relação pessoal criada a partir daqui.
"É comum o espectador (e não apenas o espectador comum) ter o hábito de medir a qualidade de um filme pela maneira como se reconheceu nele, ou pelo modo como julgou ver nele um reflexo de si ou da sua vida. É uma tendência profundamente humana e ninguém está a salvo dela. Mas deve-se fazer um esforço para não confundir as coisas. É que às tantas é como um tipo chegar-se em frente ao espelho para fazer a barba e ter vontade de dar cinco estrelas. O que, convenhamos, seria um pouco disparatado.
Mas não desesperemos, toda a gente sabe que leva tempo. Jean-Marie Straub disse uma vez esta frase: "Levei 30 anos até conseguir ver um filme sem me pôr lá dentro". Não desesperemos".
2 comentários:
é uma boa verdade essa. se bem que um bom filme, na minha opinião, tem de ou arrebatar ou dizer-nos algo de tão retumbante quanto inegável, pelo menos para nós. como se fosse algo que soubéssemos desde sempre mas nunca tivéssemos conseguido expressar. e por isso aquele filme é eterno: porque já existia antes de nós em conceito e se a mensagem tiver força para durar mais que o tempo da visualização então é como um filme de culto que nunca é verdadeiramente esquecido.
não sei se era bem isto que o autor queria dizer com colocarmo-nos dentro do filme, mas o filme que conseguir colocar-me lá dentro, ou alapar-se a mim indefinidamente, só pode ser um bom filme :)
Eu por acaso não interpretei assim a ideia. O que me acontece a mim é, tal como o texto descreve, fazer uma transposição do filme, das suas história e vidas, para mim, para a minha personalidade, para a das pessoas que conheço, para os acontecimentos e dados simbólicos que sinto e conheço, enfim, para a minha vida quotidiana. E isso nem sempre é bom... Tenho que esperar mais uns quantos anos para perfazer os 30:)
Enviar um comentário