Uma pessoa que há muito não vejo e com quem há muito não falo, adiciona-me no MSN com um email que não me permite uma identificação imediata. Primeiro, escreve: aposto que também não sabes quem sou!. Confirmo. Pergunto-lhe então quem é. A resposta (rápida) é esta (e só esta): sou do grupo das (e atira com uma série de nomes de pessoas que pressupõe serem do meu mundano conhecimento).
Divago sobre a forma, pobre e redutora, como alguém, para identificar a sua pessoa, faz uso da identidade de... outras pessoas. Terá tão pouco para dizer de si? Nem que sejam as coisas mais triviais que nos descrevem... (e que normalmente são até as que utilizamos num primeiro contacto...). Acabo por saber de quem se trata quando, de uma forma original (!), lhe pergunto se andou na faculdade comigo.
Apetece perguntar, como faziam os Gatos Fedorento em tempos idos: a senhora tem personalidade jurídica?
8 comentários:
As pessoas tendem a esquecer quem são. Um hábito terrível, a meu ver. Sempre gostei de ser eu mesmo, sem condicionantes externas dos "grupos". Lamento que haja quem se perca no meio de vivências sem nexo como as de alguns grupos, porque perdem uma grande parte de si mesmo. Este é um óptimo exemplo.
Olá!
Adicionaste um elemento fundamental ao texto. A necessidade grupal (os "grupos" de que falas) é por vezes de tal forma estupidificante que se acaba quase, por analogia, a vender a nossa pele a um grupo. Porque muitas vezes, creio, há também uma certa aspiração de promoção, status social.
Enfim, identificarmo-nos antes de tudo, connosco próprios, é coisa que não está fácil no dia de hoje.
A sociedade é asfixiante. Há uma imagem que se quer criar, uma imagem que venda; depois, todos os jovens pensam que têm de se enquadrar em algo preconcebido. Evidentemente, podemos estar mais vezes com um determinado conjunto de pessoas, mas é muito importante conhecermos diferentes realidades, gostos, opiniões. Lembro-me muitas vezes de um tema, dos poucos que retive de Filosofia, aquela mensagem de que nos construímos através dos outros. No entanto, temos uma personalidade própria à qual devemos dar algum relevo, senão seremos mais um produto de uma montagem em série. Haja originalidade e diferença. Ser do contra pode ser tão positivo. Podemos pertencer a "algo" e mantermos a nossa essência.
Permitam-me a intromissão.
Concordo com tudo o que disseram, mas em relação à conclusão do Vasco PS, penso que não podemos esquecer que ser do contra também pode servir de pretexto para a integração num determinado grupo. E também se conseguem formatar mentalidades para que se tornem do contra, não acham?
Boa chamada de atenção Francisco!
Voltarei com toda a certeza.
Txikia, concordo contigo. Muitas vezes ser do contra é uma forma de afirmação através de grupos. O que quis dizer é que, é bom ser do contra no sentido, contra alguns grupos. Eu sei que soa a confuso mas pronto. :)
PArece-me que nao faz sentido ser "contra" algum grupo. Aquilo que se define pelo seu oposto nao tem qualquer autonomia. Se A é anti-grupo-das-azuis, A padece de todos os vícios de que aqueles que pertencem a grupos - eventualmente - possam padecer. Ser do contra por ser do contra é tanto como ser do sim porque sim. Tem uma completa falta de sustentação.
Evidente.
Escrevi isto a propósito da praxe. Acho que serve os propósitos aqui debatidos:
"Anti-praxe não, porque, já dizia Ortega y Gasset, não há nada de mais pobre do que a criação de algo como antítese de outra. O nosso projecto nunca visaria ser anti-absolutamente-nada, pois quando se é anti-algo, a atitude é de sabotagem, difamação ou aniquilação. Atitudes a que nós nunca nos dispusemos; tão-somente pensamos em fazer algo nosso, com o qual nos identificamos, e colocar livremente à disposição dos recém-chegados. Ao contrário do que acontece por outras paragens, a nossa recepção seria apenas para quem quisesse, sem pressões e rostos ameaçadores".
Não ser "anti", mas sermos "nós". Acho que é esta a essência.
Um abraço.
concordo inteiramente. abraço
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