o ano e gostava de ter a tua opinião.
não posso é consentir nesse espírito anti, nem sequer numa vontade de diferenciação entre praxistas e não praxistas, que é algo que eu não corroboro.

Francisco disse...

Manel,

Não faz sentido criticar a praxe por quê? "Boas vindas"? Não sei como te costumam receber em locais novos, mas eu nunca fui esperado a porta de uma sala, encostado a umaa parrde, obrigado a olhar para o chão e a dizer um chorrilho de idiotices. Talvez os nossos conceitos de "boas vindas" sejam diferentes. É possível.
A "única" solução que tu enunciaste, folgo em informar-te, já vem sendo pensada há uns largos meses por mim e mais algumas pessoas.

Escrevi isto no teu blog aquando do teu famoso texto:
"Não me vou manifestar sobre a praxe, porque além de me tornar um chato do caraças, – admitindo que até agora fui o tal “moderado” que preconizei no início – já tive esta conversa tantas e tantas vezes que me deixou de suscitar qualquer chama. Isto não implica que pouse os braços ou abandone o palco da discussão. Mas acho que se chega a uma altura em que a teorética, neste campo, deixa de fazer sentido. E assim sendo, há que dar lugar à prática. Talvez para o ano fiquem a perceber um pouco melhor as minhas palavras. E não as tomem como ameaçadoras, incendiárias ou provocativas, mas apenas como um desejo de alguém que tem o direito de discordar e fazer coisas diferentes. E, aqui, arrisco falar em nome de muita gente".

Manel, sinceramente, acho que devias despir um pouco esse fato messiânico. E só digo isto porque te conheco, porque passei um ano inteiro a discutir contigo praxe e a ouvir de ti as coisas mais bacocas e nas quais nem acreditavas. E agora criticas.
Quanto ao "espírito anti", não sei o que possa ser isso. Sou anti-praxe com todas as letras, reafirmo-o. Quanto a espíritos, sempre preferi mover-me entre esferas mais temporais. :)
Só mais uma nota: nem eu nem quem é anti-praxe é anti-tradições académicas, como muitos querem fazer vêr. Trata-se de um mecanismo de ataque muito sujo, mas existe de facto. Se entenderem a tradição académica como aulas, exames, convívios, noitadas, grupos de teatro, tunas, desportos universitarios, etc, então eu sou 100% pró-tradições académicas.

Um abraço

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

Não é criticar a praxe que deixa de fazer sentido Francisco, é a própria atitude de estarmos a criticar as tais "boas-vindas", que se chama assim porque não há outra palavra para ela. e se isso não faz sentido para ti, faz muito para outra gente, tanto que são boas-vindas feitas e apoiadas pelos próprios estudantes.
e se agora critico, foi por ter experimentado," a experiência é a mãe de todas as coisas", e eu tive de experimentar para poder formar a minha opinião. como tu sabes muito bem, apesar de estarmos ambos no primeiro ano de faculdade de direito, tu és mais velho do que eu e levas avanço nestas coisas de faculdade e academia, logo eu tenho de aprender ainda, não me posso dar ao luxo de ouvir as tuas palestras sobre o assunto e ficar-me por elas.
e mesmo assim reconheço que esta minha opinião poderá ser modificada no futuro. chama-se isso aversão a ideias fixas, porque já diziam os gregos, uma pessoa com ideias fixas é um Idiota.
acho desgastante ter de te explicar isso, sinceramente até pensei que te ia agradar o facto de eu ter tomado esta experiência em mãos e ter formado a minha própria opinião, que por acaso é similar à tua, se bem que eu difiro de ti no aspecto do "messianismo", ou seja, no aspecto de ser... vá lá, de ser Jesus Cristo. Daí talvez as chagas nas minhas mãos e a estranha habilidade de multiplicar géneros alimentares, que é o que eu faço quando não ando de fato messiânico, (adoras chamar-me messiânico, eu adoro dizer-te que o sou, aliás, sou O Próprio Messias!) e tal como o último Messias eu "visto-me" com as minhas messianices.
já tinha ouvido esse teu projecto, dispõe de mim à vontade se achares que eu seria uma mais-valia para ele. senão, meu amigo, não fico ressentido.
eu, como já te disse, pensava em concretizá-lo com a tua ajuda, mas sem tomar a posição radical que tu ainda não conseguiste provar em contrário que é a que tu tomas, e em que te mostras disposto por tudo a atropelar a "praxe" para impor o "teu" modelo. isso não funciona assim. eu vou ser "messianicozinho" e dizer-te que prefiro apresentar aos alunos de primeiro ano um modelo diferente por onde escolher, uma alternativa melhor, porque é "concorrência perfeita", digamos, justa e limpa, que demorará o seu tempo, mas que me parece razoável.

e assim, para ficar ciente a minha posição em relação ao assunto, eu gostaria de discutir contigo isto, somente isto: "apresentar aos alunos de primeiro ano um modelo diferente por onde escolher, uma alternativa melhor, em sistema de pura "concorrência perfeita", digamos, justa e limpa, que demorará o seu tempo, mas que me parece razoável."
i rest my case :) boas*

Francisco disse...

Manel,

revelas um grave problema de compreensão. Já não sei se é voluntário ou se de facto não consegues mesmo atingir o alcance das minhas palavras.
Por uma última vez: eu não tomo nenhuma posição "radical", nem "atropelo" a praxe. Fica aqui o meu repto para que procures em algum texto meu indícios de tal ideia. Espero mesmo que o faças, caso contrário não fazes mais do que... distorcer as minhas palavras.
Eu não quero "impôr" nenhum "modelo". Até porque não o tenho e, quando algo for feito, será feito por mim e por outras pessoas, não na forma de um "modelo", mas apenas na forma de uma ideia e acto. Os modelos são para quem gosta de modelar, formatar. Ora se há coisa a que eu tenho aversão é precisamente à formatação praxística. Se aqui sou radical, é óbvio o motivo: sou anti-praxe. Mas insisto: uma coisa é ser radical na minha opinião quanto à praxe. Eu não acho que seja, mas prezo a tua fina sensibilidade. Outra coisa é actuar, e aí, repito, o que penso como forma de actuar nada tem de radical ou de imposição. Será uma hipótese como outra qualquer, a que quem se quiser juntar será recebido de braços abertos. Quem assim não o entender, está no seu pleno direito! É somente mais uma hipótese, coisa que até agora nunca houve.
Meu caro Manel, a única coisa pela qual eu gosto de te chamar é mesmo o teu nome, que até é o do meu querido pai. Até porque, lamento, foi a primeira vez que usei o termo "messiânico", pelo que te recomendo menos vanglória, por mais irónica e sarcástica que tente transparecer.
Espero que da próxima vez que tocares neste assunto tentes ser mais inteligente. Já nem falo em coerência, porque essa já ficou na gaveta há uns tempos.

Um abraço