terça-feira, 10 de setembro de 2013

Walsh #2 - Crítica "Deep End" (Recuperados)


Deep End (1970), Jerzy Solimowski.

O meu segundo artigo (ali o primeiro) para o À Pala de Walsh já está on-line na rubrica Recuperados, onde tentei, de alguma forma, desempoeirar um filme tão singular como esquecido: Deep End (1970), do polaco Jerzy Skolimowski. Filme que, situado a meio caminho entre o fascínio e a interrogação crítica sobre o que foi isso dos anos 60 (a revolução sexual, a liberdade, a música dos Beatles e companhia, etc.), envelheceu só mesmo no passar dos anos.

Nesse olhar sobre a Inglaterra dos swinging sixties, há uma sequência que talvez simbolize, derradeiramente, a lente interrogadora e crítica do pintor Skolimowski (e se dizemos pintor não é por acaso, tamanha a importância da cor e das “pinceladas”, literalmente falando, que são dadas no filme, mas já lá iremos). Falamos da sequência – já perto do final do filme – em que Susan procura, desabridamente, com a ajuda de Mike, o anel de noivado que deixou cair num chão coberto de neve (um anel perdido na neve – só a imagem mental é arrebatadora). A ansiedade e o desespero de Susan em encontrar o anel chocam, com estrondo, nos ares dos tempos que Susan, de modo especialmente flagrante, encarna e se orgulha de transmitir aos homens (e são vários) com quem se relaciona: a libertação sexual, o amor livre, a libertinagem, enfim, o “why not?” elevado a novo santo-e-senha das relações sexuais.

(Excerto)

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