quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

À volta da mesa
somos todos sensíveis.
Com a luz artificial sob os olhos condoídos
que reclamam cobertores de cinderela,
somos todos sensíveis.
Empenhamos cada um
o seu álibi de carne e pão
e dizemo-nos sensíveis.
Falamos alto, iniciamos
e desistimos das palavras
com a mesma rapidez
com que damos mais uma dentada.
Mantemos, ainda assim, os mesmos
dois ou três tópicos de conversa,
que se vão alterando conforme a luz nos cega
mais ou menos os olhos.
Pagamos a conta dos sensíveis:
cinco pela carne e pelo pão
dois pela água
oito e meio pela tagarelice acossada.
é a mais cara mas aquela pela
qual queremos pagar mais rápido.
No fundo, vendemo-la. Só não
a damos porque ninguém a quer
oferecida.

Têm razão quando dizem que o dinheiro compra algumas coisas.

2 comentários:

mar disse...

E é que é mil verdade.

Francisco disse...

Olá! Se me permites a curiosidade: o que é mil verdade?... Que o dinheiro compra coisas como esta?